109
dos 201 membros do comité central do Syriza, o partido de Alexis
Tsipras, primeiro-ministro grego, assinaram esta quarta-feira uma
declaração condenando o acordo alcançado com a zona euro, considerando-o
um golpe contra a nação grega por parte dos líderes europeus. A
declaração, segundo o Ekathimerini, refere que o acordo é "o resultado
de ameaças de imediata estrangulação financeira" e que obrigará a um
novo resgate humilhante em termos de supervisão, "destrutivo" para o
país e para o povo grego.
Apesar de este ser um golpe forte na
credibilidade de Tsipras dentro do seu partido, menos de 15 destes
militantes têm assento parlamentar, pelo que a sua posição não deverá
influenciar decisivamente o voto que terá lugar esta noite no parlamento
grego. Os deputados terão de aprovar as duras medidas de austeridade a
implementar com urgência para dar início às negociações formais do
terceiro resgate a Atenas. A sobrevivência do governo de Tsipras, no
entanto, está em causa, já que muitos deputados do Syriza, mesmo não
tendo assinado esta declaração, deverão votar contra as propostas
internacionais. Os Gregos Independentes (ANEL), partido coligado com o
Syriza, já admitiu que continua a apoiar o Governo mas rejeita o acordo.
Este poderá ser aprovado com o voto dos partidos pró-europeus da
oposição.
Para amanhã, quinta-feira, às 10.00, já está agendada
uma reunião do Eurogrupo, em que os ministros das Finanças da zona euro
deverão analisar se todas as medidas necessárias à abertura da
negociação do terceiro resgate foram devidamente aprovadas pelo
parlamento grego e também o 'financiamento-ponte' que,
segundo a proposta da Comissão Europeia, será assegurado pelo Mecanismo de Estabilização Financeira.
Durante
o debate que aconteceu esta manhã, no parlamento grego, o antigo
ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, que nos últimos dias tem feito
duras críticas ao acordo alcançado pela Grécia com os parceiros
internacionais, comparou o entendimento ao Tratado de Versalhes,
assinado no final da Primeira Guerra Mundial e que representou uma
humilhação para a Alemanha, obrigada a reconhecer a responsabilidade no
conflito e a pagar elevados montantes de reparações financeiras à
Tríplice Entente - nome dado à aliança formada pelo Reino Unido, França e
Império russo.
Segundo Varoufakis, a única razão pela qual os
deputados estão hoje reunidos no parlamento a discutir o acordo é o
falhanço das negociações com os credores. O antigo governante diz que,
de momento, tudo depende da reestruturação da dívida, mas
"infelizmente", esta só acontecerá quando falhar o terceiro programa de
resgate.
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