Parlamento britânico busca soluções alternativas para caos do Brexit

Parlamento britânico busca soluções alternativas para caos do Brexit

UK PARLIAMENT/AFP / Mark DUFFYPremiê britânica, Theresa May (centro), no Parlamento, em 25 de março de 2019, em Londres
Em busca de uma solução para o caos do Brexit, a apenas 16 dias da nova data-limite estabelecida pela UE, os deputados britânicos votam nesta quarta-feira (27) propostas alternativas ao acordo defendido pela primeira-ministra Theresa May, que já foi rejeitado duas vezes.
A Câmara dos Comuns, onde muitos parlamentares acusam May de ter perdido tempo insistindo durante meses em um texto que desagrada tanto a eurocéticos quanto a pró-europeus, acabou tomando do governo a agenda de debates para poder organizar a jornada de "votações indicativas".
O movimento parlamentar não tem precedentes no país e, para os críticos da primeira-ministra, demonstra que ela perdeu completamente o controle da situação, quando o tempo é cada vez mais curto.
A União Europeia (UE) advertiu que, sem a aprovação do acordo esta semana, o Reino Unido deverá apresentar um plano alternativo até 12 de abril, ou assumir o risco de um Brexit brutal.
"Deve-se encontrar um plano B para proteger os trabalhadores e a economia", lançou no Parlamento o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, lembrando que os deputados já rejeitaram categoricamente, duas vezes, o texto negociado por May com Bruxelas.
"Continuamos trabalhando para garantir que daremos o Brexit ao povo britânico", foi a resposta da primeira-ministra que reconheceu, há apenas dois dias, ainda não dispor dos apoios necessários.
- "Uma escolha muito desagradável" -
Em uma Câmara muito dividida, pode levar mais de um dia para conseguir identificar que opção ou opções teriam o apoio da maioria.
Isso aumenta, porém, as chances de que opte por pedir à UE um longo adiamento da data de saída, ou por negociar um Brexit mais suave que mantenha o país dentro da união aduaneira, ou no mercado único europeu.
May tem confiança em que esta perspectiva acabará convencendo os rebeldes eurocéticos de aprovar seu acordo. E, nesta quarta, a estratégia parecia começar a dar seus frutos.
"Enfrentamos uma escolha muito desagradável. Acredito que chegamos ao ponto de que é melhor ir embora legalmente do que não ir embora de jeito nenhum", disse à rádio BBC 4 o conservador Jacob Rees-Mogg, líder do principal grupo eurocético.
Para poder esperar que o texto seja aprovado em uma terceira votação - organizada talvez nesta quinta, ou sexta -, May precisava convencer pelo menos 75 legisladores de suas próprias fileiras. Vários deles pediram que ela deixe a direção do partido e do governo.
A líder conservadora deve falar em privado com todos os deputados tories às 17h (16h em Brasília), duas horas antes dos "votos indicativos".
"Está cada vez mais claro que o preço que esta primeira-ministra pagará por forçar a aprovação de seu desastroso acordo é o preço de sua saída", disse o nacionalista escocês Ian Blackford, denunciando que uma renúncia agravaria ainda mais o caos.
As alternativas que os deputados debaterão à tarde podem ir da negociação de um Brexit mais suave até a convocação de um segundo referendo. E cabe ao presidente da Câmara, o controverso John Bercow, determinar quantas e quais das 16 propostas apresentadas serão submetidas a uma complexa votação múltipla, cujo resultado será conhecido às 21h locais.


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