Acusada de espionagem, Huawei resiste à pressão americana. EUA e China retomam em Pequim negociações comerciais

Acusada de espionagem, Huawei resiste à pressão americana

AFP/Arquivos / WANG ZHAOHuawei é considerada líder global da tecnologia 5G
A gigante de telecomunicações chinesa Huawei anunciou nesta sexta-feira que seu lucro líquido aumentou, apesar de um declínio na atividade, em um contexto de intensa campanha dos Estados Unidos e de outros países contra a empresa, acusada por eles de espionagem.
O grupo, baseado em Shenzhen (sul) e suspeito de espionar para o governo de Pequim, aumentou seu lucro líquido em 25% em 2018, a 59,3 bilhões de yuans (US$ 9,5 bilhões).
Já o faturamento no ramo de infraestrutura caiu em 1,3% em 2018, contra um aumento de 2,5% no ano anterior.
Este indicador parcial ruim é o primeiro sinal tangível do impacto da pressão dos EUA sobre a Huawei, considerada a líder global em tecnologia de telecomunicações 5G, a futura geração de conexão de altíssima velocidade para dispositivos móveis.
Mas Washington insiste que a China usa sua influência na empresa para espionar as comunicações de países que usam a tecnologia da Huawei.
Por isso, desde o ano passado, os Estados Unidos aumentaram a pressão sobre seus aliados para evitar usar os serviços do grupo chinês.
No entanto, Washington não forneceu as provas - pelo menos publicamente - para apoiar as acusações contra a Huawei.
- Impacto -
"As preocupações de segurança têm um impacto na Huawei, à medida que mais e mais países impõem restrições ao material relativo à rede da empresa", analisa Brock Silvers, diretor geral do gabinete Kaiyuan Capital.
O último episódio veio de Londres, que na quinta-feira se referiu aos "novos riscos" que a Huawei geraria para a segurança das redes de telecomunicações do Reino Unido.
"Esta campanha lançada pelos Estados Unidos está apenas começando, e é improvável que desapareça rapidamente", segundo Brock Silvers, que também cita o contexto de comércio e conflito diplomático entre a China e os Estados Unidos.
A prisão, em dezembro, da diretora financeira da Huawei em Vancouver, no Canadá, a pedido da Justiça americana foi um golpe para a empresa chinesa.
Meng Wanzhou é suspeita de ter mentido para vários bancos para permitir que a Huawei entrasse no mercado iraniano entre 2009 e 2014, violando assim as sanções de Washington. Ele corre o risco de ser extraditada para os Estados Unidos.
- Na adversidade -
Na publicação de seus resultados anuais na sexta-feira, a gigante das telecomunicações chinesa reconheceu implicitamente a existência de dificuldades e prometeu fazer tudo para superá-las, em um comunicado intitulado "Na adversidade, crescimento em ascensão".
"No futuro faremos todo o que estiver ao nosso alcance para evitar as distrações externas, melhorar a administração e obter progressos em direção aos nossos objetivos estratégicos", declarou o líder do grupo, Guo Ping.
As vendas da Huawei, na verdade, aumentaram 19,5% em relação ao período anterior, impulsionadas em grande parte por smartphones e tablets, que representam mais de 45% de seu faturamento

EUA e China retomam em Pequim negociações comerciais

AFP/Arquivos / MANDEL NGANEUA e Pequim retomam negociações comerciais
Estados Unidos e China iniciam nesta quinta-feira uma nova rodada de negociações, em um novo esforço para superar as tensões comerciais que afetam a economia mundial.
O representante americano do Comércio, Robert Lighthizer, e o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, devem retomar as conversações, as primeiras desde que a China adotou medidas internas que foram interpretadas como um gesto de apoio ao esforço bilateral.
Embora o presidente americano Donald Trump tenha expressado recentemente a esperança de conseguir assinar em breve um acordo com o colega chinês Xi Jinping, as negociações se arrastam, sem chegar aos temas substanciais do desentendimento.
Por este motivo, Lighthizer reduziu as expectativas antes do encontro em Pequim, que terá na sequência novas conversações em abril em Washington.
"Se houver um grande acordo para assinar, nós faremos isso. Em caso contrário, vamos procurar outro plano ", disse durante a semana.
Os dois gigantes econômicos adotaram em 2018 reciprocamente tarifas de importação que alcançam bilhões de dólares, um duelo que afetou a indústria e a agricultura dos dois países, com efeitos colaterais para diversas outras economias.
Trump deu a entender que as tarifas adotadas por Washington poderiam ser mantidas mesmo no caso de um acordo, para verificar se a China cumpre com sua parte.
Pequim, no entanto, aprovou medidas para atender as reclamações americanas.
No início de março, o Parlamento chinês aprovou uma lei que protege as empresas estrangeiras da necessidade de transferir tecnologia, uma das principais queixas do governo dos Estados Unidos.
O primeiro-ministro chinês Li Keqiang reiterou nesta quinta-feira o compromisso de aumentar as sanções aos que violam a propriedade intelectual, um tema central na disputa com Washington.


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