STF decide nesta quarta se Cunha vira réu na Lava Jato, abertura da primeira ação penal contra um dos 38 congressistas investigados por suspeita de participação em fraudes na Petrobras.

STF decide nesta quarta se Cunha vira réu na Lava Jato


Maior investigação criminal do país, a Operação Lava Jato chega às vésperas de seu primeiro ano no STF (Supremo Tribunal Federal) enfrentando o principal teste até agora: a decisão sobre a abertura da primeira ação penal contra um dos 38 congressistas investigados por suspeita de participação em fraudes na Petrobras.
O alvo é o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que neste caso é acusado pela Procuradoria-Geral da República de receber pelo menos US$ 5 milhões em propina de contratos de navios-sonda da estatal.
O Supremo decide nesta quarta-feira (2) se o parlamentar virá réu pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ministros ouvidos pela Folha sob condição de anonimato afirmaram que a expectativa no tribunal é de que a acusação seja acolhida.
Os integrantes, no entanto, sustentam que haverá uma análise técnica sobre se há indícios concretos de que ele cometeu crimes para justificar a abertura de uma ação para a produção de provas.
Ministros do Supremo apontaram que o recebimento da denúncia exige indícios robustos diante do potencial que a decisão terá para aumentar o desgaste político de Cunha, ampliando a pressão por seu afastamento da presidência e reforçando seu processo de cassação em discussão na Câmara.
Ministros disseram ainda que o voto do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato, será fundamental para direcionar a posição dos colegas, uma vez que ele tem uma visão ampla do esquema de corrupção. Segundo interlocutores, Teori comentou que prefere encerrar o caso em uma sessão e teria preparado um voto de cerca de meia hora, mas que a definição poderá se estender por até dois dias.
Embora a defesa do deputado tenha antecipado que vai questionar o recebimento de uma denúncia baseada principalmente em delações premiadas, os integrantes do Supremo acreditam que esse será um tema mais lateral, já que a vedação prevista em lei é para se condenar uma pessoa com base somente em delações.
Cunha deve ser julgado por dez dos 11 integrantes do Supremo, isso porque o ministro Luiz Fux deve se ausentar por causa de um seminário internacional.
Nesta semana, a defesa do deputado tentou adiar o julgamento, mas Teori manteve a sessão, indicando que antes de analisar a denúncia discutirá dois recursos de Cunha pedindo mais prazo para defesa. O deputado teve mais de 60 dias para rebater as acusações da PGR. Cunha tem dito a aliados que conta ainda com um pedido de vista, que poderia adiar a análise da denúncia.
A defesa de Cunha no julgamento deve ser feita pelo ex-procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que é responsável pelo caso. Janot e Antonio Fernando trocaram indiretas em peças sobre o inquérito de Cunha. Janot já chegou a comparar um dos inquéritos de Cunha com o mensalão, que teve a denúncia oferecida por Antonio Fernando.
Segundo advogados que acompanham a Lava Jato, a aceitação da denúncia é crucial para a investigação sobre políticos com foro privilegiado porque um eventual revés no inquérito de Cunha poderia enfraquecer a atuação da Procuradoria.
Além de Eduardo Cunha, os senadores Fernando Collor (PTB-AL), Delcídio do Amaral (PT-MS) e Benedito de Lira (PP-AL) e os deputados Nelson Meurer (PP-PR), Arthur Lira (PP-AL) e Vander Loubet (PT-MS), e mais 14 outras pessoas, foram denunciados por diversos crimes. As acusações devem ser analisadas até junho.
Atualmente, o STF tem pelo menos 38 inquéritos, com 72 investigados, sendo 24 deputados, 14 senadores, o ministro Edinho Silva (Comunicação Social) e o ministro do TCU (Tribunal de Constas da União) Raimundo Carreiro.
 copiado  http://www1.folha.uol.com.br/poder

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