Senadores do PMDB enquadram Renan, que se mantém na liderança do partido
- O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) é líder do partido no Senado
O movimento foi intenso na sala da liderança do PMDB no Senado durante toda essa quarta-feira (3). O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder do partido na Casa, chegou ao local por volta das 10h, com o posto ameaçado por uma articulação de peemedebistas insatisfeitos com a sua oposição pública ao governo do presidente Michel Temer (PMDB).
Doze horas e duas reuniões depois, ele continuava lá, tão opositor quanto antes, mas acabara de ser enquadrado por correligionários, que garantiram a sua permanência na liderança da maior bancada do Senado.
Às 14h30, Renan se reuniu por quase uma hora com representantes de centrais sindicais e senadores que fazem oposição ao governo Temer. Foi chamado de "o cara" pelo senador Paulo Paim (PT-RS) e ouviu agradecimentos de Gleisi Hoffmann, líder do PT na Casa.
Diante de jornalistas, o peemedebista voltou a fazer críticas enfáticas às reformas trabalhista e da Previdência, ambas propostas pelo Planalto, às quais, "na medida do possível, é preciso resistir". Ele também pediu dos sindicalistas que façam "mobilização social".
A primeira, aprovada na semana passada pela Câmara e enviada ao Senado, "revoga a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas)". A segunda, cujo texto foi aprovado em comissão especial da Câmara nesta quarta, é "contra os trabalhadores e contra as regiões mais pobres do país".
A mais recente de uma série de manifestações públicas de oposição ao governo federal --que incluiu ainda uma comparação da gestão Temer com a do presidente Artur Bernardes, "considerado o governo da vingança"-- fez barulho.
A insatisfação de peemedebistas com o comportamento do líder da sigla alcançou níveis sem precedentes na atual crise interna do PMDB, levando um grupo de senadores da legenda a se reunir no fim da tarde em uma sala reservada no cafezinho do plenário para discutir a questão.
Nos corredores do Senado, passou a circular a informação de que havia uma lista com assinaturas suficientes para destituir Renan do posto. Como a bancada tem 22 senadores, seriam necessários 12 votos.
Aliado de Calheiros, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) passou então a coletar manifestações de apoio ao ex-presidente do Senado e alcançou a maioria. "O Renan é o líder do PMDB no Senado", afirmou Braga ao ser questionado pela reportagem do UOL sobre o assunto.
Líder do governo na Casa, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) declarou horas mais tarde que "não houve nenhum tipo de lista contra o Renan". "A bancada do PMDB não precisa de lista nem para nomear nem para destituir líder. No dia que nós tivermos que destituir líder, nós vamos fazê-lo numa reunião no plenário", completou a senadora Simone Tebet (PMDB-MS).
Sem tratar abertamente da suposta articulação para tirá-lo do posto, Renan disse após a reunião que "o PMDB vai discutir democraticamente o que vai fazer pela sua maioria". "Se for incompatível com a liderança do PMDB defender os trabalhadores, vocês não duvidem o que pode acontecer", afirmou.
Às 17h30, teve início uma reunião na liderança do PMDB que se estendeu por quatro horas e teve a participação de quase todos os integrantes da bancada. Do lado de fora da sala, foi possível ouvir falas exaltadas de um senador. "Se nós do PMDB não chegarmos em 2018 com o país arrumado, nós vamos para o chão. Podem colocar isso na cabeça", alertou.
Depois da "lavagem de roupa suja", Jucá falou sobre o encontro. "Ninguém estava discutindo não ser [mais o líder] o Renan. Nós estávamos discutindo o funcionamento do processo de encaminhamento das coisas, questões internas", disse. Ficou acertado, segundo o senador, que Calheiros "verbalizará a posição da maioria da bancada nas questões programáticas". A reportagem apurou que esta também foi a posição apresentada por Renan.
"Foi uma reunião bastante positiva. Acalma, apara essa onda de que vai tirar o Renan. É um excelente quadro, preparado, experiente. O momento é de extrema delicadeza política. Isso quer dizer que você tem que pegar os melhores e escalar nas melhores posições", avaliou Jucá. "Ele será um aliado importante nesse processo de aprovação das reformas, então nós temos que trabalhar juntos."
Nas palavras de Simone Tebet, "houve uma insatisfação preliminar que nós queríamos levar na bancada, para conversar com ele". Segundo a senadora, não se pode pautar Renan enquanto parlamentar, "senão se coloca o líder como um fantoche".
"Ele pode falar aquilo que ele pensa enquanto senador. Nós nem entramos no mérito do que ele pensa. Agora que ele, quando se pronunciar a respeito de alguma coisa em plenário mais polêmica, que ele ouça a bancada. E foi acordado", declarou. "Nós somos uma bancada de 22, nós podemos fazer chover aqui no Senado. A nossa união é que faz a nossa força", complementou.
Os senadores do PMDB já têm outra reunião marcada, para a noite da próxima terça-feira (9): um jantar na casa da senadora Marta Suplicy (PMDB-SP). Dessa vez, esperam, o clima será "de congratulação". "Vamos brindar", disse Jucá, sem responder a o quê.
Renan compara gestão Temer a "governo da vingança" e pede mobilização contra reformas
- O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), criticou o governo Temer em entrevista
O senador Renan Calheiros (PMDB-AL), líder da bancada do seu partido no Senado e ex-presidente da Casa, declarou em reunião com representantes de centrais sindicais na tarde desta quarta-feira (3) que o governo do presidente Michel Temer (PMDB) pode ser comparado ao do presidente Artur Bernardes (1922-1926), "considerado o governo da vingança".
O senador também cumprimentou os sindicalistas pela greve geral da última sexta (28) e disse que, "na medida do possível, é preciso resistir" às reformas trabalhista –"que revoga a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas)"-- e da Previdência –"contra os trabalhadores e contras as regiões mais pobres do país". Ambas foram propostas pelo governo federal.
"O último governo que guarda alguma relação com o que está acontecendo hoje no Brasil foi o governo do Artur Bernardes, considerado o governo da vingança. No século 21 isso não pode mais se repetir no Brasil", afirmou o peemedebista, que nas últimas semanas tem feito críticas públicas às medidas defendidas por Temer.
Renan afirmou ainda que não se pode "permitir que esse desmonte se faça no calendário que essa gente quer". "Só resistiremos [senadores] na medida que a sociedade cobra se contarmos com a mobilização social. E o papel de vocês é fundamental para que isso aconteça", completou, sendo aplaudido pelos representantes das centrais.
"É evidente que na medida que houver mobilização nós vamos ver o reflexo disso aqui no Senado Federal", acrescentou Renan, que se colocou à disposição para encaminhar propostas consensuais para melhorar os projetos.
Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou a reforma trabalhista, que foi enviada para o Senado. Nesta terça (2), o presidente interino da Casa, senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) –que assumiu temporariamente no lugar de Eunício Oliveira (PMDB-CE), em licença-médica-- assinou despacho encaminhando o projeto para as comissões de Assuntos Econômicos e Assuntos Sociais da Casa.
A oposição apresentou requerimentos para que a reforma também passe pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e pela CDH (Comissão de Direitos Humanos), que devem ser votados na sessão plenária desta quarta. No início da tarde, Cunha Lima propôs um acordo à oposição para que a CCJ fosse incluída na tramitação, sem a necessidade de votação dos pedidos.
O encontro aconteceu na sala da liderança do PMDB no Senado e teve a presença de outros senadores que fazem oposição ao governo Temer, entre eles o líder da minoria, Humberto Costa (PT-PE) e a líder do PT, Gleisi Hoffmann (PR), além de Roberto Requião (PMDB-PR), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). Esta foi a segunda reunião de Renan com o grupo em menos de um mês.
Dentre os sindicalistas, compareceram à reunião o presidente da CUT (Central Única de Trabalhadores), Vagner Freitas, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (SDD-SP), líder da Força Sindical, Ricardo Patah, presidente nacional da UGT (União Geral dos Trabalhadores), entre outros. Em breves discursos, eles pediram apoio dos senadores presentes e prometeram fazer novas paralisações e "não dar paz" a quem votar a favor das reformas no Senado.
Em tom mais conciliador, Renan também declarou que não se pode deixar de discutir as reformas, desde que "em primeiro lugar ouvindo o povo, os trabalhadores". "Se for necessário, nós vamos conversar com quem for. Os trabalhadores precisam ser ouvidos", disse.
"Como é que você acaba com a contribuição sindical, e mantém a patronal, do Sistema S? A quem interessa isso?", questionou o peemedebista, ecoando reclamações dos representantes das centrais que falaram antes dele.
Procurado pelo UOL, o Palácio do Planalto disse que não iria se pronunciar sobre as crítcas de Renan.
Liderança em xeque
Cada vez mais próximo da oposição, Renan foi chamado de "o cara" pelo senador Paulo Paim (PT-RS) e ouviu agradecimentos de Gleisi Hoffmann. Líder da maior bancada partidária do Senado –composta por 22 dos 81 senadores, quase um terço do total--, Renan tem irritado o governo Temer e passou a ter sua liderança questionada por governistas, que passaram a defender a sua destituição do cargo.
Reportagem do jornal "Folha de S.Paulo" desta quarta afirma que ganha corpo uma operação para tirar Renan Calheiros da liderança do PMDB do Senado. O primeiro passo foi impedir que a reforma trabalhista fosse incluída na pauta da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). O colegiado é presidido por um aliado do senador alagoano.
Sem tratar abertamente da articulação para tirá-lo do posto, Calheiros disse que "o PMDB vai discutir democraticamente o que vai fazer pela sua maioria. "Se for incompatível com a liderança do PMDB defender os trabalhadores, vocês não duvidem o que pode acontecer", disse a jornalistas ao fim da reunião.
Durante sua fala aos sindicalistas, o líder do PMDB no Senado também falou sobre a repercussão do seu comportamento na imprensa.
"As pessoas se julgam no direito o que um senador pode defender e não pode defender, se é ou não é coerente com a sua trajetória de vida e a sua participação no Parlamento. E isso se coloca para a sociedade como se fosse uma verdade. O Parlamento não pode concordar com isso", afirmou.
copiado https://noticias.uol.com.br/
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