Protesto contra a Constituinte de Maduro deixa um morto Estudantes organizam protestos contra Maduro apesar do aumento da violência Procuradora-geral da Venezuela retoma críticas a Maduro


Estudantes organizam protestos contra Maduro apesar do aumento da violência

AFP / Federico PARRA Estudantes universitários protestam pedindo a saída do presidente Nicolás Maduro, em Caracas, em 15 de fevereiro de 2017
Universitários venezuelanos pretendem organizar protestos nesta quinta-feira contra o presidente Nicolás Maduro, em meio aos temores de novos atos de violência, que deixaram 32 mortos em pouco mais de um mês de manifestações da oposição.
Os estudantes, os que mais entram em confronto com as forças de segurança nas manifestações, devem organizar assembleias e passeatas em vários centros de ensino para rejeitar a Assembleia Nacional Constituinte convocada por Maduro e exigir a saída do presidente.
"Estamos aguentando há mais de um mês, isto não é uma corrida de velocidade, e sim de resistência. A Venezuela está nas ruas para lutar contra esta ditadura", afirmou Daniel Ascanio, da Universidade Simón Bolívar.
De acordo com os líderes do movimento estudantil, as manifestações terão as presenças de deputados opositores, sindicatos e outros setores.
O protesto dos estudantes acontecerá após um dia de intensos distúrbios em Caracas, depois de uma passeata de milhares de opositores contra a Constituinte, dispersada pelas forças de segurança com bombas de gás lacrimogêneo.
Vários jovens responderam com pedras e bombas incendiárias. Armando Carrizales, de 18 anos, morreu e quase 300 pessoas ficaram feridas, de acordo com informações preliminares.
- 'Seguiremos nas ruas' -
Maduro está decidido a levar adiante a ideia da Assembleia Constituinte para conter a ofensiva da oposição nas ruas e, em suas palavras, instaurar "a paz" e frear um "golpe de Estado".
A oposição afirma que a Constituinte consolida um "golpe de Estado", que alega ter começado quando o principal tribunal de justiça do país assumiu temporariamente, no fim de março, as funções do Parlamento, único poder do Estado com maioria contrária ao governo.
AFP / Federico PARRA Estudantes universitários em confrontos com a polícia durante protesto pedindo a saída do presidente Nicolás Maduro, em Caracas, em 15 de fevereiro de 2017
"Seguiremos nas ruas, apesar da forte repressão do regime", afirmou Santiago Acosta, dirigente estudantil na Universidade Católica Andrés Bello (UCAB).
Os protestos acontecem em meio a uma forte crise econômica, que afeta os venezuelanos com uma severa escassez de alimentos e remédios, além da maior inflação do mundo.
"Diante da gravidade da crise que o país vive hoje, seguiremos adiante", desafiou Ascanio, ao convocar o protesto, em meio aos aplausos dos estudantes e gritos de "democracia" e "liberdade".
De acordo com várias pesquisas, mais de 70% dos venezuelanos rejeitam a gestão de Maduro da crise, que minou sua popularidade.
O presidente entregou na terça-feira à justiça eleitoral, ao mesmo tempo em que aconteciam distúrbios, o decreto de convocação do processo que pretende "reforçar" a atual Constituição, aprovada durante o governo do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013).
De acordo com Maduro, a Constituinte "popular" será integrada por 500 pessoas, metade delas eleitas por setores sociais e as demais por circunscrição municipal, o que, de acordo com constitucionalistas, fará com que o voto não seja universal.
O presidente não explicou até agora como serão definidos os setores, em alguns casos divididos entre os que apoiam o governo e a oposição, como os universitários, apesar de ter afirmado que os estudantes e jovens terão grande participação.
"Nós não respaldamos sua Constituinte, porque o que o senhor planeja é uma grande fraude para seguir aferrado ao poder. Senhor Nicolás Maduro vá para o caralho", afirmou, irritado, Ascanio.
Os opositores defenderam nas ruas a convocação de eleições, mas o anúncio de Maduro de uma Constituinte provoca incerteza sobre as eleições de governadores, que deveriam ter acontecido em 2016, assim como sobre as votações para prefeitos de 2017 e as presidenciais de 2018.
AFP / Juan BARRETO Estudantes participam de protesto contra o presidente Nicolás MAduro, em Caracas, em 30 de março de 2017
Como parte das medidas da oposição para pressionar o governo, o presidente do Parlamento, Julio Borges, se reunirá nesta quinta-feira em Washington com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).
A Venezuela iniciou na sexta-feira passada o processo de saída da OEA, ao acusar a organização de interferência e de promover uma invasão estrangeira.
"A OEA pro caralho", afirmou na semana passada Maduro.
A situação do país provoca inquietação internacional. Vários países expressaram o temor com o aumento da violência, assim como o papa Francisco, que ofereceu ajuda a um "diálogo", mas com "condições claras".

Procuradora-geral da Venezuela retoma críticas a Maduro

VTV/AFP / HO Captura de tela da emissora estatal VTV mostra a procuradora-geral Luis Ortega, em Caracas, em 31 de março de 2017
A Procuradora-Geral da Venezuela, Luisa Ortega, condenou a violenta repressão às manifestações opositoras e defendeu a Constituição que o presidente Nicolás Maduro quer eliminar, revela uma entrevista ao Wall Street Journal publicada nesta quarta-feira.
Ortega, que pediu aos órgãos de segurança estatais que garantam o direito à manifestação pacífica e denuncia a ausência do devido processo contra os detidos nos protestos, acusou a Guarda Nacional e os corpos de inteligência de prisões arbitrárias.
"Não podemos exigir uma conduta pacífica e legal dos cidadãos se o Estado não adota decisões de acordo com a lei", disse Ortega ao jornal, em sua primeira entrevista após o início da atual onda de protestos, no dia 1º de abril.
Ortega, uma chavista declarada, foi acusada durante anos pela oposição e grupos de direitos humanos de ajudar na condenação de dissidentes e ignorar acusações de corrupção contra funcionários do governo.
A Procuradora-Geral surpreendeu a Venezuela no final de março, quando qualificou de "ruptura da ordem constitucional" a decisão do Supremo Tribunal de Justiça - apoiada por Maduro - de assumir as funções do Parlamento, dominado pela oposição.
Anulada posteriormente, a decisão do Supremo deflagrou uma onda de protestos e de repressão estatal que já deixou 32 mortos.
Os comentários de Ortega ao Wall Street Journal confirmam sua ruptura com a linha dura do governo Maduro, que enfrenta um crescente descontentamento popular devido à falta de alimentos e à inflação descontrolada.
"Esta Constituição é imbatível. Esta é a Constituição de Chávez", disse Ortega com a mão sobre uma cópia da Carta Magna de 1999, promovida pelo finado Hugo Chávez.
"Para o bem do país, é hora de dialogar e negociar. Isto significa que alguém deve tomar decisões", concluiu Ortega, de 59 anos.

Protesto contra a Constituinte de Maduro deixa um morto

AFP / RONALDO SCHEMIDT Ativistas opositores balançam bandeira da Venezuela durante confrontos com policiais em um protesto contra o presidente Nicolás Maduro, em Caracas, em 3 de maio de 2017
Um jovem de 18 anos morreu na quarta-feira em violentos confrontos entre as forças de segurança e manifestantes que protestaram em Caracas contra a convocação do presidente venezuelano Nicolás Maduro de uma Constituinte.
As manifestações devem prosseguir nesta quinta-feira, quando líderes estudantis organizarão assembleias e passeatas contra a Constituinte em várias universidades do país.
A quarta-feira foi mais um dia de violentos protestos contra o presidente Nicolás Maduro e sua decisão de convocar uma Assembleia Constituinte.
Armando Carrizales, de 18 anos, morreu em meio à repressão aos manifestantes em Caracas, elevando a 32 o número de óbitos em mais de um mês de manifestações contra Maduro.
"O jovem teve um trauma penetrante (tiro) no pescoço sem saída que produziu uma parada cardiorrespiratória. Faleceu quando era socorrido", disse Gerardo Blyde, prefeito de Baruta, sobre o incidente ocorrido em Las Mercedes, no leste da capital, onde houve uma batalha campal entre policiais e manifestantes.
Nos arredores da Praça Altamira, na mesma zona, outro manifestante foi gravemente queimado durante os protestos desta quarta-feira, constatou a AFP no local.
O jovem, que foi socorrido e levado a um hospital por paramédicos, teve o corpo queimado acidentalmente quando outro manifestante lançou gasolina sobre uma motocicleta da Guarda Nacional.
Apoiados por caminhões blindados, militares e policiais pressionaram a multidão, com gás e com jatos d'água, na autoestrada Francisco Fajardo, no leste de Caracas. Jovens, alguns encapuzados, reagiram com pedras e com barricadas em chamas.
Os confrontos deixaram quase 300 feridos, incluindo dirigentes da oposição.
Na cidade de Valencia, norte do país, foram registrados saques pela segunda noite consecutiva
No centro da capital, cujo acesso foi bloqueado aos opositores, Maduro liderou um ato para milhares de seguidores, depois de entregar ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE) o decreto para instaurar a Assembleia Constituinte. Por meio dele, o Executivo espera conseguir fazer alterações na Constituição de 1999.
"Convoco uma Assembleia Nacional Constituinte cidadã e de profunda participação popular para que nosso povo, como depositário do Poder Constituinte originário, possa, com sua voz, decidir o destino da Pátria", disse o presidente no CNE.
Maduro garante que a eleição dos 500 constituintes será feita "livremente, pelo voto universal, direto e secreto", nas "próximas semanas", em setores da sociedade e dos municípios. Metade deles deverá ser escolhida por setores sociais, nos quais o governo tem influência.
AFP / RONALDO SCHEMIDT Ativista opositor é queimado durante confronto com a polícia em protesto contra o presidente Nicolás Maduro, em Caracas, em 3 de maio de 2017
Segundo seus adversários e na visão de especialistas constitucionalistas, isso significa uma eleição "fraudulenta", e "não universal".
"É uma fraude madurista. Como não podem ganhar eleições, querem impor o modelo eleitoral cubano para se perpetuar no poder", garantiu o líder da oposição Henrique Capriles, convocando seus correligionários nas ruas.
"Todas as ditaduras caem. Esta pantomima que deseja convocar não pode tirar nossa maior força: o povo na rua", declarou o vice-presidente do Parlamento, Freddy Guevara.
No fim da noite, o governo da Venezuela divulgou um vídeo do líder opositor Leopoldo López, gravado em sua cela, após rumores sobre sua morte nas redes sociais.
"Esta é uma mensagem de fé para minha família. Hoje é 3 de maio, são nove da noite", afirma López no vídeo, exibido no programa do dirigente chavista Diosdado Cabello na TV estatal.
López, que cumpre desde 2014 uma pena de quase 14 anos na prisão militar de Ramo Verde, subúrbio de Caracas, aparece de camiseta branca, de pé e com os braços cruzados.
Na gravação, López se dirige à mulher, Lilian Tintori, que diante dos boatos seguiu na quarta-feira para Ramo Verde em busca de informações sobre o marido.
"Esta mensagem é para Lilian. Não entendo a razão pela qual é preciso dar esta prova de vida neste momento. Envio a mensagem à minha família, a meus filhos, e lhes digo que estou bem".
- Nova explosão de violência -
Encurralados pelos agentes e em meio a uma nuvem de gás lacrimogêneo, a multidão gritava "malditos" e "assassinos", nos fortes confrontos registrados esta tarde em Altamira, leste da capital.
"Constituinte, sim, 'guarimaba' [protesto violento], não", gritou Maduro para seus seguidores.
No ato, ele foi acompanhado da presidente do CNE, Tibisay Lucena, acusada pela oposição de servir ao governo. Em discurso, Lucena declarou que a Constituinte "trará paz ao país".
Para Maduro, uma "insurgência armada" surgiu da oposição, com o objetivo de derrubá-lo com um "golpe de Estado". Por esse motivo, justificou, decidiu convocar a Constituinte.
AFP / Anella RETA, Gustavo IZUS Um mês de protestos na Venezuela
"Surgiu das fileiras da oposição uma insurgência armada fascista, antipopular, que levantou suas armas contra a República, e a República tem direito de se defender contra o terrorismo", declarou no comício no centro de Caracas.
Em seu discurso, o presidente disse ter "ordenado que se ativem operações de busca dos grupos armados".
Enquanto Maduro falava, milhares de opositores tentaram chegar ao Legislativo, mas foram dispersados por policiais e militares com bombas lacrimogêneas.
O presidente socialista garantiu que sua proposta de Constituinte "cidadã e popular" busca promover a paz.
"Enquanto eles convocam a violência, eu convoco a Constituinte. Enquanto ativam grupos violentos, eu convoco o povo (...) Estamos derrotando o golpe fascista", indicou.
"Nas próximas semanas, teremos eleições. Queriam eleições? Querem votar? Vamos votar. Queriam diálogo? Tomem Constituinte", disparou Maduro.
- 'Uma Constituinte de paz' -
Trinta e duas pessoas morreram, e centenas ficaram feridas, em incidentes violentos vinculados aos protestos, como os confrontos entre manifestantes e forças de segurança, tiroteios e saques. Governo e oposição se acusam mutuamente.
Para esta quinta-feira, estudantes universitários convocaram um grande protesto, partindo das diversas instituições de ensino em todo o país.
"O movimento estudantil, a partir das distintas universidades do país, seguirá mobilizado e cada universidade liderará um protesto exigindo democracia e liberdade", disse em entrevista coletiva Daniel Ascanio, da Universidade Simón Bolívar.
Segundo Maduro, "a oposição decidiu ir para o extremismo. Hoje, estão na fase de passar para uma insurgência armada e, ante esta grave circunstância, o único caminho para garantir a paz é uma Assembleia Nacional Constituinte".
O líder socialista disse ter feito tudo por um diálogo, mas os opositores "se negaram mil vezes".
"Estendo a eles uma mão salvadora para que venham à Constituinte da paz", acrescentou.
AFP / FEDERICO PARRA Partidários do presidente Nicolás Maduro antes do anúncio no Conselho Nacional Eleitoral de decreto que pede para reescrever a Constituição, em Caracas, em 3 de maio de 2017
Já a Procuradora-Geral da Venezuela, Luisa Ortega, condenou a violenta repressão às manifestações opositoras e defendeu a atual Constituição, em entrevista ao Wall Street Journal.
"Não podemos exigir uma conduta pacífica e legal dos cidadãos se o Estado não adota decisões de acordo com a lei", disse Ortega, uma líder chavista histórica.
"Esta Constituição é imbatível. Esta é a Constituição de Chávez", declarou Ortega em outro trecho da entrevista, com a mão sobre uma cópia da Carta Magna de 1999, promovida pelo finado Hugo Chávez.

copiado https://www.afp.com/pt/n

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