Temer dizer que 'o caso está superado' nada resolve, desgasta ainda mais o Planalto, além de repetir o lulopetismo
por Editorial
24/11/2016 10:32
Logo no início do mandato em substituição da impedida Dilma Rousseff, o presidente Temer resistiu a abrir mão do ministro do Planejamento Romero Jucá, senador por Roraima. Apanhado em gravações em que líderes peemedebistas conspiravam contra a Lava-Jato (Renan, Sarney…), Jucá saiu.
Agora é Geddel Vieira, secretário de Governo, outro peemedebista amigo. Igual a Jucá, peça de destaque no tabuleiro das negociações parlamentares que Temer precisa empreender, para retirar o Brasil do atoleiro fiscal ao menor custo possível.
Tanto quanto Jucá, Geddel se excedeu. Um foi gravado em conversa mais que comprometedora, outro é acusado de fazer lobby, ao pressionar um colega de ministério, estranho no ninho do governo, Marcelo Calero, da Cultura, para que o Iphan liberasse o projeto de um espigão em Salvador, no qual o secretário de Governo comprou um apartamento.
Calero entregou o cargo, denunciando a ação do Geddel. Até terça, ainda havia a porta aberta da justificativa de um “mal-entendido”. Depois que a “Folha de S.Paulo” desvendou, na quarta, as ligações da família de Geddel com o aberrante projeto imobiliário de 37 andares numa área tombada (hoje, nem para Copacabana seria aprovado), esta saída de emergência foi fechada.
Para agravar a situação, hoje o jornal noticia que o autor de um projeto de lei destinado a limitar o poder do Iphan no embargo de obras, deputado tucano Nilson Leitão (MT), teve encontros com Geddel, segundo a agenda do ministro. Configura-se uma ação pensada contra o instituto subordinado ao Ministério da Cultura.
Michel volta a encarar o mesmo dilema da crise de Jucá: manter os compromissos com os amigos peemedebistas ou defender um padrão ético minimamente aceitável no poder. Tem de escolher esta última opção. Aproximam-se momentos-chave para os próximos 10 a 15 anos: as reformas do teto dos gastos, da Previdência e outras.
Para defender o governo no Congresso e perante a sociedade, Temer tem de dispensar Geddel. Dizer que “o caso está superado” nada resolve, desgasta ainda mais o Planalto, além de repetir o lulopetismo.
copiado http://oglobo.globo.com/
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