Banco Mundial entrevê possíveis tempestades para economia global

Banco Mundial entrevê possíveis tempestades para economia global

AFP/Arquivos / Tim SLOANFoto de 8 de agosto de 2003 mostra prédio do Banco Mundial em Washington, DC
O conflito comercial entre China e Estados Unidos, as duas maiores potências mundiais, já está provocando danos colaterais e ameaça causar mais prejuízos à economia global, alertou nesta terça-feira (8) o Banco Mundial (BM).
A desaceleração global está em curso, à medida que cresce a dívida pública e de empresas, especialmente nos países mais pobres, justamente em um momento no qual a alta das taxas de juros encarece o crédito, destacou o Banco em seu relatório semianual de Previsões para a Economia Mundial.
O estudo é drasticamente mais pessimista que há um ano, quando a perspectiva era um crescimento mundial sincronizado, com indícios e advertências para implementar reformas "urgentes", "imperativas" e "críticas".
"A economia global está passando por um período difícil. Os céus estão ficando escuros, e vemos que a economia global está se desacelerando. Os riscos estão crescendo", disse à AFP Ayhan Kose, diretor do Grupo de Análises sobre as Perspectivas.
O Banco Mundial espera que o ritmo de crescimento da economia global se desacelere a 2,9% este ano e 2,8% em 2020, levemente abaixo das projeções anteriores e quase todas as regiões e países sofreram cortes em suas previsões.
No centro das turbulências, espera-se que a economia americana cresça 2,5% este ano, ante 2,9% em 2018, e que mais tarde a expansão seja reduzida a 1,7%.
A economia chinesa também está se desacelerando em meio a disputas comerciais e os especialistas do Banco esperam que cresça 6,2% neste ano e no próximo.
Kose, diretor da equipe que duas vezes ao ano traça as previsões do banco, disse esperar um afrouxamento das tensões, mas aconselhou os governos a se prepararem.
"O crescimento global continua sendo robusto, mas se vai haver tempestades ou céus claros depende em grande medida de como os responsáveis pelas políticas públicas reagirão", disse.
- Tensões comerciais -
O banco considera que é baixa a probabilidade de haver uma recessão nos Estados Unidos, mas mesmo um pequeno tropeço poderia ter forte impacto.
E se os Estados Unidos ou a China se desacelerarem um ponto inteiro, isso reduziria o crescimento global na mesma medida, com impactos devastadores para muitos países.
"As tensões comerciais já estão afetando a atividade no mundo todo", disse Kose, alertando que a situação pode piorar.
O relatório reduziu fortemente os prognóstico para mercados emergentes cruciais no mundo todo, como México, África do Sul e Rússia. Tampouco trouxe boas projeções para dois países abalados por crises cambiais em 2018: Argentina e Turquia.
O BM estimou que a América Latina, após fechar 2018 com desempenho decepcionante, com crescimento estimado de 0,6%, registrará expansão de 1,7% em 2019.
Por ora, Índia e Indonésia conseguem permanecer à margem deste movimento.
"Estados Unidos e China representam cerca de 40% do PIB global e 20% do comércio global. Como vão resolver suas diferenças vai ser muito importante", explicou.
O comércio é um impulso para o crescimento e foi "um motor para reduzir a pobreza", indicou. "Nossa esperança é que estas diferenças sejam resolvidas", acrescentou.
Mas a forte queda dos mercados de ações no fim do ano mostrou que a incerteza gerada pelas tensões comerciais reduz a confiança e o investimento, afirmou Kose.
- Absorção de choques -
Com um panorama de riscos em alta, o Banco Mundial pediu para os países se prepararem, estabelecendo mudanças nos gastos, investimentos e empréstimos, para estabelecer "políticas de absorção de choques" para lidar com eventuais contratempos.
"É preciso ter senso de urgência", disse Kose. "Em última instância, um marco de políticas robusto é certamente mais importante quando há uma economia em desaceleração e com riscos crescentes", acrescentou o especialista.
O relatório destaca com preocupação o aumento dos custos do endividamento para os países pobres.
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