Após derrotas na turma, Fachin deve travar batalha difícil também no plenário Fachin dá um nó na estratégia para manter Palocci calado

Após derrotas na turma, Fachin deve travar batalha difícil também no plenário



Ministros do Supremo, Edson Fachin e Ricardo Lewandowski. Foto Orlando Brito
Isolado na segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF), composta por cinco ministros, o ministro Edson Fachin decidiu mandar para o plenário, com todos os 11 componentes do colegiado, a análise do pedido de liberdade do ex-ministro Antônio Palocci. Liminarmente, Fachin manteve a prisão decretada por Moro, mas caberá ao plenário analisar o mérito da questão.
Com base nos precedentes e declarações públicas dos ministros, não é possível garantir que o ministro Fachin vai ter êxito no “olé” que claramente tenta dar principalmente no trio Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, que entendem que não há justificativa legal para tantas prisões preventivas. Mas, se já há pelo menos três ministros contrários à manutenção de algumas prisões cautelares da Lava Jato, também há três votos garantidos a favor de um maior rigor: o do relator – Edson Fachin, o do ministro Roberto Barroso e o da presidente do STF, ministra Cármen Lúcia.
Importante ressaltar que o julgamento do Habeas Corpus (HC) de Palocci também deve estabelecer um consenso a ser seguido pelas turmas do tribunal e é aí que a situação se complica.
Os ministros Celso de Mello e Rosa Weber, do ponto de vista da doutrina jurídica, são mais conservadores e não costumam inovar muito quando o assunto é atualização de jurisprudências. No julgamento sobre começo do cumprimento de penas, ambos foram contra o início após condenação em segunda instância.
Já o ministro Luiz Fux tem se posicionado com rigidez e sempre apoiou as decisões de Teori Zavascki na Lava Jato. No entanto, ainda não é um voto que se pode garantir como favorável a Fachin.
Conhecido por conceder HCs polêmicos, o ministro Marco Aurélio é uma caixinha de surpresas. Se for seguir seus precedentes em decisões monocráticas, deve divergir do relator. Se contar as declarações na imprensa e a jurisprudência da primeira turma, o ministro deve manter Palocci preso.
O voto mais incerto hoje talvez seja o do novato Alexandre de Moraes. A análise desse HC será a estreia do ministro em matérias relacionadas à Lava Jato, que já foi promotor de justiça e advogado. Ou seja, já defendeu os dois lados.
Com transmissão ao vivo pela TV e pressão da sociedade e de políticos, esse provavelmente será um dos mais importantes julgamentos no Supremo esse ano. De uma forma ou outra, o resultado final poderá influenciar todos os processos, negociações e julgamentos nas instâncias da Lava Jato.


Fachin dá um nó na estratégia para manter Palocci calado

A aposta de que Palocci e João Vaccari Neto também possam sair da prisão é a confiança de petistas e aliados nos votos da maioria formada na 2ª Turma do STF por Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski. Seria um alívio para Lula e todos os petistas enroscados na Lava Jato.
No final do ano passado, esse mesmo trio foi a esperança para livrar Eduardo Cunha de uma cela no Complexo Médico-Penal, em Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. Apesar de nenhum deles morrer de amor pelo ex-presidente da Câmara, parecia certo que acatariam a reclamação de Cunha contra sua prisão.
A decisão do STF atenderia aos anseios do Palácio do Planalto, onde os inquilinos Michel Temer e seus ministros mais chegados estavam preocupados com as ameaças de Cunha. A soltura era o preço cobrado por Eduardo Cunha para ficar calado, sem delatar ninguém.
O plano naufragou porque Teori Zavascki, ao tomar conhecimento do jogo jogado, transferiu a votação para o plenário do Supremo, onde Cunha tem sido sistematicamente derrotado. Depois de Teori morrer em acidente aéreo, a reclamação foi rejeitada pelo plenário. Cunha continua preso.
Dessa vez, foi o ministro Edison Fachin quem pôs água no chopp dos que já davam como certa a libertação de Palocci. A exemplo de Teori, ele transferiu a decisão para o plenário do STF. Ali, o jogo é diferente e o placar incerto.
Horas antes desse anúncio de Fachin, o advogado Adriano Brettas, especializado em delação premiada, informou que estava deixando a defesa de Palocci. Não justificou sua saída. Em Brasília, ela foi interpretada como um recuo de Palocci em contar tudo o que sabe sobre corrupção, material para “mais um ano de investigação da Lava Jato”.
Se foi mesmo isso, no mínimo ele se precipitou. Corre o risco de ter sua temporada esticada em Curitiba, sem ter a quem recorrer, o plenário é a última instância do Supremo.
Em Curitiba, a Lava Jato continua de vento em popa. Já em Brasília parece ter entrado em modo gangorra.
A conferir.
copiado https://osdivergentes.com.br/

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