FMI defende novo resgate, perdão de dívida e mais tempo para a Grécia

FMI defende novo resgate, perdão de dívida e mais tempo para a Grécia

FMI defende novo resgate, perdão de dívida e mais tempo para a Grécia


Grécia precisa de mais 50 mil milhões nos próximos três anos. FMI diz ainda que Atenas precisa de um período de carência de 20 anos antes de começar a fazer pagamentos aos credores estrangeiros.
  • FMI diz que Grécia vai precisar de mais 50 mil milhões de euros
  • Nem Juncker nem Comissão Europeia vão "fazer campanha" no referendo
  • Varoufakis admite demissão do governo em caso de vitória do "sim" no referendo
  • BCE mantém bancos gregos ligados ao ventilador
  • Na montanha-russa grega, mas devagar

    FMI defende novo resgate, perdão de dívida e mais tempo para a Grécia

    por DN.pt e João Francisco Guerreiro com LUSA
    FMI defende novo resgate, perdão de dívida e mais tempo para a Grécia
    Fotografia © EPA/SIMELA PANTZARTZI
    Grécia precisa de mais 50 mil milhões nos próximos três anos. FMI diz ainda que Atenas precisa de um período de carência de 20 anos antes de começar a fazer pagamentos aos credores estrangeiros.
    A Grécia pode precisar de mais 50 mil milhões de euros em ajuda externa ao longo dos próximos três anos, alertou quinta-feira o Fundo Monetário Internacional (FMI). No relatório, o FMI admite que venha a ser necessário um alívio da dívida [ perdão de dívida ] para permitir que a economia recuperasse, recomendando aos credores que ofereçam à Grécia taxas de juro com desconto.
    De acordo com a instituição, mesmo que as políticas económicas gregas voltassem a cumprir as recomendações externas, a dívida não seria sustentável a não ser que os empréstimos europeus fossem prolongados - outras concessões seriam necessárias, como extensões dos prazos de devolução de prestações. O FMI reconhece mesmo que pode haver necessidade de uma redução da dívida em 30 por cento do PIB para que esta se torne sustentável.
    O FMI diz ainda que a Grécia deveria ter direito a um período de carência de 20 anos antes de começar a fazer pagamentos aos credores estrangeiros, sendo que as dívidas não ficariam saldadas antes de 2055.
    O FMI acrescenta, de acordo com o jornal Guardian, que só considerará novas propostas para um terceiro resgate à Grécia se estas incluírem um compromisso de reformar a economia grega e um projeto de alívio da dívida. O primeiro-ministro Alexis Tsipras já tem pedido que a dívida grega seja alvo de uma redução ou haircut desse tipo, tendo dito que só assim estaria disposto a introduzir novas medidas de austeridade.
    Tsipras já não aceita cortar da Defesa
    O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, sublinhou hoje que o seu Governo não aceitará cortes na despesa da Defesa, num recuo em relação ao que já tinha aceitado nas negociações com os credores internacionais.
    "Nem eu, nem o ministro da Defesa vamos aceitar cortes [na Defesa], reduções que estão concebidas para criar novas desigualdades dentro da sociedade e, em particular, não aceitaremos reduções das retribuições do pessoal das Forças Armadas", declarou hoje Tsipras perante oficiais do exército.
    O chefe do executivo grego argumentou que se trata de questões que afetam "a essência da soberania nacional" e acrescentou: "Apesar de estarmos numa situação de dificuldade económica sem precedentes, devemos manter este núcleo da nossa soberania".
    O líder do Syriza frisou ainda que será o Governo a decidir onde está disposto a fazer os cortes orçamentais.
    Tsipras fez estas declarações na presença do ministro da Defesa e líder do partido nacionalista Gregos Independentes, Panos Kamenos, que, noticiou hoje a imprensa local, o terá pressionado para recuar na cedência feita às instituições da 'troika' (Comissão Europeia, Banco Centra Europeu, Fundo Monetário Internacional) de cortar em 200 milhões de euros o orçamento da Defesa em 2016 e em 400 milhões no ano seguinte.
    Numa carta endereçada na terça-feira aos dirigentes dessas instituições, Tsipras aceitava a maioria das suas últimas propostas e cedia em algumas das medidas, entre as quais os cortes na Defesa.
    Os credores internacionais exigem que a Grécia corte 400 milhões de euros na despesa de Defesa a partir de 2016 e, ao princípio, o Governo de Atenas propunha cortar 200 milhões.
    Varoufakis prefere "cortar o braço" a assinar acordo mau
    O ministro das Finanças grego já tinha dito esta quinta-feira que prefere "cortar o braço" a assinar um acordo com os credores "que não inclua a reestruturação da dívida". Em entrevista à televisão da Bloomberg, Yanis Varoufakis disse ainda que se demite do governo em caso de vitória do "sim" no referendo do próximo domingo, mas sublinhou que está confiante de que os gregos vão votar "não".
    À pergunta "se o 'sim' ganhar, na segunda-feira não será mais ministro das Finanças?", Varoufakis respondeu: "Não serei", referindo-se ao referendo sobre as últimas propostas de financiamento dos credores da Grécia, que o Governo liderado pelo Syriza pede aos gregos para rejeitarem.
    Varoufakis insistiu também, tal como o primeiro-ministro Alexis Tsipras já tinha feito ontem, que um "não" no referendo não significa a saída do euro. "Nós queremos desesperadamente ficar no euro, mesmo criticando o seu quadro institucional", disse. E tal como tinha feito ontem em entrevista à televisão grega Varoufakis disse que os credores estão dispostos a negociar e que o acordo será rápido, depois do referendo.
    Questionado sobre se acha que Angela Merkel está à espera de um "sim" no referendo e de um novo governo grego, Varoufakis respondeu ao jornalista citando uma personagem da trilogia da BBC House of Cards (e do seu remake norte-americano): "You may very well say that, I couldn't possibly comment", que pode ser traduzido como "Pode muito bem achar isso, eu não posso comentar".
    No referendo do próximo domingo, os gregos vão ser consultados sobre se aceitam ou não os termos propostos pelos credores (Fundo Monetário Internacional, União Europeia e Banco Central Europeu) para manter o financiamento ao país.
    Varoufakis tem-se desdobrado em declarações nas últimas horas: publicou no seu blogue um apelo ao Não no referendo grego, com seis argumentos, esteve na televisão grega ontem à noite, e já esta manhã deu uma entrevista à rádio pública australiana ABC e depois à Bloomberg.
    Nem Juncker nem Comissão vão fazer "campanha" no referendo
    A posição oficial da Comissão Europeia foi confirmada esta manhã pelo porta-voz da presidência. Mas, o presidente não esquece os gregos. Estão no "seu pensamento".
    "O presidente Juncker tem o povo grego no seu pensamento e apoia a determinação deles para serem parte da Europa e de continuarem na zona euro", afirmou o porta-voz, Margaritis Schinas, garantindo que a sala de imprensa da Comissão Europeia "não será palco de campanha".
    A afirmação do porta-voz causou surpresa, já que na segunda-feira, Jean-Claude Juncker esteve na sala de imprensa, tendo apelado aos gregos para votarem a favor da proposta dos credores, considerando que "independentemente da pergunta" que for colocada no referendo, o que está em causa é dizer se Grécia permanece na União Europeia ou se se distancia.
    "Dizer não, no referendo, significaria que a Grécia disse não à União Europeia", afirmou o presidente do executivo comunitário, numa conferência de Imprensa, em Bruxelas, considerando que isso é "independente" da pergunta que for colocada no domingo.
    Por agora "não haverá mais conversações antes do referendo", E, a Comissão Europeia "esperará simplesmente pelo referendo de domingo e terá em conta o resultado desse referendo", disse Margaritis Schinas, acrescentando que "agora é o momento dos povo grego escolher o futuro".
    Sobre as contradições entre o que Alexis Tsipras diz em Atenas e aquilo que Jean-Claude Juncker propõem em Bruxelas, o porta-voz lembrou que a comissão publicou as propostas e que não "é apenas dinheiro que está em causa, mas também reformas e a capacidade do governo para executar essas reformas".
    "As propostas do presidente estão todas transcritas e publicadas para que todos as vejam. Não estamos em campanha e não vamos utilizar a sala de imprensa da comissão europeia para entrar em diálogo com as autoridades helénicas", afirmou o porta-voz.
    Os avisos do Eurogrupo
    O presidente do Eurogrupo, o holandês Jeroen Dijsselbloem, disse hoje que a situação da crise grega "está a degradar-se" e arrisca-se a ser ainda mais difícil se os gregos votarem 'não' no referendo de domingo.
    "A situação está a degradar-se devido ao comportamento do Governo grego", declarou Jeroen Dijsselbloem, ministro das Finanças da Holanda, durante um debate no Parlamento holandês.
    Segundo o presidente do Eurogrupo, Atenas sugere aos seus cidadãos que um 'não' no referendo de domingo permitirá beneficiar de um pacote de reformas e medidas orçamentais menos duras. "Isto não é verdade", insistiu Dijsselbloem.
    "Em caso de 'não' (...), isso tornar-se-á extremamente difícil para a Grécia", adiantou, afirmando que "os problemas económicos não serão senão mais graves e um (novo) programa de ajuda mais difícil de ser adotado".

      copiado  http://www.dn.pt/inicio/globo/

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