Lava Jato “Valia a pena enganar Cunha” Em delação, Alexandre Margotto diz que doleiro deixava de repassar propina ao peemedebista

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Em delação, Alexandre Margotto diz que doleiro deixava de repassar propina ao peemedebista

PUBLICADO EM 23/02/17 - 03h00
BRASÍLIA. Valia a pena enganar e deixar de repassar propina ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ). É o que contou o empresário Alexandre Margotto em sua delação premiada, homologada pela Justiça Federal de Brasília na semana passada. Segundo ele, era interessante para seu ex-sócio, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, “passar a perna” em Cunha na divisão da propina paga por empresários de olho nos recursos do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS).
Nas palavras de Margotto, Funaro avaliou que “o risco valia a pena”, até porque ele sabia de muita coisa da vida de Cunha. A delação de Fábio Cleto, ex-vice-presidente da Caixa e ex-conselheiro do FI-FGTS, homologada no ano passado, já apontava que 80% da propina ficava com Cunha, e os 20% restantes eram divididos entre os outros três: 12% iam para Funaro, 4% para Margotto, e 4% para Cleto.
“Oitenta a 20 é bem desproporcional. É quatro para um. Então, qualquer coisa de 100% que fique a mais para Funaro, ele vislumbrou que o risco valia a pena”, afirmou Margotto, acrescentando: “Se você fala de 1% numa operação de R$ 1 bilhão, são R$ 10 milhões, e ele teria que repassar R$ 8 milhões (para Cunha). Então, ficar com R$ 10 milhões é de grande relevância”.
Em sua delação, Cleto também já tinha relatado um episódio em que Funaro passou Cunha para trás no repasse de propina. Questionado se o ex-deputado nunca desconfiou ou descobriu que era enganado, Margotto respondeu: “Se descobriu, não tenho como dizer. Mas ele consentiu porque, na verdade, ele falava para Fábio que (Funaro) era maluco: ‘Deixa maluco, deixa maluco’. E na verdade, Lúcio Funaro sabe muito de Cunha. Então, não é de boa praxe a briga entre os dois. Me parece que eles são bem alinhados”.
Segundo Margotto, Cleto teve de apresentar um currículo para Funaro e Cunha para que avaliassem se ele era a pessoa adequada a ser indicada para a Caixa Econômica e, assim, viabilizar o pagamento de propina. Cleto acabou sendo nomeado vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias do banco, cargo no qual, segundo a delação de Margotto e a do próprio Cleto, tinha que seguir ordens de Cunha.
Questionado se Funaro tinha pedido também seu currículo, Margotto respondeu: “Não. Ele não pediu meu currículo porque sabia que o currículo do Fábio, por Fábio ter mais experiência no que eles precisavam, emplacariam mais fácil do que o meu”.
Margotto confirmou ainda um ponto da delação de Cleto. Antes mesmo de assumir o cargo na Caixa, Cleto assinou uma carta de renúncia, que serviria como um seguro para Funaro e Cunha. Caso ele se recusasse a atender as demandas do grupo, a carta poderia ser sacada, deixando-o sem emprego.
Inimigos
Outro lado. Vera Carla Silveira, advogada de Lúcio Funaro, disse que ainda não analisou a delação de Margotto, mas adiantou que seu cliente e o empresário são “inimigos assumidos”.


STF

Fachin nega pedidos de Aécio, Lula, José Dirceu e Gim Argello

BRASÍLIA. O ministro Edson Fachin, relator dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), negou pedidos feitos pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva; pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG); pelo ex-ministro José Dirceu (PT-SP); e pelo ex-senador Gim Argello (PTB-DF). Lula e Aécio solicitavam acesso a delações premiadas. Dirceu e Argello, presos em Curitiba, pediam liberdade.
Lula queria ter acesso à delação do ex-deputado Pedro Corrêa, ainda não homologada pelo STF. Segundo a defesa, a delação foi usada pelo Ministério Público Federal em denúncias contra o ex-presidente, mas não foi juntada aos autos. Fachin entendeu que, mesmo se o acordo já estivesse homologado, o sigilo deveria ser mantido até a instauração de inquéritos baseados na delação para não comprometer as investigações.
Aécio pedia acesso às delações de Benedicto Júnior, ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, e de Sergio Neves, ex-diretor da Odebrecht em Minas, além de “qualquer outro que tenha mencionado” seu nome. Fachin negou o pedido com os mesmos argumentos usados ao responder ao pedido de Lula.
Presos. Sobre a soltura de Dirceu, Fachin negou o pedido porque o habeas corpus foi apresentado antes de Moro condená-lo no ano passado, portanto, o requerimento ficou prejudicado. Pelos mesmos motivos, o ministro negou a petição de liberdade de Gim Argello, que está preso desde abril do ano passado. Moro o condenou em outubro de 2016 por corrupção, lavagem de dinheiro e obstrução à investigação.
Imprensa
Notícia. Aécio citou matéria do site BuzzFeed segundo a qual a Procuradoria Geral da República (PGR) pediria investigação para apurar irregularidades nas obras da Cidade Administrativa.


Curitiba

Pezão vai depor como testemunha de Cabral

RIO DE JANEIRO. O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, será testemunha de defesa do ex-governador Sérgio Cabral. Acusado ao lado da mulher, Adriana Ancelmo, e de outras 11 pessoas de desviar R$ 224 milhões de obras públicas, Cabral será julgado pelo juiz Sergio Moro pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção, organização criminosa. Em despacho nessa terça-feira (21), Moro informou que as audiências de acusação deverão ocorrer entre os dias 7 e 27 de março. No próximo dia 10 deverá falar no processo o delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras.
No último dia 9, a Polícia Federal divulgou um relatório que aponta indícios de que Pezão recebeu propina do esquema de corrupção de Cabral. O nome de Pezão consta em anotações manuscritas encontradas durante busca e apreensão na casa de Luiz Carlos Bezerra, apontado como um dos operadores de Cabral. No relatório, encaminhado à 7ª Vara Federal Criminal do Rio, a PF sugere o envio das informações ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), já que Pezão tem foro privilegiado. Ele nega as acusações.

Operadores

Prejuízo. Criada por Carlos Miranda – apontado como operador financeiro do ex-governador do Rio Sérgio Cabral –, a Gralc faturou R$ 770 mil nos primeiros meses do governo do peemedebista. Em 2010, no pico da popularidade de Cabral, as receitas chegaram a R$ 2,5 milhões. Em 2015, já com Cabral fora do comando do Estado, o faturamento despencou para R$ 7.500 — queda de 99,7%.
Tornozeleira. Acostumado a uma vida de luxo, o operador de propinas Zwi Skornicki pediu ao juiz Sergio Moro para cumprir pena em casa sem tornozeleira eletrônica, alegando que o monitoramento não está previsto no acordo de delação premiada.


STF nega transferência de ex-deputado para sede da PF

BRASÍLIA. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), negou pedido feito pela defesa do ex-deputado Eduardo Cunha para que ele fosse transferido do Complexo Médico-Penal de Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, para a carceragem da sede da Polícia Federal na capital paranaense. Segundo Fachin, como perdeu o foro privilegiado, Cunha não pode ter pedidos julgados pelo Supremo.
As informações são da Agência Brasil. Cunha foi transferido para Pinhais em dezembro, por ordem do juiz Sergio Moro, que, no mesmo despacho, determinou que Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, e João Cláudio Genu, ex-tesoureiro do PP, permanecessem na sede da PF para facilitar o deslocamento para audiências na Justiça.
A defesa de Cunha alega que Moro dispensa tratamento mais rígido ao ex-deputado para pressioná-lo a celebrar acordo de delação premiada com a Justiça.
 copiado  http://www.otempo.com.br/capa/política

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