Para rebater críticas sobre impeachment, governo envia cartas a jornais europeus FERNANDO NAKAGAWA The Financial Times publicou uma carta de Serra sobre Mercosul; embaixador na Inglaterra escreveu ao The Guardian negando tese de 'golpe' Presidente do Itaú Unibanco diz que afastamento de Dilma renova esperanças
Para rebater críticas da imprensa europeia, governo Temer se defende enviando cartas a jornais
Fernando Nakagawa - O Estado de S.Paulo
30 Maio 2016 | 12h 14 - Atualizado: 30 Maio 2016 | 12h 14
The Financial Times publicou uma carta de José Serra sobre Mercosul; embaixador na Inglaterra escreveu ao The Guardian
LONDRES - Após o afastamento de Dilma Rousseff
gerado pelo acolhimento do impeachment no Senado, parte da imprensa
europeia passou a registrar algumas críticas ao processo de impedimento e
ao novo governo Michel Temer. Como reação a alguns desses textos,
autoridades brasileiras como o ministro de Relações Exteriores, José
Serra, e o embaixador do Brasil para o Reino Unido, Eduardo dos Santos,
têm tentado se defender com o envio de cartas para as publicações.
Nesta
segunda-feira, 30, a edição impressa do Financial Times (FT) publica
uma carta de José Serra em que o ministro rechaça a afirmação de que ele
não gosta do Mercosul. A acusação foi publicada na semana passada em
uma reportagem do próprio FT sobre as diferenças entre a Aliança do
Pacífico e o Mercosul. "José Serra deixou claro que não é fã do Mercosul
e pode propor mudanças em breve", citou o texto original.
"Ao contrário do que o artigo sugere, estou plenamente
convencido da importância do Mercosul e estou pronto para trabalhar com
nossos parceiros", diz Serra na carta. O tucano diz ainda que é
altamente questionável a afirmação da reportagem de que há uma "nova
divisão" no comércio da América Latina.
No texto, o FT usou tom elogioso para a Aliança do Pacífico e
uma visão mais crítica ao Mercosul. O grupo do Pacífico "se intitula um
pacto de comércio do século XXI baseado nas diretrizes da União
Europeia". Já o Mercosul "tem um modelo mais tradicional de comércio
negociado pelo Estado" e que "tem engasgado" desde a criação, diz o FT. FT está dando atenção à crise política no Brasil
Quem também escreveu aos jornais foi o embaixador brasileiro
em Londres, Eduardo dos Santos. Na semana passada, o jornal The Guardian
publicou um manifesto com a acusação de que o impedimento de Dilma
Rousseff é "um insulto à democracia brasileira". Assinado por 20
deputados britânicos do Partido Trabalhista, do Partido Nacional Escocês
e do partido galês Plaid Cymru, o manifesto argumenta que parlamentares
brasileiros tentam se sobrepor ao voto de 54 milhões de eleitores.
Também na semana passada, a revista The Economist publicou reportagem em
que critica o expediente para afastar Dilma ao citar que o processo foi
resultado de "um jeitinho na Constituição".
Para rebater a crítica dos parlamentares britânicos, o
embaixador Eduardo dos Santos defendeu o processo que levou Michel Temer
à presidência. "Saliento que o processo de impeachment cumpre
rigorosamente com os requisitos da Constituição Federal e do Estado de
direito sob o escrutínio da Suprema Corte. É incorreto descrever o
processo em curso como uma manobra política que ocorre contra a vontade
do eleitorado", diz o embaixador em carta publicada pelo The Guardian no
sábado, 28. Santos argumentou que os milhões de votos recebidos por um
presidente da República não impedem a abertura de um processo de
impedimento caso haja crime de responsabilidade.
O manifesto dos parlamentares britânicos fez algum ruído nas
redes sociais após mais de 23 mil compartilhamentos. A defesa do
embaixador fez menos sucesso e conta, até agora, com 139
compartilhamentos.
copiado http://politica.estadao.com.br/noticias/g
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