23/11/2016 - 12:50
Um
tribunal cambojano confirmou nesta quarta-feira em apelação a
condenação à prisão perpétua de dois dos principais dirigentes do Khmer
Vermelho ainda vivos, em um país desejoso de deixar para trás esta
página trágica de sua história.
Khmer Vermelho era o nome do regime do Partido Comunista da Kampuchea, que governou o Camboja de 1975 a 1979, que levou à morte milhões de cambojanos.
Nuon Chea, de 90 anos, e Khieu Samphan, de 85, foram condenado à prisão perpétua em agosto de 2014 por crimes contra a humanidade por um tribunal de Phnom Penh patrocinado pelas Nações Unidas.
Eles alegam que não estavam a par das atrocidades cometidas durante seu regime de terror.
Dois milhões de cambojanos, ou seja, 25% da população, morreram de esgotamento, fome, torturas e execuções.
O juiz Kong Srim afirmou que os dois homens, ligados ao líder supremo Pol Pot, desrespeitaram o tribunal com sua "completa falta de consideração pelo povo cambojano" e insistiu na gravidade de seus crimes.
Como consequência, "a prisão perpétua para cada um dos acusados é apropriada", acrescentou o juiz ante cerca de 700 cambojanos que assistiam a audiência, a maioria deles transportados em ônibus pagos pelo tribunal.
Nuon Chea, o ideólogo do regime, e Khieu Samphan, chefe de Estado da antiga "Kampuchea Democrática", ouviram impassíveis a leitura do veredicto.
"São uns monstros e este é seu destino, permanecer na prisão até o fim de seus dias", afirmou Chhun Leap, uma cambojana de 74 anos que perdeu 50 familiares sob o regime do Khmer Vermelho.
- Veredicto pela TV -
Apesar da crueldade dos crimes do Khmers Vermelho, que não poupou sequer uma única família no país, hoje em dia o Camboja deseja virar a página desse passado tão doloroso.
A televisão nacional transmitiu a audiência e o veredicto, apesar das críticas do primeiro-ministro Hun Sen contra o tribunal porque teme que a abertura de outros julgamentos do tipo provoque novos conflitos no país.
Os Estados Unidos, através de sua embaixadora em Phnom Penh, elogiou o resultado do julgamento e expressou seu apoio ao tribunal que cuida dos crimes da "página mais sombria da História do Camboja".
Até agora, a corte, criada em 2006, condenou três pessoas, mas prevê julgar outros dirigentes de menor escalão.
Antes de Nuon Chea e de Kieu Samphan, a justiça condenou à prisão perpétua o Duch, apelido de Kaing Guek Eav, chefe da prisão de Phnom Penh S-21, onde 15.000 pessoas foram torturadas antes de serem executadas.
Apesar da vontade geral de enterrar o passado, o processo judicial segue seu curso: Nuon Chea e Khieu Samphan também estão sendo julgados em outro caso, o de genocídio de comunidades minoritárias, matrimônios forçados, estupros e crimes cometidos em campos de trabalho forçado.
Depois da queda do regime do Khmer Vermelho, foram encontradas várias valas comuns repletas de cadáveres. Este regime de terror, de inspiração marxista, pretendia abolir o dinheiro e a religião e moldar toda uma sociedade segundo seus padrões ideológicos.
copiado https://www.afp.com/pt/n
ECCC/AFP/Arquivos / Sok Heng NHET
O ex-líder do Khmer Vermelho Nuon Chea, no tribunal internacional de Phnom Penh
Um tribunal cambojano confirmou nesta quarta-feira em
apelação a condenação à prisão perpétua de dois dos principais
dirigentes do Khmer Vermelho ainda vivos, em um país desejoso de deixar
para trás esta página trágica de sua história.Khmer Vermelho era o nome do regime do Partido Comunista da Kampuchea, que governou o Camboja de 1975 a 1979, que levou à morte milhões de cambojanos.
Nuon Chea, de 90 anos, e Khieu Samphan, de 85, foram condenado à prisão perpétua em agosto de 2014 por crimes contra a humanidade por um tribunal de Phnom Penh patrocinado pelas Nações Unidas.
Dois milhões de cambojanos, ou seja, 25% da população, morreram de esgotamento, fome, torturas e execuções.
O juiz Kong Srim afirmou que os dois homens, ligados ao líder supremo Pol Pot, desrespeitaram o tribunal com sua "completa falta de consideração pelo povo cambojano" e insistiu na gravidade de seus crimes.
Como consequência, "a prisão perpétua para cada um dos acusados é apropriada", acrescentou o juiz ante cerca de 700 cambojanos que assistiam a audiência, a maioria deles transportados em ônibus pagos pelo tribunal.
Nuon Chea, o ideólogo do regime, e Khieu Samphan, chefe de Estado da antiga "Kampuchea Democrática", ouviram impassíveis a leitura do veredicto.
"São uns monstros e este é seu destino, permanecer na prisão até o fim de seus dias", afirmou Chhun Leap, uma cambojana de 74 anos que perdeu 50 familiares sob o regime do Khmer Vermelho.
- Veredicto pela TV -
Apesar da crueldade dos crimes do Khmers Vermelho, que não poupou sequer uma única família no país, hoje em dia o Camboja deseja virar a página desse passado tão doloroso.
A televisão nacional transmitiu a audiência e o veredicto, apesar das críticas do primeiro-ministro Hun Sen contra o tribunal porque teme que a abertura de outros julgamentos do tipo provoque novos conflitos no país.
Os Estados Unidos, através de sua embaixadora em Phnom Penh, elogiou o resultado do julgamento e expressou seu apoio ao tribunal que cuida dos crimes da "página mais sombria da História do Camboja".
Até agora, a corte, criada em 2006, condenou três pessoas, mas prevê julgar outros dirigentes de menor escalão.
Antes de Nuon Chea e de Kieu Samphan, a justiça condenou à prisão perpétua o Duch, apelido de Kaing Guek Eav, chefe da prisão de Phnom Penh S-21, onde 15.000 pessoas foram torturadas antes de serem executadas.
Apesar da vontade geral de enterrar o passado, o processo judicial segue seu curso: Nuon Chea e Khieu Samphan também estão sendo julgados em outro caso, o de genocídio de comunidades minoritárias, matrimônios forçados, estupros e crimes cometidos em campos de trabalho forçado.
Depois da queda do regime do Khmer Vermelho, foram encontradas várias valas comuns repletas de cadáveres. Este regime de terror, de inspiração marxista, pretendia abolir o dinheiro e a religião e moldar toda uma sociedade segundo seus padrões ideológicos.
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