União Europeia Oportunidades de investimento levam a "ignorar problemas de direitos humanos"

13:14 - 19 de Maio de 2015
Oportunidades de investimento levam a ignorar problemas de direitos humanos


A organização não-governamental Human Rights Watch considera improvável que a União Europeia exerça pressão para pôr fim à crise dos imigrantes asiáticos devido aos seus interesses económicos, que a levam a "ignorar problemas de direitos humanos".
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Oportunidades de investimento levam a ignorar problemas de direitos humanos
Lusa
"O problema é que os países da UE olham para a Birmânia como uma grande oportunidade de investimento, como um lugar para fazer dinheiro, e têm ignorado os problemas de direitos humanos", disse à agência Lusa o diretor adjunto da Human Rights Watch (HRW) para a Ásia, Phil Robertson.
Para o responsável regional da organização internacional de defesa dos direitos humanos, no que toca à atuação da europeia, "há muitas coisas que vêm antes" dos valores humanitários.
"Não temos visto nenhuma mudança nas políticas da UE ou dos países membros de modo a serem mais firmes com a Birmânia", afirmou Phil Robertson.
Desde o início deste mês que várias embarcações precárias, vindas da Birmânia e Bangladesh, se têm aproximado das costas da Indonésia, Malásia e Tailândia, numa situação semelhante à crise migratória que está a acontecer no Mediterrâneo, mas a HRW não espera atos de compaixão.
Para o responsável, o Ocidente só tem dado maus exemplos à Ásia: "Se há um exemplo do Ocidente em que os asiáticos têm estado a pensar é o exemplo australiano. No último ano e meio a Austrália tem rejeitado barcos com migrantes que buscam asilo no país. Isso leva [os governos asiáticos] a concluírem que se a Austrália pode fazê-lo, eles também podem".
Estima-se que existam neste momento cerca de 8.000 pessoas em barcos no Mar de Andamão e no Estreito de Malaca, vindas da Birmânia e do Bangladesh. Os governos da Indonésia, Malásia e Tailândia têm recusado deixar as embarcações atracar, mesmo quando os ocupantes se encontram há semanas à deriva, muitas vezes sem alimentos ou água.
Em alguns casos, as pessoas foram autorizadas a desembarcar, como aconteceu a 10 de maio, em Langkawi, na Malásia, mas na maioria das situações, os governos têm apenas entregue mantimentos e combustível e ordenado que os barcos zarpem.
Parte desta crise deve-se à perseguição da minoria muçulmana rohingya na Birmânia e, em menor escala, no Bangladesh, que tem obrigado à fuga de milhares de pessoas.
Até ao início deste mês, os imigrantes entravam secretamente na Tailândia, onde eram entregues a redes de tráfico. No entanto, com a descoberta de vários corpos e a revelação de abusos, o Governo tailandês "decidiu bloquear as redes de tráfico", o que resultou nesta "acumulação" de imigrantes no mar.
"Houve uma repressão maior sobre as redes de traficantes e o encerramento dos campos onde as pessoas eram colocadas e agredidas antes de serem enviadas para a Malásia", explica Robertson.
Há quase duas semanas que os governos dos três países asiáticos fazem o que a HRW chama de "pingue-pongue de vidas humanas", empurrando as embarcações para as costas dos países vizinhos.
"Os governos estão a brincar ao jogo da batata quente, o primeiro a deixar cair a batata perde. Empurram a responsabilidade de uns para os outros, mas nenhum a assume. Os barcos vão continuar a deslocar-se entre as costas dos diferentes países até as pessoas não estarem vivas", alerta.
Para 29 de maio está marcada uma reunião regional na Tailândia para debater o problema. A Birmânia já anunciou que não vai comparecer.
"Esperamos que haja um acordo sobre o desembarque das pessoas. Não queremos que isso espere até ao dia 29, queremos que recebam proteção e total assistência humanitária de imediato", frisou Robertson.
Após esta resposta urgente, é preciso "decidir onde é que estas pessoas vão ser colocadas, se vão ser enviadas para um terceiro país, se vão ser enviadas de volta ao seu país, mas isso é secundário, primeiro temos de impedi-las de morrer em barcos", sublinhou o responsável.
Robertson não se mostra, no entanto, otimista, e lembra que há reuniões a acontecer entre ministros dos Negócios Estrangeiros sobre as quais pouco de sabe.
"Desejamos o melhor, mas esperamos o pior", lamentou.
O diretor adjunto da HRW para a Ásia prevê um desfecho negro para esta crise: "Receio que se não houver nenhum acordo entre os países, todas as pessoas nestes barcos irão morrer".
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