O prazo de validade de Henrique Meirelles
"Em condições normais de temperatura e pressão, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já estaria sob intenso bombardeio de entidades empresariais, de lideranças políticas e de colegas palacianos, que pediriam sua cabeça. O motivo: em quase cinco meses de gestão, a situação fiscal se v um governo fruto de impeachment, terá que lutar para sobreviver aos próprios resultados
Em
condições normais de temperatura e pressão, o ministro da Fazenda,
Henrique Meirelles, já estaria sob intenso bombardeio de entidades
empresariais, de lideranças políticas e de colegas palacianos, que
pediriam sua cabeça. O motivo: em quase cinco meses de gestão, a
situação fiscal se agravou, o desemprego subiu, a produção não reagiu, a
arrecadação tributária continua em queda livre e nem mesmo a inflação
cedeu, como comprova o IGP-M acumulado em 10,66% nos últimos doze meses.
Ou seja: praticamente, não há resultados positivos na gestão Meirelles.
Um
dos fatores que garante uma tolerância maior ao ministro é o discurso
de que o atual governo recebeu uma “herança maldita” na economia, com
esqueletos que ainda estariam surgindo em várias frentes. Outro é ampla
coalizão empresarial que deu suporte à mudança política ocorrida no
Brasil e que, de certa forma, se associou a esse processo. Criticar
Meirelles, portanto, seria admitir o próprio erro de avaliação.
Portanto, ainda que praticamente todos empresários estejam perdendo
muito dinheiro, o que predomina é o silêncio.
Essa
paciência, no entanto, tem prazo de validade. Ela é proporcional ao
tempo em que ainda será possível vender ao público a tese da herança
maldita. Com cinco meses de gestão, há quem ainda tolere esse tipo de
desculpa. Mas se os resultados não surgirem rapidamente, Meirelles será
confrontado pelos próprios números da sua passagem pela Fazenda. Em
agosto, a arrecadação caiu mais de 10%. No mesmo mês, o rombo fiscal foi
de R$ 20,3 bilhões. A produção da indústria de máquinas e equipamentos
afundou 17%, o que comprova que os investimentos ainda não voltaram – o
que é óbvio numa indústria que opera com altíssima ociosidade.
O
mais grave é que não há nenhum sinal no horizonte de medidas capazes de
provocar alguma reação na demanda. O mercado interno agoniza com a
queda do emprego e da renda dos trabalhadores. Lá fora, a Organização
Mundial do Comércio reduziu a quase zero suas previsões de expansão das
trocas internacionais – e, ainda que houvesse crescimento potencial das
exportações, a valorização cambial tornou as empresas brasileiras menos
competitivas.
A
Meirelles, restou apenas a expectativa de que o congelamento dos gastos
públicos, que será votado nos próximos dias, sinalize uma maior
confiança dos agentes econômicos no País, mas essa proposta chega num
momento em que o próprio Fundo Monetário Internacional revê o dogma da
austeridade e pede que países ricos gastem mais para estimular suas
economias.
O
ministro imaginava que poderia repetir, com Temer, a história do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que foi ministro da Fazenda de
Itamar Franco e, com o Plano Real, foi catapultado ao Palácio do
Planalto. No entanto, o próprio FHC já deixou claro que o “plano
Meirelles” não trará qualquer bônus eleitoral, uma vez que só promete
sangue, suor e lágrimas.
Mais
do que renunciar a qualquer ambição presidencial, Meirelles terá que
lutar, a partir de agora, para sobreviver aos próprios resultados.
copiado http://www.brasil247.com/pt/blog/leonardoattuch/258013/O-prazo-de-validade-de-Henrique-Meirelles.htm
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