Cinco jornalistas estrangeiros são detidos na Venezuela; dois chilenos deportados. Eurocâmara reconhece Guaidó como presidente de Venezuela

Cinco jornalistas estrangeiros são detidos na Venezuela; dois chilenos deportados

AFP / Federico PARRAPoliciais venezuelanos montam guarda durante protesto contra o governo
A tensão política na Venezuela chegou à imprensa estrangeira: dois jornalistas franceses, dois colombianos e um espanhol permanecem detidos e dois chilenos foram deportados nesta quarta-feira, após passarem 14 horas sob a custódia das autoridades.
Três repórteres da agência espanhola EFE e um motorista da empresa foram detidos na quarta-feira em Caracas, afirmou à AFP a diretora da agência na Venezuela, Nélida Fernández.
Os detidos são os colombianos Leonardo Muñoz (fotógrafo) e Mauren Barriga (cinegrafista) e o repórter espanhol Gonzalo Domínguez, que chegaram a Caracas procedentes de Bogotá em 24 de janeiro. O motorista venezuelano José Salas também foi detido.
Barriga e Domínguez ficaram sob custódia de agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin), que os aguardavam no hotel em que estavam hospedados, indicou Fernández.
O governo da Espanha exigiu nesta quinta-feira a libertação imediata dos funcionários da agência EFE.
"O governo da Espanha rejeita energicamente a detenção em Caracas de quatro membros de uma equipe da agência EFE por agentes do Sebin", afirma um comunicado divulgado pelo ministério das Relações Exteriores.
Os profissionais da imprensa, detidos na quarta-feira, viajaram de Bogotá para cobrir a crise na Venezuela.
"O governo exige novamente das autoridades venezuelanas o respeito ao Estado de Direito, aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, das quais a liberdade de imprensa é um elemento central", completa a nota.
Fontes diplomáticas confirmaram à AFP que os franceses Pierre Caillé e Baptiste des Monstiers, repórteres do Quotidien - um popular programa do canal de televisão TMC -, foram interceptados quando gravavam imagens dos arredores do Palácio presidencial de Miraflores.
Os jornalistas franceses foram detidos junto com seu produtor no país, Rolando Rodríguez, denunciou o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP, em espanhol) da Venezuela.
"Perdemos o contato com eles" quando cobriam uma vigília em apoio ao presidente Nicolás Maduro, acrescentou o sindicato.
"Dois jornalistas da nossa equipe foram presos ontem na Venezuela. Estavam lá para cobrir a crise política (...) É difícil dizer mais por conta do risco de piorar a situação. Pensamos neles", reportou a conta no Twitter do Quotidien.
O governo francês comentou o caso.
"Exigimos a libertação e estamos fazendo todo o possível para obtê-la no prazo mais breve", afirmou a porta-voz do ministério francês das Relações Exteriores, Agnes von der Muhll.
A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Federica Mogherini também exigiu a libertação de todos os jornalistas detidos sem motivo na Venezuela.
Na terça-feira à noite também foram detidos nas proximidades de Miraflores dois repórteres do canal público chileno TVN, Rodrigo Pérez e Gonzalo Barahona, junto com os comunicadores venezuelanos Maikel Yriarte e Ana Rodríguez, que os acompanhavam.
O governo de Maduro ordenou a deportação de Pérez e Barahona depois de "inexplicáveis 14 horas de prisão", informou o chanceler chileno, Roberto Ampuero. Yriarte e Rodríguez foram previamente libertados.
Yriarte disse que as autoridades alegaram que os repórteres estavam em uma "zona de segurança".
"É o que as ditaduras fazem: pisotear a liberdade de imprensa, silenciar a liberdade com violência. Apenas agradecemos pelos nossos compatriotas voltarem ao Chile sãos e salvos", escreveu Ampuero no Twitter.
Vários jornalistas estrangeiros foram presos ou deportados nos últimos anos por não terem permissão para trabalhar na Venezuela.
Na terça-feira, em um comunicado, a organização Repórteres Sem Fronteiras denunciou "atos de violência das forças de ordem contra jornalistas" nacionais e estrangeiros que cobrem a onda de protestos da oposição vivida no país desde 21 de janeiro.

Eurocâmara reconhece Guaidó como presidente de Venezuela

AFP / Luis ROBAYOJuan Guaidó em 30 de janeiro de 2019 em Caracas
O Parlamento europeu se tornou, nesta quinta-feira (31), a primeira instituição a reconhecer Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, aumentando a pressão sobre os países do bloco para que façam o mesmo.
A Eurocâmara "reconhece Juan Guaidó como presidente interino legítimo da República Bolivariana da Venezuela, em conformidade com a Constituição venezuelana", diz a resolução aprovada por 439 votos a favor, 104 contra e 88 abstenções.
Na resolução, o organismo apela todos os países da União Europeia a fazer o mesmo, adotando "uma posição firme e unificada".
Paralelamente, a UE, por meio de sua chefe da diplomacia Federica Mogherini, que preside nesta quinta uma reunião em Bucareste dos chanceleres do bloco que tratará da crise na Venezuela, exigiu a libertação de todos os jornalistas presos sem razão por Caracas.
Dois jornalistas franceses e três jornalistas da agência espanhola EFE - um repórter espanhol, uma cinegrafista colombiana e um fotógrafo colombiano - bem como seu motorista venezuelano foram detidos. Dois jornalistas chilenos também foram expulsos.
As detenções de jornalistas internacionais acontecem pouco antes de uma nova manifestação convocada pela oposição, que exige o estabelecimento de um governo de transição e a organização de eleições gerais livres.
Nicolás Maduro e seus partidários "não vão conseguir impedir que o mundo saiba o que está acontecendo na Venezuela", reagiu Juan Guaidó no Twitter, descartando a hipótese de guerra civil no país.
"O risco de uma guerra civil não exite, ao contrário do que alguns querer acreditar. Por que? Porque 90% da população quer uma mudança", assegurou em uma entrevista publicada pelo jornal espanho El Pais.
Guaidó, que se autoproclamou presidente interino em 23 de janeiro, alertou contra o "risco de violência" da parte de "Maduro e de seu regime", que utilizam as forças especiais e "paramilitares" contra a oposição.
O risco de distúrbios civis aumentou neste país de 32 milhões de habitantes, um dos mais violentos do mundo. Para o sábado, os dois campos organizam manifestações, com o risco de enfrentamentos.
Desde o início das mobilizações em 21 de janeiro, cerca de quarenta pessoas foram mortas e mais de 850 presas, segundo a ONU.
Juan Guaidó voltou a pedir que o todo-poderoso Exército venezuelano não reconheça Maduro como presidente: "Estou convencido de que em algum momento (...) o Exército acabará demonstrando seu descontentamento, e aproveitará esta oportunidade para ficar do lado da Constituição. E não apenas porque propomos anistia e garantias".
O deputado social-democrata de 35 anos deve apresentar nesta quinta seu plano para tirar o país da crise, que levou milhões de venezuelanos a emigrar.
"Trabalharemos para estabilizar a economia, responder imediatamente à emergência humanitária, restaurar os serviços públicos e superar a pobreza", escreveu no Twitter.
Desconhecido para o público em geral há um mês, Juan Guaidó proclamou-se presidente interino invocando um vácuo de poder porque a oposição considera o segundo mandato do chefe de Estado, iniciado em 10 de janeiro, ilegítimo por causa de eleições fraudulentas.
Seis países (Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Holanda, Portugal) deram ao presidente Maduro até domingo para convocar eleições, caso contrário, reconhecerão seu adversário. Até agora, Maduro parece ignorar essas ameaças.
Ao mesmo tempo, a pressão dos Estados Unidos está se tornando cada vez mais insistente, com sanções financeiras para sufocar o governo e repetidos alertas.
"A luta pela liberdade começou!", tuitou Donald Trump ao final do dia de protestos de quarta-feira.

copiado https://www.afp.com/pt

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