impacto de R$ 300 bilhões Cunha adia votação de projeto que altera juros da dívida dos estados


Cunha adia votação de projeto que altera juros da dívida dos estados

Projeto traria impacto para a União de R$ 300 bilhões, segundo governo.
Análise da proposta era prevista para esta terça e ficará para próxima semana.

Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília
Após pedido do governo, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cancelou a sessão marcada para o início da tarde desta terça-feira (1ª) destinada a votar o projeto de decreto legislativo 315, de autoria do senador Espiridião Amim (PP-SC), que altera o formato de cobrança dos juros das dívidas dos Estados com a União. A análise da proposta ficou para a próxima terça (8).
“O governo pediu o adiamento e o presidente concordou, após me consultar. Vai haver uma reunião entre a presidente da República e governadores, na próxima sexta-feira, para tentar chegar a um acordo. Eu espero que o acordo não seja só de prazo para pagamento, mas também de indexador [da dívida]. Se for só prazo, é imoral. Vai fazer com que a próxima geração pague juros escorchantes. Como existe a possibilidade de acordo, não custa dar mais prazo para votar o decreto”, disse Amin ao G1.
O projeto de decreto é considerado uma pauta bomba pela equipe econômica, pois reduziria a dívida dos Estados com a União em R$ 300 bilhões, de R$ 463 bilhões para R$ 163 bilhões, conforme cálculos do Ministério da Fazenda. Isso viria da mudança dos juros que incidem sobre a dívida, de compostos por simples.
O projeto de decreto susta a indexação de juros compostos para a correção das dívidas. Assim, se for aprovado, terá que haver uma nova negociação para decidir o indexador.
"O que ganharíamos com o decreto? Ganharíamos negociação. O decreto susta o atual índice. Não cria índice", disse Esperidião Amin.  Mais cedo nesta terça, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), destacou que já há uma negociação em curso com governadores sobre pagamento de dívidas com a União e pediu mais tempo para concluir as conversas antes de o decreto ser colocado em votação.
“O melhor caminho é dialogar com os governadores. Essa proposta pode causar um abalo fiscal no país. Vamos mostrar à sociedade que não tem como votar essa medida”, afirmou o petista. Nesta segunda (29), o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dyogo de Oliveira, já havia se manifestado para classificar de “grave equívoco” o projeto de decreto.
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"A proposição desse decreto se baseia em tese infundada do cálculo de juros no Brasil, no nosso entender. Os contratos vigentes há mais de 20 anos se utilizam de juros compostos. O decreto se baseia na justificativa de que, nessa revisão dos indexadores, deveria ser aplicado os juros simples. O entendimento da União é que deve continuar a se aplicar a metodologia comum a todos os países do mundo, que é a de juros compostos", declarou Oliveira.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda declarou também que, em sendo aprovado esse decreto, não será mais possível levar adiante a mudança do indexador das dívidas dos Estados e, também, o alongamento da dívida deles com a União - processos que estão em andamento.
Com a mudança do indexador, que foi regulamentada no fim do ano passado pelo governo federal, o governo passou a corrigir os débitos pela taxa Selic ou pelo IPCA – o que for menor – mais 4% ao ano. Antes, os débitos de prefeituras e governos estaduais com a União eram corrigidos pelo IGP-DI mais 6% a 9% ao ano, o que os tornava mais caros. A alteração na base de cálculo das dívidas foi sancionada ano passado.
Recentemente, o governo federal concordou e fez uma proposta para alongar o prazo das dívidas estaduais em 20 anos e em conceder um limite maior de crédito aos estados, o que aliviaria o caixa e baixaria o superávit primário dos Estados.
Em contrapartida, pediu um controle mais rigoroso da expansão de gastos com pessoal e custeio dos Estados, além de apoio ao processo de unificação das legislações do ICMS e ao retorno da CPMF, entre outros. Para ter validade, porém, o processo de alongamento das dívidas em até 20 anos precisa passar pelo Congresso Nacional.

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