Israel anula acordo com ONU sobre migrantes africanos Operação de saída de rebeldes sírios prossegue em Ghuta Oriental O governo sírio controla mais da metade do país, devastado por uma guerra que deixou mais de 350.000 mortos

Israel anula acordo com ONU sobre migrantes africanos

AFP/Arquivos / MENAHEM KAHANAImigrantes africanos protestam em 22 de fevereiro de 2018 contra plano do governo israelense
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta terça-feira (3) a anulação do acordo com a ONU que estabelecia a regularização de milhares de migrantes africanos em Israel e a reinstalação de um número similar em países ocidentais.
"Depois de ouvir diversas observações sobre este acordo, analisei as vantagens e os inconvenientes, e decidi anular este acordo", afirmou Netanyahu, de acordo com um comunicado.
Na segunda-feira à noite, o governo informou a suspensão da aplicação do acordo, poucas horas depois do anúncio do mesmo com o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur).
O acordo tinha o propósito de substituir um programa de expulsões que causou grande polêmica e foi anulado após uma decisão da Suprema Corte israelense.
Esse novo plano estabelecia a reinstalação em países ocidentais de mais de 16.000 sudaneses e eritreus que vivem em Israel. Em contrapartida, o Estado hebreu se comprometia a dar visto de residência a um número equivalente de pessoas.
"Decidi suspender a aplicação desse acordo e voltar a rever os termos", afirmou o premiê, ontem, em sua página no Facebook.
O primeiro-ministro disse ter considerado as queixas feitas pelos habitantes de Tel-Aviv, localidade onde vive a maioria dos imigrantes.
O anúncio do acordo com a ONU também suscitou duras reações da direita israelense e do entorno próximo de Netanyahu.
- 'Nenhuma obrigação moral' -
AFP / Menahem KAHANAO premiê Benjamin Netanyahu, em entrevista em seu gabinete em Jerusalém, em 2 de abril de 2018
"Israel é um Estado judeu e democrático que deve se esforçar para conservar sua identidade", defendeu a ministra da Cultura, Miri Regev, apoio indefectível de Netanyahu.
Para ela, as pessoas que entraram de forma clandestina e que ficaram ilegalmente em Israel "têm de voltar para seus países".
O ministro da Educação, Naftali Bennett, dirigente do partido nacionalista religioso O Lar Judaico, declarou nesta terça à rádio pública que Israel não tem "qualquer obrigação moral de receber clandestinos em busca de trabalho".
Bennett também disse desejar que esse acordo "problemático" com a ONU seja anulado e não que ficasse apenas em suspenso - o que, de fato, Netanyahu fez horas depois.
Benjamin Netanyahu, que no ano passado prometeu "devolver o sul de Tel-Aviv aos cidadãos de Israel", deve se reunir hoje com representantes da sociedade civil nessa cidade.
"Continuamos dispostos a (aplicar o acordo), porque tem benefícios para todo o mundo", afirmou a porta-voz do Acnur, Carlotta Salma, antes de saber da anulação.
No âmbito do acordo, países como "Canadá, Alemanha, ou Itália" têm vocação para receber esses milhares de migrantes, disse Netanyahu. Ontem, estes dois últimos desmentiram as declarações do premiê.
Salma afirmou que houve um "mal-entendido" e garantiu que o Acnur tem por missão "encontrar um acordo com os países disponíveis".
Segundo as autoridades israelenses, 42.000 migrantes africanos vivem hoje em Israel. Mulheres e crianças não estão entre os ameaçados pelo plano inicial de expulsões.
Em sua maioria, esses imigrantes africanos chegaram ao território a partir de 2007, procedentes do Sinai egípcio. Nessa época, a fronteira com o Egito era muito porosa, mas, atualmente, tornou-se quase hermética.

Operação de saída de rebeldes sírios prossegue em Ghuta Oriental

AFP / Louai BesharaUm ônibus do governo sírio estacionado na passagem de Wafidin
Vários ônibus entraram na cidade de Duma nesta terça-feira (3), o último reduto rebelde de Ghuta Oriental, uma operação mediada pela Rússia que permitirá ao regime sírio retomar o controle total desta região nas proximidades de Damasco.
A saída dos insurgentes, que deve durar vários dias, não foi confirmada pelo grupo Yaish Al-Islam, a última facção rebelde presente em Duma. O movimento, com muitas divisões internas, permanece em silêncio desde que a Rússia anunciou um "acordo preliminar" para a evacuação.
Aliada do governo Bashar al-Assad, a Rússia já organizou a saída de outros dois grupos rebeldes de Ghuta Oriental.
Nos últimos dias, mais de 46.000 pessoas, quase 25% delas combatentes, deixaram Ghuta Oriental, agora controlada em 95% pelas forças do governo, graças à ofensiva iniciada em 18 de fevereiro.
As cinco semanas de intensos bombardeios deixaram mais de 1.600 civis mortos, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
A operação do regime em Ghuta é uma das maiores derrotas dos rebeldes, enfraquecidos pela força militar do governo sírio e da Rússia, desde o início da guerra em 2011.
Apesar do silêncio do Yaish Al-Islam, os combatentes de Duma e suas famílias começaram a deixar a cidade na segunda-feira.
Nesta terça-feira, ônibus aguardavam em uma estrada nos arredores de Damasco e perto da passagem de Wafidin, por onde transitam os comboios rebeldes que abandonam a região.
"A operação pode prosseguir, ou não, nesta terça-feira. Há divisões dentro do Yaish Al-Islam sobre a saída, mas seguimos com os preparativos", disse uma fonte militar.
O diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, afirmou que a operação sofreu uma interrupção pelas divisões do grupo islamita, que tem 10.000 combatentes.
"A ala radical do grupo se nega a sair", disse Abdel Rahman.
"Vamos permanecer na cidade, não vamos sair. Os que quiserem, podem ir embora", afirmou Esam Al Buidani, líder do grupo, em um vídeo divulgado no domingo, mas sem a informação sobre a data em que foi gravado.
- Vitória para o regime -
Na segunda-feira à noite, mais de 1.100 pessoas, incluindo rebeldes e suas famílias, abandonaram Ghuta e seguiram para Jarablos, um território do norte do país sob controle de rebeldes sírios pró-Turquia.
A cidade de Duma tem 200.000 habitantes e os que desejarem poderão permanecer, caso regularizem sua situação com as autoridades de Damasco.
A reconquista de Ghuta Oriental é uma vitória para o regime de Damasco. Desde 2012, a região estava sob controle dos rebeldes, que lançavam foguetes e obuses contra a capital.
Antes da ofensiva do governo, que começou em 2013, a região tinha 400.000 habitantes e sofria uma escassez de alimentos e de remédios.
Nas últimas semanas, dezenas de civis fugiram de Ghuta, e muitos buscaram abrigo em áreas próximas a Damasco controladas pelo regime, onde alguns temem represálias.
De modo paralelo, 40.000 pessoas retornaram para suas casas em várias localidades de Ghuta reconquistadas pelo regime, anunciou uma fonte militar.
Graças ao apoio militar da Rússia, o regime de Assad conseguiu importantes vitórias contra rebeldes e extremistas.
O governo sírio controla mais da metade do país, devastado por uma guerra que deixou mais de 350.000 mortos.

copiado https://www.afp.com/es/noticias

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