Colombianos rejeitam acordo de paz com as FARC
Para que a consulta popular fosse válida, era necessário um mínimo de 4.536.992 votos "sim", fasquia que foi ultrapassada.
Colombianos rejeitam acordo de paz com as FARC
Para que a consulta popular fosse válida, era necessário um mínimo de 4.536.992 votos "sim", fasquia que foi ultrapassada.
Os
eleitores colombianos rejeitaram hoje, em referendo, o acordo de paz do
Governo com a guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
(FARC).
De acordo com os resultados
oficiais, quando estavam escrutinadas 99,08% das mesas, 50,24% dos
votantes (6.400.516) disseram "não" ao acordo e 49,75% (6.338.473)
disseram "sim".
O acordo de paz foi
assinado na segunda-feira, em Cartagena das Índias, pelo Presidente da
Colômbia, Juan Manuel Santos, e pelo "número um" das FARC, Rodrigo
Londoño, e previa, entre mais de 150 pontos, prazos e locais para o
desarmamento das guerrilhas. O documento, de 297 páginas, poria fim a
mais de meio século de um conflito armado que fez centenas de milhares
de mortos e desaparecidos.
"O que
estamos a assinar aqui é uma declaração do povo colombiano perante o
mundo em como estamos cansados de guerra (...) em como não aceitamos a
violência como um meio de defendermos as nossas ideias", declarou na
altura Juan Manuel Santos, enquanto Londoño, conhecido pela alcunha
"Timochenko", deixou a garantia que o seu movimento vai continuar a
fazer política, mas sem armas.
Apesar
de a constituição colombiana não exigir uma consulta ao eleitorado
colombiano, o Presidente insistiu num plebiscito, que classificou como
"provavelmente a decisão de voto mais importante que cada um dos
colombianos terá de tomar em toda a sua vida".
A
pergunta à qual os eleitores tinham que responder, hoje, com um "sim"
ou um "não", era se apoiavam o acordo final para o fim do conflito e a
construção de uma paz estável e duradoura.
O Governo colombiano admitiu, anteriormente, que não tinha um "plano B" caso o acordo de paz fosse rejeitado.
O
Presidente colombiano reconheceu hoje a vitória do "não" mas prometeu
continuar os esforços para acabar com a guerra de 52 anos. "A maioria
disse 'não' ao acordo", afirmou, num discurso difundido pela televisão.
Juan
Manuel Santos manteve, no entanto, o objetivo de acabar com o conflito:
"Não vou desistir e vou continuar a procurar a paz até ao último dia do
meu mandato", afirmou.
Rodrigo
Londoño, por seu lado, assegurou que os guerrilheiros das FARC mantêm o
compromisso de se tornar uma força política pacífica. "As FARC reiteram a
disposição de usar apenas palavras como arma para construir o futuro",
disse. "Contem connosco. A paz triunfará".
O
ex-presidente Alvaro Uribe, forte opositor do texto do acordo de paz
com a guerrilha das FARC, apelou hoje a um "grande pacto nacional".
"Queremos contribuir para um grande pacto nacional. Parece-nos
fundamental que, em nome da paz, não sejam colocados em perigo os
valores que a tornem possível", afirmou o antigo chefe de Estado
(2002-2010), atualmente senador do Centro Democrático (direita), numa
declaração lida aos jornalistas a partir da sua propriedade situada em
Rionegro, no noroeste da Colômbia.
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