Cidade líbia de Sabratha tenta voltar à normalidade após ocupação jihadista

  • 01/03/2016 - 21:00

    Cidade líbia de Sabratha tenta voltar à normalidade após ocupação jihadista



    Imagem das ruínas da cidade de Sabratha, na Líbia, registrada em 29 de fevereiro de 2016
    A vida está voltando lentamente ao normal em Sabratha, após o choque causado pela breve ocupação do centro desta cidade líbia pelos jihadistas do Estado Islâmico, expulsos ao final de violentos combates.
    Em 24 de fevereiro, cerca de 200 jihadistas tomaram o quartel-general das forças de segurança e vários edifícios graças a um ataque noturno. Cinco dias antes, um ataque aéreo dos Estados Unidos contra um acampamento do EI nos arredores de Sabratha matou 50 pessoas e, provavelmente, um dos líderes da organização.
    Os habitantes da cidade, 70 km a oeste de Trípoli, trancaram-se durante quatro dias em suas casas, assustados com essa demonstração de força do EI e os posteriores combates entre militantes e jihadistas.
    Finalmente, as milícias proclamaram sua "vitória" no sábado e, no domingo, a maioria dos mercados e lojas reabriram, apesar de não haver tantos clientes, como de costume.
    "Foi um choque para todos. Os jihadistas invadiram casas nos arredores da cidade, e de repente apareceram no centro de Sabratha para proclamar seu emirado", relatou à AFP Mohamad, comandante de uma milícia local que participou na luta.
    "Mas nós os derrotamos e expulsamos, e a vida começa a recuperar a normalidade", acrescentou o miliciano, observando que o EI "não tem base popular aqui".
    Nos combates morreram cerca de quarenta milicianos. Do lado jihadista o número de vítimas é desconhecido.
    A circulação tem sido retomada timidamente. As escolas devem permanecer fechadas até a "normalização completa da situação", segundo as autoridades, enquanto os bancos vão reabrir ainda esta semana.
    "Estamos aterrorizados. Tememos por nossas crianças e nossas famílias", diz Osama al-Jedi, um vizinho de Sabratha, no mercado de frutas e legumes.
    "Estamos felizes com o restabelecimento da segurança, e com a ajuda de Deus eles não voltarão mais", confidencia.
    O prefeito da cidade, Hussein al-Daudi, pediu na segunda-feira a todos os residentes para "fazer com que a vida volte ao normal, abrindo suas lojas, padarias e empresas".
    A cidade de Sabratha está sob o controle de milícias que integram a coalizão Fajr Libia (Amanhecer da Líbia, em árabe), que assumiu o controle, em agosto de 2014, de Trípoli e várias regiões do oeste do país.
    Pouco depois, Fajr Libia instalou uma autoridade paralela (um governo e um parlamento) em Trípoli, forçando as autoridades reconhecidas pela comunidade internacional a buscar exílio em Tobruk, no leste do país.

    Um membro das milícias de Fajr Líbia participa de uma operação contra o grupo Estado Islâmico em Sabratha, na Líbia, em 28 de fevereiro de 2016
    O caos se estabeleceu na Líbia desde a queda e a morte em 2011 do ditador Muammar Khaddafi. A crise propiciou o surgimento no país do EI, que controla a cidade de Sirte, 450 km a leste de Trípoli, e que desde então tenta estender sua influência.
    Em meio aos combates e com tantos atores, parece difícil encontrar uma solução política a curto prazo.
    A ONU busca promover um governo de unidade nacional, capaz de lidar com os jihadistas, mas sem sucesso até agora.
    Uma situação que um habitante de Sabratha resume: "O que estamos vendo é o resultado de divergências políticas. Os políticos são os principais culpados, eles são os que abriram o caminho para os extremistas."

       copiado  http://www.afp.com/pt/noticia/e

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