BrexitDonald Tusk avisa Reino Unido: "não há mercado único à la carte"






Donald Tusk e Jean-Claude Juncker deram conferência de imprensa após a reunião dos 27


Líderes europeus reuniram sem o Reino Unido e deixaram claro: acesso ao mercado único obriga a aceitar todas as liberdades da UE
O presidente do Conselho Europeu deixou esta quarta-feira um aviso sério ao Reino Unido, na sequência da saída da União Europeia: "não há mercado único à la carte", disse Donald Tusk, falando após a primeira reunião dos líderes europeus a 27 - já sem David Cameron - para discutir o caminho da UE sem os britânicos.
"Os líderes deixaram claro como água que o acesso ao mercado único requer a aceitação de todas as quatro liberdades - incluindo a liberdade de circulação de pessoas. Não haverá mercado único à la carte", sublinhou Tusk,
Recorde-se que a União Europeia se sustenta em quatro liberdades fundamentais entre os estados-membros: movimento de produtos e mercadorias, liberdade de movimento de serviços, liberdade de movimento de pessoas e trabalhadores e, ainda a liberdade de movimento de capital.
A afirmação de Tusk foi corroborada por Jean-Claude Juncker, o presidente da Comissão Europeia. Ambos os líderes falaram no final da cimeira em conferência de imprensa. Juncker sublinhou que quem quiser acesso ao mercado interno da União Europeia terá de cumprir critérios restritos "sem exceção". E acrescentou: "não há negociação sem notificação", referindo-se à necessidade de o Reino Unido invocar o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que prevê a saída de um estado-membro da UE. Nos últimos dias, os líderes europeus têm reiterado que não darão início a negociações de saída com o Reino Unido até que este ative o artigo 50, que desencadeia uma série de procedimentos que levarão à saída definitiva do país da UE, em dois anos.
A chanceler alemã Angela Merkel voltou igualmente a sublinhar que não haverá qualquer discussão até que seja formalmente invocado este artigo. "Gostaríamos que acontecesse com a maior brevidade possível", acrescentou. Já François Hollande, o presidente francês, citado pela agência Reuters, reiterou que o Reino Unido terá de se reger pelas normas da UE se quiser continuar a ter acesso ao mercado único europeu.
Jean-Claude Juncker admitiu, nesta mesma declaração à imprensa, que a União Europeia precisa de reformas, mas que não está prevista qualquer alteração de tratados. "Reconhecemos que a UE precisa de se reformar, mas não se trata de acrescentar novas reformas, mas sim de acelerar as que já estão em curso", disse Juncker, referindo-se à Agenda Estratégica já adotada. "A opinião geral é a de que não haverá alterações aos tratados nem aprofundamentos irrefletidos da União Europeia", adiantou.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, revelou ainda ter convocado uma nova cimeira de líderes da União Europeia - sem representantes do Reino Unido - para o dia 16 de setembro em Bratislava, capital da Eslováquia, no âmbito da presidência rotativa eslovaca. O objetivo é continuar a discutir o futuro da UE sem o Reino Unido.
Escócia "tem o direito de ser ouvida"
Também esta quarta-feira, a primeira-ministra Nicola Sturgeon vai reunir com Jean-Claude Juncker, prosseguindo o objetivo de manter a Escócia no bloco comunitário. Sturgeon queria reunir também com Donald Tusk, o presidente do Conselho Europeu, mas Tusk considerou que ainda não é o momento adequado. Já Juncker não recusou a reunião, admitindo que a Escócia "tem o direito a ser ouvida", ainda que provavelmente as negociações para que a Escócia se mantenha na UE apesar de o Reino Unido ter decidido o contrário - por referendo - só devam começar nas próximas semanas.
Martin Schulz, o presidente do Parlamento Europeu, encontrou-se com a primeira-ministra escocesa, tendo a governante considerado que esta reunião foi uma boa oportunidade para apresentar a posição do país após o referendo do brexit.
Aos jornalistas, Schulz afirmou apenas ter "escutado atentamente" Nicola Sturgeon, acrescentando que "aprendeu muito" durante a reunião.
Com Lusa
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