Concessões Por R$ 4 bi, fundo do FGTS quer sair de empresas Dinheiro será usado nos leilões do PPI; Caixa já negocia com compradore
Fundo de investimentos do FGTS quer vender participação em empresas
Lalo de Almeida/Folhapress | ||
Hidrelétrica de Santo Antônio (RO); FI-FGTS vai ver a participação de 5% do fundo na hidrelétrica |
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O FI-FGTS,
o bilionário fundo que aplica em infraestrutura recursos do
trabalhador, está vendendo participações em empresas que podem render R$
4 bilhões. O dinheiro será usado nos leilões do PPI (Programa de
Parceria em Investimentos).
A decisão faz parte das novas diretrizes que serão submetidas ao comitê de investimento do fundo neste mês. No entanto, a Caixa, responsável pela gestão desses recursos, já conversa com potenciais compradores.
Considerados "maduros" –porque estão garantindo retorno ao acionista e poderiam seguir adiante sem o fundo participando do comando–, esses projetos hoje representam 30% do patrimônio do FI-FGTS –que é de R$ 32 bilhões. A nova diretriz de investimento do fundo é baixar esse índice para 10% –R$ 3 bilhões.
A participação na Alupar Investimentos é uma das que estão à venda. Desde 2009, quando o FI-FGTS comprou 18% da empresa, ela já abriu o capital na Bolsa e vem se expandindo no ramo de geração e transmissão. Hoje, tem seis hidrelétricas e mais de 22 linhas de transmissão, carros-chefe de um negócio que gera receitas anuais de R$ 1,5 bilhão. A venda da Alupar poderia render R$ 450 milhões.
Na prática, a saída da Alupar já começou. Neste ano, a própria companhia comprou participações minoritárias do FI-FGTS nas suas pequenas centrais hidrelétricas –algo em torno de R$ 30 milhões.
Também estão à venda os cerca de 5% do fundo na hidrelétrica de Santo Antônio (RO), hoje avaliada em R$ 800 milhões pelo mercado.
O projeto consumiu mais de R$ 2,5 bilhões em investimentos do FI-FGTS, desde 2009. De lá para cá, houve problemas que exigiram mais recursos dos sócios e culminaram com o envolvimento da Odebrecht –líder do projeto– na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
O fundo também vai se retirar de empresas que hoje têm cláusula de saída ("put option"), como a J.Malucelli Energia, em que investiu R$ 300 milhões, em 2009. Esses prazos contratuais de venda de participação começam a vencer neste ano e, pelas regras, a companhia deve comprar a fatia do FI-FGTS.
Também devem ser vendidas as ações do Banco do Brasil recebidas em garantia pelas perdas do investimento na Sete Brasil, empresa de sondas da Petrobras que está em recuperação judicial. Com a valorização dos papéis, o fundo mais que cobriu o investimento realizado. A venda deve ser feita em etapas e movimentar cerca de R$ 2 bilhões.
Se todas as vendas forem aprovadas pelo comitê de investimento do FI-FGTS, será possível levantar R$ 4 bilhões. Com esse dinheiro, o fundo não precisará contar com os R$ 5 bilhões adicionais que o conselho curador do FGTS já aprovou para a nova rodada de financiamentos anunciados pelo Programa de Parcerias de Investimentos).
Como a Folha revelou em setembro, as novas diretrizes do fundo vetarão investimentos em participações de empresas. A partir de agora, o FI-FGTS só vai liberar financiamentos para projetos, exigindo pelo menos 20% de participação direta do empreendedor, que poderá emitir debêntures (títulos de dívida) no mercado.
O limite do FI-FGTS será de até 50% do valor do projeto. Também serão exigidas garantias firmes contratadas por bancos privados para a fase pré-operacional dos empreendimentos (prazo em que as obras são feitas e, por isso, não geram receita).
A Caixa disse que cabe ao comitê de investimento do FI-FGTS a deliberação de cada proposta de desinvestimento. O banco afirmou que "eventual matéria nesse sentido [venda de participações] será de conhecimento via publicação da pauta da reunião [do comitê], disponibilizada no site do FGTS.
Os principais investimentos
Valores, em R$ bilhões
*valores relativos ao trimestre encerrado em março
copiado http://www1.folha.uol.com.br/mercado
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