NA MIRA DA JUSTIÇA Maratonista preso da Lava Jato já trouxe ao país shows de U2 e Beyoncé Adir Assad, empresário de 62 anos, é acusado de ser um dos operadores do esquema de corrupção investigado na operação da Polícia Federal Concorda? Deputada quer restringir decotes e saias justas na Câmara Cristiane Brasil garante que a proposta não é uma reação às mulheres que costumam circular pelo plenário da Câmara e pelo Salão Verde em roupas provocantes

NA MIRA DA JUSTIÇA

Adir Assad, empresário de 62 anos, é acusado de ser um dos operadores do esquema de corrupção investigado na operação da Polícia Federal

PUBLICADO EM 22/08/15 - 10h29
Folhapress Ele correu 12 vezes a maratona de Nova York, atravessou os Estados Unidos de bicicleta, participou do Iron Man e do Tour de France, mas desde março deste ano está confinado em uma cela de 12 metros quadrados num presídio de Curitiba.

Este é Adir Assad, empresário de 62 anos e preso na 10ª fase da Operação Lava Jato. Ele é acusado de ser um dos operadores do esquema de corrupção investigado na operação, ao utilizar suas empresas para firmar contratos de fachada com empreiteiras e intermediar o pagamento de propina em obras da Petrobras.

Detido preventivamente, ele nega as acusações. O engenheiro civil, que se dedicava ao marketing e trouxe ao Brasil shows de estrelas como Beyoncé e U2, diz que abandonou a atividade no final de 2007, para se dedicar ao esporte.

"Eu queria ser o melhor atleta amador do país", afirmou o empresário, em audiência à Justiça em meados de julho. Vestia uma camiseta tipo fitness e um relógio digital. "Dei um break. Ficou meio sabático a minha vida."

O empresário afirma que deixou suas cinco empresas, da área de engenharia e marketing Rock Star Marketing, Legend Engenheiros, Soterra Terraplanagem, SM Terraplanagem e Power to Ten Engenharia, sob responsabilidade de seus sócios, Dario Teixeira e Sonia Branco, também denunciados sob acusação de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

As empresas, segundo o Ministério Público Federal, intermediaram o pagamento de aproximadamente R$ 30 milhões de propina em contratos da Petrobras, entre 2009 e 2012. Assad é qualificado como "controlador de um dos núcleos do sofisticado esquema" de corrupção.

Em 2012, o empresário também foi acusado de operar em favor da empreiteira Delta, envolvida no escândalo do bicheiro Carlinhos Cachoeira. O caso ainda está sob investigação.

Assad nega as suspeitas. "Eu queria que tivesse um polígrafo aqui, porque é um absurdo", argumentou o empresário na audiência na Justiça. "Eu nunca fiz a parte administrativa das empresas. Sempre fui um homem do marketing."

ROTINA

Antes de ser preso, Assad treinava de seis a oito horas por dia. Nas horas vagas, dava palestras motivacionais em universidades, fazendo referência à sua rotina de atleta.
Hoje, o empresário está detido no Complexo Médico Penal, na região metropolitana de Curitiba, onde também estão outros presos da operação.

Na cela, faz o que pode para se exercitar, segundo seu advogado. Flexões, abdominais e "piques" de corrida são o máximo que o espaço permite, mesmo no banho de sol de uma hora por dia. "É um pátio pequeno", diz o defensor Miguel Pereira Neto.

No início de abril, Assad foi submetido a dez sessões de fisioterapia, dentro do próprio presídio. Andava de esteira, bicicleta e fazia alongamentos cerca de três vezes por semana, por cerca de 40 minutos.

"Ele tem uma placa na coluna, de titânio, de uma cirurgia que ele fez. É obrigado a se exercitar, senão dói", afirma Pereira Neto.

Depois de cinco meses detido, Assad reconhece pelo menos um erro: o de não ter seguido a carreira no esporte. "Eu acho que teria me dado melhor. Porque esses quatro meses, Excelência, mesmo se eu for culpado, já aprendi", disse ao juiz Sergio Moro, em audiência na Justiça.

'CARA DO CÉU!'

"É muito duro você ser sacado do seu ambiente assim, e ficar num lugar daquele. Cara do céu!"
O empresário não pensa em fazer delação premiada, segundo seu advogado. Vai aguardar o julgamento, ainda que preso.

Para o defensor, o próprio delator que mencionou Assad o exime de responsabilidade.
O empresário Augusto Mendonça Neto, que citou o esportista em sua delação, diz que nunca tratou do pagamento de propinas com ele. "Apenas tomou conhecimento do relacionamento de Assad com as empresas depois que o esquema da Delta veio a público", informa o termo de colaboração.

O Ministério Público sustenta que, como sócio controlador das empresas, porém, ele tinha conhecimento do esquema e "agia no interesse das empreiteiras, realizando os pagamentos em espécie a agentes públicos corrompidos".

O julgamento da ação penal em que Assad é réu, sob acusação de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, ainda está no seu início. A maratona, agora, é na Justiça.

Concorda?

Cristiane Brasil garante que a proposta não é uma reação às mulheres que costumam circular pelo plenário da Câmara e pelo Salão Verde em roupas provocantes

Com a intenção de definir um "dress code" (código de vestimenta) mais adequado para a Câmara, a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) tenta convencer suas colegas parlamentares a apoiarem uma proposta de vestuário para quem circula pela Casa, com a exigência de roupas sociais e a proibição do uso de decotes ou saias muito ousadas para as mulheres.

A deputada garante que a proposta não é uma reação às mulheres que costumam circular pelo plenário da Câmara e pelo Salão Verde em roupas provocantes, mas incluir no regimento da Casa a exigência de um vestuário específico tanto para homens quanto para mulheres.

"Queremos corrigir um erro histórico. A gente sempre luta por equidade com os homens. O regimento já determina o que os homens devem vestir mas não fala nada em relação às mulheres", explica a deputada. Para ela, é preciso estabelecer um padrão para "dar a devida deferência ao Parlamento brasileiro".

"No ambiente empresarial, por exemplo, todos seguem um 'dress code' já institucionalizado. Por que no Parlamento isso não deveria acontecer?", questiona. Cristiane afirma que se baseou em regras já existentes em outros legislativos pelo mundo para construir sua proposta.

O texto, que altera um ato da Mesa Diretora da Câmara publicado em 1980, sobre o ingresso nas dependências da Casa, diz que todos que entrarem na Câmara devem se trajar "convenientemente observando o decoro, o respeito e a austeridade do Poder Legislativo".

As regras atuais determinam o uso de traje passeio completo ou uniforme nos locais de circulação dos deputados, como o plenário da Casa, as salas de reuniões das comissões e o salão que circunda o plenário, chamado de Salão Verde. Apesar de não haver diferenciação de gênero, a cobrança em relação às roupas é mais rigorosa com os homens, que precisam usar terno e gravata.

SAIA SOCIAL

A proposta da petebista faz a diferenciação de gênero e estabelece o uso de calça social, paletó ou blazer, terno, camisa social, gravata e sapato social para os homens. Já para as mulheres, ela determina o uso de tailleur com saia social e paletó, terninho, vestidos longos ou médios, calças ou saias longas. Nenhum desses trajes deve ultrapassar a altura dos joelhos.

Ambos os gêneros devem usar sapatos sociais e, nos casos em que for permitido o uso de tênis, eles não podem ser chamativos e devem estar limpos. Chinelos seriam proibidos.

Mulheres que estejam trajando roupas "excessivamente decotadas", tanto na frente quanto nas costas, blusas de frente única ou "tomara-que-caia" ou trajes sumários, como shorts ou minissaia, seriam também proibidas de entrar na Câmara. Os homens não poderiam ir, como já acontece hoje, de bermuda ou camiseta sem manga.

A fiscalização caberá aos seguranças da Casa. O texto diz ainda que nenhum cidadão pode ir à Câmara em trajes de banho ou de ginástica.

As calças jeans também ganhariam regras na Casa. Apenas poderiam ser usadas as que não são rasgadas, desfiadas, desbotadas, estilizadas, muito justas ou com cintura baixa. Também ficariam proibidas as roupas muito justas e apertadas, com transparências ou que deixem a barriga ou a lombar à mostra.

"É um movimento de valorização do Congresso. Temos que adequar as regras da Casa à realidade que já existe no mundo", disse Cristiane.

BARREIRA

Questionada se as regras não inviabilizariam a entrada de pessoas de diferentes segmentos sociais, a deputada afirmou que os casos devem ser analisados individualmente. O texto da proposta diz que, dependendo da situação, as regras poderiam ser flexibilizadas.

"Todos vão à casamentos, funerais e ninguém vai de chinelo. Mas é claro que todos os casos podem ser analisados e ninguém vai ser impedido de entrar no Congresso por causa disso", afirmou.

"Não temos nenhuma intenção de preconceito. A ideia não é ser uma medida depreciativa. Tomamos cuidado para que não interpretem com maldade. Não acho que hoje em dia seja uma bagunça. Só é bom ter isso esclarecido e colocado no regimento", completou.

A deputada se baseou em regras atualmente para o ingresso em tribunais superiores, tanto que em um dos trechos da proposta, o texto cita tribunal ao invés de Câmara dos Deputados.

A sugestão foi enviada para a coordenadora da bancada feminina da Câmara, deputada Dâmina Pereira (PMN-MG). O grupo irá se reunir nesta semana. Segundo Cristiane, a proposta deverá ser debatida e se houver acordo, ela será encaminhada para o primeiro-secretário, deputado Beto Mansur (PRB-SP), para que a Mesa Diretora da Câmara analise o texto e, eventualmente, o adote.
 copiado  http://www.otempo.com.br

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