Não basta falar da cultura do estupro, é preciso puni-la. E agora Dr. Marfan?
Marcelo Auler
Certos cargos e funções públicas exigem determinados rituais que, de certa forma, impõem limites a seus ocupantes. O respeito a estes limites faz parte do bom exercício da função, principalmente quando se trata de função pública.Tendo isso como regra, nota-se o despropósito de um promotor de Justiça, o chamado fiscal da Lei, tecer comentários como os que Alexandre Couto Joppert fez durante a prova oral do concurso de acesso ao Ministério Publico Estadual do Rio de janeiro, conforme noticiamos aqui em A conjunção carnal é a “melhor parte do estupro” para o promotor Alexandre Joppert e Promotor confirma comentário sobre estupro e pede desculpas públicas.
Nas duas reportagens nos referimos ao total desrespeito cometido por ele ao questionar um dos candidatos – o qual já naquela prova despontava entre os primeiros colocados neste 34° Concurso de acesso ao MPRJ – e classificar o ato da conjunção carnal como “a melhor parte do estupro” acrescentando ainda um “a depender da vítima”. Desconhecíamos o que o repórter Caio Barretto Briso, de O Globo, revelou no sábado (25/06): “Promotor tratou estuprador “como herói” em banca do MP”. ). Nas palavras de Jopper,
Marcelo Auler
Certos cargos e funções públicas exigem determinados rituais que, de certa forma, impõem limites a seus ocupantes. O respeito a estes limites faz parte do bom exercício da função, principalmente quando se trata de função pública.Tendo isso como regra, nota-se o despropósito de um promotor de Justiça, o chamado fiscal da Lei, tecer comentários como os que Alexandre Couto Joppert fez durante a prova oral do concurso de acesso ao Ministério Publico Estadual do Rio de janeiro, conforme noticiamos aqui em A conjunção carnal é a “melhor parte do estupro” para o promotor Alexandre Joppert e Promotor confirma comentário sobre estupro e pede desculpas públicas.
Nas duas reportagens nos referimos ao total desrespeito cometido por ele ao questionar um dos candidatos – o qual já naquela prova despontava entre os primeiros colocados neste 34° Concurso de acesso ao MPRJ – e classificar o ato da conjunção carnal como “a melhor parte do estupro” acrescentando ainda um “a depender da vítima”. Desconhecíamos o que o repórter Caio Barretto Briso, de O Globo, revelou no sábado (25/06): “Promotor tratou estuprador “como herói” em banca do MP”. ). Nas palavras de Jopper,
se um estuprador “ejacula cinco vezes, é um herói”.
Como bem definiu Briso, “Parece
papo machista de botequim”, jamais fala de um argüidor de uma banca de
exame oral, fosse de qualquer instituição, pública ou privada. Além de
machista é altamente preconceituosa e nem um pouco politicamente correta
no momento em que a sociedade como um todo – e não apenas as mulheres –
trava uma luta contra a cultura do estupro.
A descoberta de Briso, na verdade, joga
por terra toda a explicação que o promotor deu através de uma nota de
esclarecimento, no dia seguinte à prova, a partir de comentários feitos
no Face book e aqui no blog, após sermos alertados por pessoas presentes
ao exame. Se a justificativa por ele apresentada já soava bizarra,
agora se tem a certeza sim que pode até ter tentado ser engraçadinho.
Mas acabou mesmo é mostrando seu lado machista e preconceituoso. São
perfis condenados em qualquer cidadão e, muito mais ainda, em um
promotor de Justiça no exercício de suas funções. Não combina, de jeito
nenhum, com o chamado “ritual do cargo”.
Na mesma matéria em que denuncia outro
comentário in feliz e machista do promotor, Briso ouviu a secretária do
Subcomitê de Prevenção à Tortura da ONU em Genebra, Margarida
Pressburguer.
Para ela, só há uma saída à instituição: a
exoneração do promotor por incapacidade para a função. Algo assim como
uma falta de decoro, que serve apenas para colocar na berlinda a
Procuradoria Geral de Justiça do Rio de Janeiro. Segundo Margarida,
Jopper, “quanto mais tentar pedir desculpas, mais vai expor o seu
machismo infeliz e preconceito”.
A questão é que os Ministério Públicos brasileiros de uma maneira em geral são acima de tudo corporativistas.
A começar pelos seus chefes que chegam ao
cargo, em geral, através do voto dos membros do MP. Marfan Vieira,
procurador-chefe do MPRJ, não é diferente. Antes pelo contrário.
Oficialmente, ele instaurou procedimento para apurar o fato.Isso apenas
não basta.
Em casos como este, o slogan de combate à
cultura do estupro tem que ser mudado pelo de “precisamos punir a
cultura do estupro”; Principalmente quando ela parte de uma instituição
que tem o papel constitucional de fiscalizar o cumprimento das leis e a
defesa da honra e dignidade dos cidadãos Ela, portanto, precisa dar o
exemplo.
COPIADO http://www.marceloauler.com.br/os
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