Sanções americanas são sentidas 'na pele' por iranianos

Sanções americanas são sentidas 'na pele' por iranianos
AFP / ATTA KENAREMotoristas iranianos abastecem os carros no dia do restabelecimento de novas sanções americanas contra o país, em Teerã, em 5 de novembro de 2018
Os efeitos da segunda onda de sanções que os Estados Unidos começaram a aplicar nesta segunda-feira nos setores petroleiro e financeiro do Irã já são sentidos por muitos iranianos "na própria pele".
"Não preciso ler as notícias para saber que as sanções entraram em vigor. Sinto na própria pele", afirmou Farzad, de 65 anos, a caminho do bazar Tajrich, no norte de Teerã, onde faz suas compras semanais.
"Quem vai ao mercado para comprar produtos de primeira necessidade se dá conta imediatamente", disse o aposentado à AFP.
Muitos iranianos ficam inquietos com as novas medidas de represália, após meses de marasmo econômico devido a problemas conjunturais internos e depois que o presidente americano Donald Trump restabeleceu uma primeira onde de sanções em agosto.
O acordo assinado em 2015 entre o Irã e as grandes potências levou a um levantamento de parte das sanções, em troca do compromisso de Teerã de não desenvolver armas nucleares.
"Sempre houve sanções, já faz quase 40 anos", lamentou Sogand, professora universitária aposentada.
"Os Estados Unidos têm o poder e tiranizam todo o mundo. Não apenas nós, tiranizam inclusive os europeus", opinou.
França, Alemanha e Reino Unido, signatários do acordo, se disseram "decididos a garantir a aplicação" do texto "mantendo os benefícios econômicos" para o povo iraniano.
Mas desde o restabelecimento das primeiras sanções americanas e com tendo em vista esta segunda fase, cada vez mais empresas europeias anunciaram o fim de suas atividades no país.
- 'Não estão à altura' -
"Já faz 40 anos que o governo tenta e fracassa. Simplesmente não estão à altura", criticou o aposentado Farzad.
Segundo ele, "deveriam renunciar e deixar pessoas capazes fazer o trabalho".
Em todo o Irã, sente-se um clima entre arrependimento, ansiedade e cansaço.
Mehdi Mirzaee precisou fechar sua loja têxtil devido ao aumento dos preços da lã.
"Os Estados Unidos não param de nos lançar golpes, mas jamais seremos seus servos", garantiu.
Alguns iranianos lamentam ter acreditado que o isolamento no qual o país se encontrava acabaria com o acordo nuclear de 2015.
"Quando foi assinado, ficamos muito felizes. Pensamos que tudo mudaria para melhor", admitiu Fereshteh Safarnezhad, professora de 43 anos.
"Infelizmente, tanto os americanos, quanto o governo do Irã nos desonraram. Os americanos nunca se comprometeram realmente com o acordo e [nosso] governo não investiu em seu povo o dinheiro arrecadado graças ao acordo", disse.
Decepcionados, outros iranianos já não creem em uma solução rápida para suas desgraças econômicas.
AFP / ATTA KENARECidadão iraniano caminho no dia do restabelecimento de novas sanções americanas contra o país, em Teerã, em 5 de novembro de 2018 
"O problema é que a economia do Irã estava doente de todas as formas. Mesmo se as sanções fossem levantadas imediatamente, seriam necessários anos para curá-la", acrescentou Safarnezhad.
A economia iraniana já sofria com diversos males antes da ofensiva de Donald Trump, e o anúncio da volta do embargo ao petróleo lançou o país em uma recessão. O Fundo Monetário Internacional espera uma queda de 3,6% da economia em 2019.


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