Tsipras quer moção de confiança. Atenas recebe já 10 mil milhões Eurogrupo aprovou resgate de três anos no valor de 86 mil milhões de euros e voltou a insistir na participação do FMI. Christine Lagarde responde com exigência de alívio da dívida

Presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e o ministro das Finanças grego, Euclid Tsakalotos

Tsipras quer moção de confiança. Atenas recebe já 10 mil milhões


Eurogrupo aprovou resgate de três anos no valor de 86 mil milhões de euros e voltou a insistir na participação do FMI. Christine Lagarde responde com exigência de alívio da dívida
  • Parlamento alemão vota na quarta-feira terceiro plano de resgate à Grécia
  • Presidente francês diz que acordo entre Grécia e Eurogrupo é um "êxito"
  • BCE poderá voltar a financiar bancos gregos antes de outubro
  • Ministro francês elogia Tsipras: "Toma decisões que nenhum outro tomou"

    Tsipras quer moção de confiança. Atenas recebe já 10 mil milhões

    por Ana Meireles  
    Presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e o ministro das Finanças grego, Euclid Tsakalotos
    Presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, e o ministro das Finanças grego, Euclid Tsakalotos Fotografia © REUTERS/Francois Lenoir
    Eurogrupo aprovou resgate de três anos no valor de 86 mil milhões de euros e voltou a insistir na participação do FMI. Christine Lagarde responde com exigência de alívio da dívida
    Após quase sete horas de reunião, os ministros das Finanças da zona euro aprovaram hoje o terceiro resgate à Grécia, num valor de 86 mil milhões de euros por três anos, valor no qual estão incluídos 25 mil milhões para recapitalizar o setor bancário. A primeira tranche do empréstimo será de 26 mil milhões de euros e deverá ser aprovada na quarta-feira, um dia antes do pagamento de 3,2 mil milhões ao Banco Central Europeu. De acordo com o Eurogrupo, esta parcela será divida em duas - a primeira será de 10 mil milhões de euros "e será disponibilizada imediatamente numa conta separada do Mecanismo de Estabilidade Europeu para recapitalização dos bancos e efeitos de resolução"; a segunda corresponde a 16 mil milhões de euros e será entregue a Atenas em várias tranches, "começando por 13 mil milhões a 20 de agosto, seguida de uma ou mais no outono de acordo com a implementação de medidas chave".
    "Estamos confiantes de que uma implementação decidida o mais rápida possível das medidas de reformas constantes do memorando de entendimento irá permitir à economia grega regressar a um caminho de crescimento sustentável assente em finanças sólidas, num aumento da competitividade, subida do emprego e estabilidade financeira", refere o comunicado do Eurogrupo. Em novembro, os bancos poderão receber mais 15 mil milhões, dependentes da primeira avaliação ao novo resgate, que deverá acontecer até ao dia 15 desse mês.
    Os ministros das Finanças da zona euro voltaram a sublinhar a "indispensável" continuação da participação do FMI na ajuda à Grécia e esperam que a sua direção pondere um apoio financeiro adicional depois de cumpridas as reformas acordadas e seja alcançado um entendimento "sobre um possível alívio da dívida para garantir a sua sustentabilidade". A diretora-geral do FMI, Christine Lagarde, reagiu à "luz verde" do Eurogrupo, voltando a sublinhar a importância do alívio da dívida grega e mostrando-se "ansiosa por trabalhar de perto com a Grécia e os seus parceiros europeus nos próximos meses".
    As boas notícias vindas esta noite de Bruxelas seguem-se a uma manhã negra para o primeiro-ministro grego, que enfrentou a maior rebelião de sempre dentro do Syriza, com 43 dos seus 149 deputados a não apoiarem o terceiro resgate a Atenas. Dissidência que está a levar Alexis Tsipras a ponderar pedir uma moção de confiança ao Parlamento grego depois de o país receber a primeira tranche do novo empréstimo, o que deve acontecer até dia 20. Possibilidade avançada aos media gregos por fonte do governo.
    Como já havia acontecido nas duas votações anteriores o terceiro resgate a Atenas foi aprovado graças ao apoio dos partidos da oposição pró-Europa - Nova Democracia, To Potami e PASOK -, num total de 222 dos 300 deputados a darem o sim, 64 a votarem contra e a 11 absterem-se. A dissidência dentro do Syriza, que na última votação tinha sido protagonizada por 36 deputados, ontem subiu para 43. Entre estes rebeldes estão os ex-ministros Yanis Varoufakis e Panagiotis Lafazanis (este anunciou quinta-feira um movimento antirresgate) e a presidente do Parlamento, Zoe Konstantopoulou. Esta recorreu a vários procedimentos para atrasar a votação, que só terminou às 09.30 locais (07.30 em Lisboa), quase 24 horas após o início dos debates.

    Assim, a coligação tem agora menos de 120 deputados, o mínimo necessário para liderar uma maioria e sobreviver a uma moção de confiança. A moção que Alexis Tsipras deverá pedir, poderá levar à sua queda e a novas eleições.
    Mas mesmo com um número crescente de dissidentes no Syriza não é certo que o governo caia, pois muitos poderão apoiar o Executivo (como já manifestaram publicamente) e o posicionamento da oposição pró-Europa não é claro. Segundo as últimas sondagens, o primeiro-ministro deverá ser reeleito e até conquistar uma maioria absoluta, coisa que só tem agora graças à coligação entre o Syriza e o ANEL.
    "Não lamento a minha decisão de fazer um acordo", declarou Tsipras no debate, defendendo o terceiro resgate. "Assumimos a responsabilidade de nos manter vivos em vez de optar pelo suicídio".
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