Síria
Ataque do Estado Islâmico deixa milhares encurralados
Há cerca de 100.000 pessoas sem saída entre o norte da Síria e a Turquia, que mantém as fronteiras fechadas
Um
ataque surpresa do grupo extremista Estado Islâmico (EI) deixou
encurraladas milhares de pessoas assustadas na fronteira síria com a
Turquia, indicaram hoje os Médicos Sem Fronteiras (MSF), alertando que a
situação é "insustentável".
O
coordenador regional da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras
(MSF), Pablo Marco, disse que estão a aumentar as preocupações de um
elevado número de civis que se encontram a menos de cinco quilómetros
dos 'jihadistas' do EI, que avançam na sua direção.
"Estamos
a falar de cerca de 100.000 pessoas que estão sem saída, a poucos
quilómetros do EI. Estão aterradas, não têm para onde ir", disse Marco
numa entrevista por telefone à agência de notícias francesa AFP.
O
EI avançou na sexta-feira sobre os últimos bastiões rebeldes de Marea e
Azaz, na província de Alepo, obrigando milhares a fugir em direção à
fronteira norte.
Mas a Turquia manteve a
fronteira fechada, deixando os civis encurralados entre a violenta
linha da frente do EI a leste, a fronteira encerrada a norte, e o cantão
autónomo curdo de Afrin a oeste.
"Estas pessoas estão agora confinadas a uma pequena área de quatro por sete quilómetros", precisou Marco.
"A situação desta população é absolutamente insustentável e inaceitável", observou.
As Nações Unidas indicaram que os combates encurralaram até 165.000 civis entre Azaz e a fronteira turca encerrada.
O
responsável da MSF disse que muitos dos que estavam a fugir à ofensiva
do EI nos últimos dias já tinham sido deslocados duas ou três vezes de
outros pontos da província.
"Podemos imaginar quão difícil está a ser para eles", comentou.
Mais
de metade da população da Síria viu-se obrigada a abandonar a casa
desde que o conflito eclodiu, em 2011, tendo quase cinco milhões
procurado refúgio nos países vizinhos.
Segundo
uma estimativa, cerca de 6.000 pessoas terão escapado aos combates em
Marea fugindo em direção à fronteira ou para ocidente, para a região
curda de Afrin.
Mas com recursos limitados, as autoridades curdas não poderão acolher um número tão elevado de deslocados, referiu Marco.
Perante
o agravamento da situação, o coordenador regional da MSF apelou às
autoridades turcas para proporcionarem um refúgio seguro àqueles que
fogem ao rápido avanço dos 'jihadistas' do grupo Estado Islâmico.
"Sabemos
que as autoridades turcas estão muito preocupadas com a situação.
Fizeram grandes esforços, como sabem, mas a situação é tão má que
justifica [a abertura da fronteira]", declarou.
Mas
apelou também à União Europeia "para fazer a sua parte" para, por um
lado, apoiar a Turquia e, por outro, acolher mais refugiados sírios que
fogem à violência no país natal.
"Todos os atores envolvidos precisam de encontrar uma solução. Isto é mesmo uma vergonha", concluiu.
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