crise política Governo interino de Temer tem queda de dois ministros em apenas 18 dias Após saída de Romero Jucá do Planejamento, Fabiano Silveira deixa a antiga CGU; tensão segue alta, com Geddel e Eduardo Alves também implicados

 

PUBLICADO EM 31/05/16 - 03h00
Brasília. Com pouco tempo para mostrar serviço ao substituir interinamente a presidente Dilma Rousseff (PT), Michel Temer (PMDB) não tem tido nenhum sossego desde que assumiu a função de chefe do Executivo do país, há apenas 18 dias. Não bastasse toda a pressão dos adversários, que o acusam de dar um “golpe” em sua colega de chapa, Temer tem sofrido com declarações e ações desastradas de seus aliados. Nos dois episódios mais graves do governo interino, Romero Jucá, então titular do Planejamento, e agora Fabiano Silveira, responsável pela área de Transparência, acabaram ficando pelo caminho.
O caso de Jucá foi semelhante ao do mineiro que deixou o cargo ontem. Ele também foi flagrado em conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado debatendo estratégias para livrar acusados na operação Lava Jato. Da mesma forma que ontem, coube ao próprio implicado abrir mão do cargo, após as hesitações do presidente.
Antes mesmo de tomar posse, o presidente interino já havia sido obrigado a mexer na equipe que vinha montando. Inicialmente escolhido para ocupar o Ministério da Justiça, o advogado Antônio Mariz foi preterido após criticar a Lava Jato, fazendo ressalvas aos acordos de delação premiada fechados no âmbito da operação.
Investigados. Quando assumiu, Michel Temer incluiu em sua equipe sete ministros citados na operação. Com a queda de Jucá, ainda permanecem seis membros do primeiro escalão com situações ainda a explicar nas investigações. Fabiano Silveira, que pediu demissão ontem, ainda não havia sido citado até o último domingo, quando gravações foram veiculadas no programa “Fantástico”, da TV Globo.
De perfil técnico, Silveira assumiu em meio à polêmica pelo fato de a antiga Controladoria Geral da União (CGU) ter sido, na visão dos críticos, rebaixada dentro de outra estrutura com a criação do ministério de Transparência, Fiscalização e Controle. Na posse, no entanto, afirmou que a mudança de status da pasta era um avanço, já que as investigações passariam a se concentrar em um ministério em caráter “definitivo”. A antiga CGU tinha status ministerial, mas era vinculada à Presidência da República.
Na mira. Após a queda de Fabiano Silveira, a tensão entre os ministros de Michel Temer segue alta. Na última semana, dois outros chefes de pastas foram fustigados pela operação Lava Jato. Na delação premiada do ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE), Geddel Vieira Lima, ministro da Secretaria de Governo, e Henrique Eduardo Alves, do Turismo, foram apontados como participantes de reuniões em que teriam sido negociadas as permanências de Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró em diretorias da Petrobras. Em troca, de acordo com Pedro Corrêa, propinas seriam repassadas para campanhas eleitorais do PMDB. Ambos negam, mas, a depender de novas revelações, eles podem ser os próximos a tomar o caminho de casa.
Temer e Janot
Encontro. Após divulgação de gravações com reclamações de peemedebistas a Janot, Temer se reuniu ontem com o procurador geral da República.

Citado em áudio, diretor dificulta investigações
São Paulo. Um dos mais longevos funcionários da CBF, Vandenbergue Sobreira Machado completou há três meses 16 anos trabalhando em nome da entidade. Desde 2000, ele tem uma das mais importantes funções do quadro da CBF: dificultar qualquer investigação possível sobre o futebol em Brasília.

Na última semana, o nome do funcionário da entidade foi citado em gravação de uma conversa entre o senador Renan Calheiros (PMDB­AL)</CW> e o ex­presidente da Transpetro, Sergio Machado. Eles aparecem falando sobre o senador cassado Delcídio do Amaral.

Luis Henrique, o filho do lobista da CBF, é quem faz a defesa do ex­senador tanto no Conselho de Ética da Casa como no STF.

Diferentemente dos demais funcionários e diretores, Vandenbergue não vive no Rio. Ele fica Brasília, onde desempenha seu papel de lobista da entidade. No site da CBF ele aparece como responsável pela diretoria de assessoria legislativa.

Não por acaso, nem seis meses depois que foi oficializado pela primeira vez com um cargo na CBF, em 2000, ele enfrentou o primeiro desafio, a CPI da Nike.

Servidor de quase 30 anos no Senado Federal, foi indicado por Renan Calheiros para Ricardo Teixeira, quem comandava o futebol brasileiro na época. O casamento nunca acabou.

Mesmo com mudanças de gestão, com a entrada de José Maria Marin, depois Marco Polo Del Nero, uma coisa sempre foi certa, sua permanência. Quase toda a diretoria foi trocada, apenas ele e o representante jurídico, Carlos Eugênio Lopes, continuaram.

O futebol deu clientes para a família Machado. Filho de Vanderbergue, Luis Henrique atua em diversos processos de aliados dos cartolas da CBF.

É seu escritório que cuida das várias ações que responde Roberto Góes, presidente da federação do Amapá, recentemente condenado por peculato pelo STF.

Dilma enfrentou mal parecido
Brasília. No início de seu governo, em 2011, a presidente Dilma Rousseff (PT) também sofreu com a saída de ministros envolvidos em acusações, embora em ritmo menor. Em oito meses, quatro perderam os cargos: Antonio Palocci, da Casa Civil; Alfredo Nascimento, dos Transportes; Nelson Jobim, da Defesa; e Wagner Rossi, da Agricultura. Dilma chegou a ser apelidada de “faxineira” por causa das demissões.
Articulações pelo Congresso
Crise. Conversando com deputados e senadores, a missão de Vanderbergue é evitar que o futebol brasileiro seja desgastado por investigações.

CPI. Em alguns casos, seu trabalho aparece mais. Foi assim com a CPI do Futebol nesses últimos meses, que tinha Romero Jucá como relator. No relatório final, o ex­ministro e senador não propôs punição para os investigados.

Amizade. Vandenbergue tem em Renan Calheiros um dos seus principais parceiros.

Doação. Renan e Delcídio receberam, na eleição de 2002, doação de R$ 100 mil, cada, da confederação.

Interino se reúne com Maranhão
 
FOTO: ANDRESSA ANHOLETE/AFP- 10.5.2016
maranhao
Recursos. Waldir Maranhão (PP-MA) fraudou sua declaração à Justiça Eleitoral na campanha de 2010
Brasília. O presidente interino Michel Temer recebeu na tarde de ontem o presidente em exercício da Câmara, Waldir Maranhão. A visita, tratada como institucional pela assessoria de Temer, acontece um dia depois de denúncias de que Maranhão fraudou sua declaração à Justiça Eleitoral na campanha de 2010. A visita não estava prevista na agenda oficial de Temer.

De acordo com auxiliares do presidente em exercício, ele e Maranhão trataram sobre a agenda legislativa. É o primeiro encontro dos dois no governo interino. Temer e Maranhão discutiram como acelerar a votação dos projetos de lei do pré-sal e da governança dos fundos de pensão. A Desvinculação das Receitas da União (DRU) também foi mencionada na reunião no Planalto.

Para explicar os recursos arrecadados para a campanha de 2010, Maranhão informou à Justiça Eleitoral ter doado para si mesmo R$ 557,6 mil, ou 68% do custo total. No processo aberto para apurar possíveis irregularidades na prestação de contas, o parlamentar afirmou que vendeu sua casa, em um dos bairros mais nobres de São Luís. Mas o imóvel nunca deixou de estar em nome do deputado e de sua mulher, e é o local onde o casal vive até hoje.

 

copiado http://www.otempo.com.br/c

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