Clã Bolsonaro repete com Maia roteiro que enterrou reforma no governo Temer

Carlos Bolsonaro continua a provocar Rodrigo Maia nas redes sociais. Irônico, perguntou no Instagram ontem, por exemplo, por que Rodrigo Maia anda tão nervoso.
Clã Bolsonaro repete com Maia roteiro que enterrou reforma no governo Temer
Tales Faria
22/03/2019 10h27
O fim da boa relação com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ameaça enterrar a reforma da Previdência da mesma forma como ocorreu no governo de Michel Temer.
A história do relacionamento de Jair Bolsonaro com o presidente da Câmara começa a repetir o enredo do período Temer: em meio a intrigas familiares e disputas locais pela política no Rio de Janeiro, Maia e o Planalto se afastam.
Carlos Bolsonaro continua a provocar Rodrigo Maia nas redes sociais. Irônico, perguntou no Instagram ontem, por exemplo, por que Rodrigo Maia anda tão nervoso.
Os bolsonaristas inundaram a internet com memes em favor do ministro da Justiça, Sergio Moro, na disputa contra o presidente da Câmara pela supremacia do pacote de segurança sobre a reforma previdenciária. E Maia não aguentou. Telefonou para Paulo Guedes ameaçando largar de vez as articulações pelo ajuste fiscal no Congresso.
Nem tudo está perdido. Guedes tentará à exaustão fazer o presidente da Câmara voltar atrás. Pode ser que consiga.
Mas a relação entre Rodrigo Maia e o Planalto parece seguir definitivamente o mesmo caminho do governo Temer. Sendo assim, dificilmente a reforma da Previdência será aprovada.
Aos deputados mais próximos, Rodrigo Maia diz acreditar que nem Bolsonaro, nem os filhos, nem o PSL querem mesmo aprovar a reforma.
O fator Rodrigo Maia foi decisivo para enterrar a reforma no governo passado.
Michel Temer conseguiu barrar no Congresso dois pedidos de abertura de processo graças a uma base parlamentar forte (fisiológica ou não) e à ajuda do presidente da Câmara. Mas os tais dois processos acabaram enfraquecendo a base parlamentar do ex-presidente. Restava-lhe a boa relação com Rodrigo Maia.
A política no Rio de Janeiro se sobrepôs até aos laços familiares com o então poderoso ministro e braço direito de Temer, Moreira Franco –cuja enteada é casada com Rodrigo Maia. Ex-governador do Rio de Janeiro e cacique do MDB local, Moreira foi acusado por Maia de promover intrigas entre ele e o Palácio do Planalto.
As relações entre os dois só melhoraram com o fim do governo Temer e o enfraquecimento do MDB do Rio devido aos escândalos envolvendo Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão e o comando da Assembleia Legislativa. O partido se tornou para o DEM de Rodrigo Maia um adversário sem peso eleitoral. Ele e Moreira voltaram a se relacionar com menos hostilidades. Mas sem confiança mútua.
Com a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara foi procurado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Rodrigo Maia vislumbrou, então, uma nova chance de aprovar parte de seu projeto político para o país: um ajuste fiscal de corte marcadamente liberal. E reforçar seu protagonismo na mídia e sobre os agentes de mercado.
O presidente da Câmara aceitou assumir novamente, como chegou a ocorrer no governo Temer, as articulações para a aprovação de medidas liberais no Congresso. Especialmente a reforma da Previdência.
Mas a política do Rio de Janeiro voltou a falar mais alto.
Os filhos de Bolsonaro foram eleitos em oposição ao grupo de Rodrigo Maia no estado. Flávio Bolsonaro (PSL), para o Senado, e Carlos Bolsonaro (PSC), como vereador.
Bolsonaro e os filhos elegeram Arolde Oliveira (PSD) na segunda vaga do Senado, derrotando o ex-prefeito e favorito Cesar Maia, pai de Rodrigo. Derrotaram também o candidato do presidente da Câmara para o governo, Eduardo Paes (DEM), inflando o então inexpressivo e agora atual governador, Wilson Witzel (PSC).
A campanha acabou, mas as arestas entre os dois grupos permanecem. Vale esperar para ver o final dessa novela.

   copiado  https://noticias.uol.com.br/

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