Merkel só negoceia após pedido formal do Reino Unido
Juncker avisa Farage: "É a última vez que aplaudem aqui"
O
presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, tapa a objetiva
de um repórter que tentava fotografar Farage, do UKIP, esta manhã no
Parlamento Europeu
| EPA/OLIVIER HOSLET
Presidente da Comissão interrompeu discurso para se dirigir ao líder dos eurocéticos. E Farage acusou a UE de estar "em negação"
O
presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, perguntou esta
terça-feira aos deputados eurocéticos do partido britânico UKIP - que
defenderam a saída da União Europeia - porque tinham comparecido numa
sessão do Parlamento Europeu cujo objetivo era discutir as consequências
do referendo que decidiu pelo Brexit.
"Temos
de respeitar a democracia britânica e a forma como expressou o seu
ponto de vista", começou por dizer Juncker, dirigindo-se aos
eurodeputados. As palavras do presidente da Comissão Europeia foram
aplaudidas - num raro aplauso - pelos membros do UKIP ali presentes. "É a
última vez que aplaudem aqui. Até certo ponto, estou muito surpreendido
que aqui estejam. Estão a lutar pela saída da União Europeia. O povo
britânico votou a favor da saída. Porque estão aqui?", disse Juncker,
interrompendo o seu discurso e falando em inglês para os eurodeputados
britânicos.
O
presidente da Comissão falava sentado ao lado do líder do UKIP, Nigel
Farage, que seguia com auscultadores os discursos dos eurodeputados, até
ali maioritariamente em francês e alemão, tendo sido por isso obrigado a
recorrer à tradução simultânea.
Antes
de a sessão começar, Juncker tinha-se aproximado de Farage, atirando-lhe
um beijo, como é costume do presidente da Comissão Europeia, E disse
depois que não iria pedir desculpa por estar "triste" com o resultado do
referendo britânico: "não sou um robô", sublinhou Juncker,
acrescentando: "não sou um burocrata cinzento".
Tendo
insistido que o Reino Unido deve explicar rapidamente à UE os termos em
que quer construir a nova relação, após o referendo do Brexit, Juncker
revelou ter dito à sua equipa para que não iniciasse conversações
preliminares com os responsáveis britânicos até que Londres invoque o
artigo 50 do Tratado de Lisboa, que prevê a saída de um estado-membro da
UE. "Sem notificação não há negociação", disse, respondendo depois aos
críticos que exigem que se demita após o Brexit. "Não estou cansado nem
doente, como dizem os jornais alemães", atirou. "Lutarei até ao meu
último fôlego por uma Europa Unida".
Farage vaiado diz que UE está "em negação"
Os
eurodeputados vaiaram e voltaram as costas a Nigel Farage quando o
líder do UKIP interveio na sessão do Parlamento Europeu destinada a
avaliar as consequências do referendo britânico. "Não é engraçado?
Quando cheguei aqui, há 17 anos, e disse que queria liderar uma campanha
para tirar o Reino Unido da União Europeia, vocês todos riram-se de
mim. Bem, tenho de o dizer, não se estão a rir agora, pois não?",
ironizou Farage, dirigindo-se aos eurodeputados. "Estão em negação",
acrescentou.
O
líder do UKIP defendeu ainda que o Reino Unido não será o último a
deixar a União Europeia e que o país deverá rapidamente invocar o artigo
50 do Tratado de Lisboa para que se iniciem as negociações de saída da
UE. E decidiu provocar os eurodeputados acusando-os de falta de noção.
"Sei que virtualmente nenhum de vocês teve um trabalho decente nas
vossas vidas ou trabalhou em negócios ou comércio ou, efetivamente,
criou um posto de trabalho. Mas oiçam-me", continuou, fazendo com que os
eurodeputados lhe voltassem as costas. Martin Schulz, o presidente do
Parlamento Europeu, interveio então para lhe dizer que estava errado ao
fazer aquelas declarações, tendo Farage respondido: "Está certo, senhor
Schulz. O UKIP costumava protestar contra o sistema, agora é o sistema
que protesta contra o UKIP. Alguma coisa aconteceu aqui", resumiu.
Com Reuters
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