Após
quase sete horas de reunião, os ministros das Finanças da zona euro
aprovaram hoje o terceiro resgate à Grécia, num valor de 86 mil milhões
de euros por três anos, valor no qual estão incluídos 25 mil milhões
para recapitalizar o setor bancário. A primeira tranche do empréstimo
será de 26 mil milhões de euros e deverá ser aprovada na quarta-feira,
um dia antes do pagamento de 3,2 mil milhões ao Banco Central Europeu.
De acordo com o Eurogrupo, esta parcela será divida em duas - a primeira
será de 10 mil milhões de euros "e será disponibilizada imediatamente
numa conta separada do Mecanismo de Estabilidade Europeu para
recapitalização dos bancos e efeitos de resolução"; a segunda
corresponde a 16 mil milhões de euros e será entregue a Atenas em várias
tranches, "começando por 13 mil milhões a 20 de agosto, seguida de uma
ou mais no outono de acordo com a implementação de medidas chave".
"Estamos
confiantes de que uma implementação decidida o mais rápida possível das
medidas de reformas constantes do memorando de entendimento irá
permitir à economia grega regressar a um caminho de crescimento
sustentável assente em finanças sólidas, num aumento da competitividade,
subida do emprego e estabilidade financeira", refere o
comunicado do Eurogrupo.
Em novembro, os bancos poderão receber mais 15 mil milhões, dependentes
da primeira avaliação ao novo resgate, que deverá acontecer até ao dia
15 desse mês.
Os ministros das Finanças da zona euro voltaram a
sublinhar a "indispensável" continuação da participação do FMI na ajuda à
Grécia e esperam que a sua direção pondere um apoio financeiro
adicional depois de cumpridas as reformas acordadas e seja alcançado um
entendimento "sobre um possível alívio da dívida para garantir a sua
sustentabilidade". A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, reagiu à
"luz verde" do Eurogrupo, voltando a sublinhar a importância do alívio
da dívida grega e mostrando-se "ansiosa por trabalhar de perto com a
Grécia e os seus parceiros europeus nos próximos meses".
As boas
notícias vindas esta noite de Bruxelas seguem-se a uma manhã negra para o
primeiro-ministro grego, que enfrentou a maior rebelião de sempre
dentro do Syriza, com 43 dos seus 149 deputados a não apoiarem o
terceiro resgate a Atenas. Dissidência que está a levar Alexis Tsipras a
ponderar pedir uma moção de confiança ao Parlamento grego depois de o
país receber a primeira tranche do novo empréstimo, o que deve acontecer
até dia 20. Possibilidade avançada aos media gregos por fonte do
governo.
Como já havia acontecido nas duas votações anteriores o
terceiro resgate a Atenas foi aprovado graças ao apoio dos partidos da
oposição pró-Europa - Nova Democracia, To Potami e PASOK -, num total de
222 dos 300 deputados a darem o sim, 64 a votarem contra e a 11
absterem-se. A dissidência dentro do Syriza, que na última votação tinha
sido protagonizada por 36 deputados, ontem subiu para 43. Entre estes
rebeldes estão os ex-ministros Yanis Varoufakis e Panagiotis Lafazanis
(este anunciou quinta-feira um movimento antirresgate) e a presidente do
Parlamento, Zoe Konstantopoulou. Esta recorreu a vários procedimentos
para atrasar a votação, que só terminou às 09.30 locais (07.30 em
Lisboa), quase 24 horas após o início dos debates.
Assim, a coligação
tem agora menos de 120 deputados, o mínimo necessário para liderar uma
maioria e sobreviver a uma moção de confiança. A moção que Alexis
Tsipras deverá pedir, poderá levar à sua queda e a novas eleições.
Mas
mesmo com um número crescente de dissidentes no Syriza não é certo que o
governo caia, pois muitos poderão apoiar o Executivo (como já
manifestaram publicamente) e o posicionamento da oposição pró-Europa não
é claro. Segundo as últimas sondagens, o primeiro-ministro deverá ser
reeleito e até conquistar uma maioria absoluta, coisa que só tem agora
graças à coligação entre o Syriza e o ANEL.
"Não lamento a minha
decisão de fazer um acordo", declarou Tsipras no debate, defendendo o
terceiro resgate. "Assumimos a responsabilidade de nos manter vivos em
vez de optar pelo suicídio".
copiado http://www.dn.pt/inicio/globo
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