Áustria pode ser o próximo país a pôr em causa ligação à UE
Norbert Hofer, o candidato da extrema-direita, defende a realização de um referendo sobre o estatuto do país no bloco
Norbert Hofer, o candidato da extrema-direita, defende a realização de um referendo sobre o estatuto do país no bloco
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O
candidato da extrema-direita às presidenciais austríacas do próximo dia
4, Norbert Hofer, garantiu ontem que irá apoiar a realização de um
referendo sobre o estatuto de Estado-membro da União Europeia, caso o
bloco se torne mais centralizado após o brexit. Uma questão já suscitada
por políticos em países como França, Holanda ou Dinamarca.
Hofer,
que poderá tornar-se no primeiro presidente de extrema-direita da União
Europeia, afirmou, em declarações à BBC, que a UE é importante para a
Áustria, mas que ele quer "uma União Europeia melhor". E insistiu que um
voto neste referendo não seria, na sua opinião, um voto para a Áustria
sair da UE. Mas, afirmou o candidato da extrema-direita, existem dois
fatores que podem fazê-lo mudar de ideias. Um é uma futura decisão de
conceder à Turquia o estatuto de Estado membro da União Europeia. Outro é
a forma como o bloco irá reagir à saída do Reino Unido.
"Se
a resposta ao brexit for fazer uma União Europeia mais centralizada, na
qual os parlamentos nacionais ficam esvaziados de poder e onde a união é
governada como um Estado. Neste caso, teremos de fazer um referendo na
Áustria, porque iria levar a uma mudança constitucional", explicou Hofer
à BBC.
No próximo dia 4, com a
repetição da segunda volta, se saberá se o próximo presidente da Áustria
será Norbert Hofer, de extrema-direita, ou Alexander Van der Bellen,
antigo líder de Os Verdes e que concorre como independente.
De
acordo com um estudo de agosto da Fundação Berteslman citado pelo The
Washington Post, em cinco dos seis países mais populosos da União
Europeia - Polónia, Reino Unido, Alemanha, França e Itália - os níveis
de aprovação do bloco estão a subir. Apenas em Espanha se verifica a
tendência contrária. E no Reino Unido, uma maioria da população votaria
agora pela permanência na UE.
Mesmo com
estes números, em França, por exemplo, a líder da Frente Nacional,
Marine Le Pen, dada como a favorita nas presidenciais do próximo ano, já
prometeu a realização de um referendo sobre a permanência do país na UE
caso ganhe as eleições. Na Holanda, logo após a votação do brexit, o
nacionalista Geert Wilders também pediu um referendo. Sendo que, em
junho, uma sondagem do canal Een Vandaag apontava que 54% dos holandeses
queriam um referendo.
No rescaldo do
brexit, o eurodeputado eurocético sueco Peter Lundgren sugeriu que a
Suécia e a Dinamarca "estavam à beira" de sair da UE e que poderia
criar-se um "bloco económico nórdico" liderado pelo Reino Unido. Em
dezembro, 53% dos dinamarqueses votaram contra a integração do país na
área de justiça da UE, mantendo assim o estatuto do país. Em Itália, o
líder da Liga Norte, Matteo Salvini, já começou uma petição para a
realização de um referendo.
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