EUA
Donald Jr., Ivanka e Jared: rostos da diplomacia familiar de Trump
Presidente
eleito mandou o filho negociar futuro da Síria a Paris, convidou a
filha a assistir a encontros com líderes estrangeiros e quer o genro a
negociar a paz no Médio Oriente.
Em
outubro, Donald Trump Jr., o filho mais velho do presidente eleito dos
EUA, esteve em Paris para encontros com diplomatas, empresários e
políticos centrados na melhor forma de cooperar com a Rússia para
resolver o conflito na Síria. Há dias, a filha Ivanka e o marido desta,
Jared Kushner, estiveram presentes num encontro entre Donald Trump e o
primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, em Nova Iorque. E, numa
entrevista ao The New York Times, o republicano garantiu que o
genro poderá ajudar a levar a paz ao Médio Oriente. Estes são apenas
alguns exemplos de que com Trump na Casa Branca a diplomacia americana
arrisca transformar-se num negócio de família.
Se
a Donald Jr. Ivanka e Jared juntarmos Eric, o segundo filho de Trump,
teremos um quarto da equipa de transição do presidente eleito. E, num
momento em que já se conhecem alguns nomes da futura administração
americana - do presidente do Partido Republicano, Reince Priebus, como
chefe de gabinete ao senador Jeff Sessions para procurador-geral,
passando pela milionária Betsy DeVos como secretária da Educação -, o
lugar de secretário de Estado continua por preencher. O ex-governador do
Massachusetts e candidato às presidenciais de 2012, Mitt Romney, é um
dos favoritos a chefiar a diplomacia americana. Mas as críticas
duríssimas que fez a Trump durante a campanha tornam tudo menos certo
que Trump o vá colocar à frente do Departamento de Estado.
Enquanto
escolhe entre as várias opções, Trump parece ter encontrado a solução:
entregar a diplomacia americana nas mãos dos filhos. Já à frente do
império imobiliário da família, Donald Jr., Eric e Ivanka são o pilar de
Trump, as pessoas em quem o milionário mais confia. E, se na já citada
entrevista ao The New York Times, o presidente eleito garantiu
que um presidente "está isento de conflitos de interesse", referindo-se
às suspeitas de que poderá usar o cargo para favorecer os seus negócios,
muito menos parece incomodado com as críticas ao papel dos filhos na
preparação da transição. Isto mesmo se os assessores garantem que nenhum
deles terá lugar oficial na administração.
No
Ritz de Paris, Donald Jr. terá tentado passar a ideia do pai de que é
necessário negociar com a Rússia. O encontro foi organizado pelo think tank do
francês Fabien Baussart e da mulher, a síria Randa Kassis, que têm
trabalhado com o Kremlin para pôr fim ao conflito na Síria. O grupo
defende uma transição política no país, mas em cooperação com o
presidente Bashar al-Assad; uma posição que os EUA até agora pareciam
pouco dispostos a aceitar.
Ao longo da
campanha, Trump sempre defendeu a aproximação a Moscovo, nunca se
cansando de trocar elogios com o presidente russo, Vladimir Putin.
"Tenho uma visão diferente de toda a gente em relação à Síria", afirmou o
presidente eleito ao The New York Times.
E,
para levar esta sua estratégia para o Médio Oriente, Trump disse ao
mesmo diário que conta com o genro, Jared Kushner. O empresário, judeu
ortodoxo, tem sido uma figura central na equipa de Trump, com o mesmo The New York Times a considerá-lo como uma "influência tranquila, que injeta otimismo, acalma as controvérsias e reforça os instintos de Trump".
Nenhum comentário:
Postar um comentário