Não vai ter dia fácil para Temer. Muita teta, mas também muita treta e mutreta
Num artigo escrito antes da nova confusão com as gravações do
ainda ministro da Transparência, José Roberto de Toledo, o ótimo
articulista do Estadão – sim, ainda há vida inteligente num jornal que,
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Num artigo escrito antes da nova confusão com as gravações do ainda ministro da Transparência, José Roberto de Toledo, o ótimo articulista do Estadão – sim, ainda há vida inteligente num jornal que, além de liberticida, é burro ao ponto de sugerir a expulsão de um jornalista estrangeiro como Glenn Grenwald, num momento em que o golpe que apóia sofre mil e um questionamento da mídia internacional – escreveu um artigo de extrema lucidez sobre a ilusão de que Temer, com a maioria parlamentar que dispõe, vai ter vida falsa com o Legislativo.
Governar um país carente e em crise como o nosso não é articular conchavos de poder, mas interferir na realidade social e econômica.
Temer só se legitimará para as elites e para o conservadorismo se for capaz de “fazer o serviço”.
Não vai ter dia fácil para Temer. Muita teta, mas também muita treta e mutreta
Num artigo escrito antes da nova confusão com as gravações do ainda ministro da Transparência, José Roberto de Toledo, o ótimo articulista do Estadão – sim, ainda há vida inteligente num jornal que, além de liberticida, é burro ao ponto de sugerir a expulsão de um jornalista estrangeiro como Glenn Grenwald, num momento em que o golpe que apóia sofre mil e um questionamento da mídia internacional – escreveu um artigo de extrema lucidez sobre a ilusão de que Temer, com a maioria parlamentar que dispõe, vai ter vida falsa com o Legislativo.
“Até agora foi fácil. A única votação
importante a que o governo se submeteu no Congresso foi para aumentar
despesas, não para cortá-las.”
Toledo lembra que a missão de Temer ao assumir a presidência era
desmontar a rede de despesas públicas tecida para a proteção social dos
mais vulneráveis como forma de recuperar o equilíbrio e, logo, o
superávit fiscal, o que implica, claro, num “pacote de maldades”.
É um dos dois motivos pelos quais se
costurou o pacto em torno do vice de Dilma Rousseff: para ele e
Meirelles fazerem o trabalho que o PT não fez e o PSDB não quer fazer. O
outro ouve-se nos grampos: cortar a água da Lava Jato.
Sem “fazer o serviço”, Temer fica sem pauta e, sem pauta, só o que
lhe sobram são os escândalos e a paralisia diante de uma crise que não
vai arrefecer sem ações concretas e, em algum momento, duras.
Por enquanto, o plano de Meirelles é
apenas uma carta de intenção. Quando for transformado em medidas
práticas se conhecerão os detalhes onde mora o diabo. Só então serão
batizados os patos que pagarão o pacto. Haverá reações, e não só da
turma da mortadela. Se continuar batendo na mesa, Temer vai machucar a
mão. Ademais, o papel de vítima já foi ocupado por Dilma, em entrevistas
diárias em múltiplos idiomas.
O que fará o presidente interino, então, quando a chapa esquentar de verdade? Pelo que se viu até agora, improvisar.
A reação ao ministério 100% testosterona foi forte? Apressa-se em reunir a bancada feminina e prometer um “ministério para as mulheres” em um futuro sem data. Os artistas estão reclamando do fim do Ministério da Cultura? Recria-se o ministério. Uma menina é estuprada por 33 bandidos? Propõe-se a criação de uma delegacia especial da mulher na Polícia Federal. Só puxadinhos.
A tão cantada “habilidade política” de Temer, no que foi testada até agora, revelou-se um desastre.O que fará o presidente interino, então, quando a chapa esquentar de verdade? Pelo que se viu até agora, improvisar.
A reação ao ministério 100% testosterona foi forte? Apressa-se em reunir a bancada feminina e prometer um “ministério para as mulheres” em um futuro sem data. Os artistas estão reclamando do fim do Ministério da Cultura? Recria-se o ministério. Uma menina é estuprada por 33 bandidos? Propõe-se a criação de uma delegacia especial da mulher na Polícia Federal. Só puxadinhos.
Governar um país carente e em crise como o nosso não é articular conchavos de poder, mas interferir na realidade social e econômica.
Temer só se legitimará para as elites e para o conservadorismo se for capaz de “fazer o serviço”.
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