FHC, vergonhoso candidato do golpe dentro do golpe

FHC, vergonhoso candidato do golpe dentro do golpe

"Lançamento de FHC como candidato indireto a uma eventual sucessão de Temer mostra falta de apego aos princípios democrático por parte da coalizão que governa o país desde a queda de Dilma", avalia Paulo Moreira Leite; "Interessados em consolidar de qualquer maneira um retrocesso em conquistas populares, nossos conservadores não querem sujeitar-se ao veredito das urnas, onde podem ser obrigados a enfrentar as incertezas e surpresas da vontade popular, que hoje faz de Lula o candidato favorito ao Planalto", acrescenta; "Cronometrado, minuto a minuto, para permitir uma escolha indireta pelo Congresso, o golpe dentro do golpe contém um abuso a mais, pois FHC não possui o mais remoto vínculo com a vontade popular que se manifestou nas urnas de 2014", afirma ainda

FHC, vergonhoso candidato do golpe dentro do golpe

Já era possível desconfiar que havia algo de muito suspeito no balanço triunfal dos analistas conservadores após a contagem dos votos das eleições municipais.
O mistério se desfez na manhã de hoje, quando o economista Xico Graziano, um dos principais assessores de Fernando Henrique Cardoso ainda no Planalto, lançou a candidatura de FHC à presidência.
Não estamos falando de eleições diretas, que sempre fizeram parte do figurino da democracia no Brasil, e representam, hoje, a solução legítima para o impasse político do país.
Estamos falando do golpe dentro do golpe, numa eleição indireta.
Assim: já assumindo que Michel Temer não poderá segurar-se no cargo, por razões tão óbvias que é cansativo mencionar aqui, Graziano está na luta para emplacar FHC, armado de elogios enormes, de causar constrangimento.
Caso o plano venha a dar certo, o golpe (parlamentar) de 31 de agosto de 2016 ficará um pouquinho mais parecido com o golpe (militar) de 31 de março de 1964. Depois de dar posse a um político que pelo menos era vice na mesma chapa, pretende-se abrir lugar para um candidato que nem isso é.
Na distribuição de papéis para um enredo que começa a exibir traços de espantosa semelhança, o roteiro de Graziano reserva a FHC o lugar que foi de Arthur da Costa e Silva, principal chefe militar do golpe e segundo ditador na cronologia de generais presidentes.
Não custa lembrar. Depois de enfrentar protestos heróicos de uma juventude inconformada com uma reforma educacional elaborada sob encomenda da Casa Branca -- e que ocupava praças e avenidas, em vez de escolas universidades, como hoje -- Costa e Silva entrou para a história como o responsável pelo AI-5, decreto que inaugurou o período mais violento da ditadura.
Foi no governo Costa e Silva que Fernando Henrique foi afastado da Universidade, através de uma aposentadoria compulsória aos 37 anos de idade.
A opção indireta por FHC terá base legal se a queda de Temer for cronometrada minuto a minuto para ocorrer depois de 31 de dezembro, quando se encerra a oportunidade de escolher o novo presidente nas urnas, como determina a tradição presidencialista brasileira.
Mas é claro que se trata de um calendário que obedece a um cálculo político, que envolve as urgências de uma nova ordem que precisa consolidar-se.
O momento atual representa uma oportunidade única para uma restauração conservadora após 13 anos de avanços em direção a um país menos desigual e mais inclusivo.
A prioridade é evitar as incertezas e possibilidades naturais a todo processo democrático, em urna, ainda mais quando um cidadão chamado Luiz Inácio Lula da Silva mantém-se, apesar de tudo, na liderança das pesquisas presidenciais.
Este é o obstáculo a ser evitado, a origem do golpe pelo golpe -- em vez de uma saída pela eleição e pela democracia. Ao colocar-se como candidato indireto, ignorando as lutas democráticas de sua geração, que abriram caminho para que fosse eleito duas vezes presidente entre 1994 e 1998, FHC assume o lugar preconizado pelo coronel-ministro Jarbas Passarinho, aquele que deu uma contribuição inesquecível para jogar o país na treva da ditadura com um apelo antológico: "às favas com todos os escrúpulos de consciência."
Em dezembro de 1968, ou outubro de 2016, esta é a discussão.

 copiado  http://www.brasil247.com/pt/247/

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