União Europeia
A equipa da UE para o brexit: um francês e dois belgas
Dois
ativistas pró-UE beijam-se durante manifestação a favor da permanência
do Reino Unido no clube europeu em junho, em Berlim, antes do referendo
que deu a vitória ao brexit
| REUTERS/Hannibal Hanschke/
Comissão,
Conselho e Parlamento Europeu têm equipas prontas à espera que Theresa
May, primeira-ministra britânica, formalize o pedido para o seu país
sair da UE
Enquanto o governo
britânico não formalizar o pedido para sair da União Europeia, acionando
o artigo 50.º do Tratado de Lisboa, não há negociações sobre o brexit
com as instituições europeias, têm repetido os líderes europeus. Ainda a
digerir o resultado do referendo de 23 de junho deste ano, os
britânicos têm vindo a atrasar o pedido para sair e a primeira-ministra
do Reino Unido, Theresa May, indicou que só acionará em março o artigo
50.º. Pelo meio ainda falta conhecer a decisão do tribunal britânico
sobre se a ativação desse mesmo artigo tem ou não de receber o aval
prévio do Parlamento britânico. Apesar disso, para mostrar que brexit é
brexit, Comissão Europeia, Conselho Europeu e Parlamento Europeu têm
tudo pronto e já nomearam os seus negociadores chefes: um francês e dois
belgas.
Ex-ministro dos Negócios
Estrangeiros e da Agricultura e Pescas francês e ex-comissário europeu
da Política Regional e do Mercado Interno e Serviços, Michel Barnier foi
nomeado pelo presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, para liderar
as negociações do brexit entre Bruxelas e Londres. Diplomata discreto e
apreciado nos vários Estados membros da UE, Barnier, de 65 anos, conta
com uma equipa de cerca de duas dezenas de pessoas para o efeito. A sua
n.º 2 é a alemã Sabine Weyand, até agora diretora-geral adjunta para o
Comércio na Comissão Juncker. A estrutura que lideram divide-se em três
grandes dossiês: o do mercado interno e questões transversais a ele, o
do orçamento e das questões financeiras e o do comércio e das relações
externas. Até ao final do ano, esta task force de Juncker viajará por
todos os Estados membros da UE para recolher as posições dos diferentes
governos em relação ao brexit nas várias vertentes.
No
que toca ao Conselho, o seu presidente, Donald Tusk, nomeou para
chefiar as negociações do brexit o belga Didier Seeuws, antigo chefe de
gabinete do anterior presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy.
Diretor para a área dos Transportes, Telecomunicações e Energia do
Secretariado--Geral do Conselho da União, ex--embaixador belga junto da
UE, o diplomata, de 51 anos, é conhecido pelos seus profundos
conhecimentos técnicos sobre os dossiês e pela sua compreensão das
dinâmicas políticas a nível europeu. "Ele percebe que a tarefa é muito
difícil, mas ele irá, certamente, tentar conseguir um bom compromisso",
disse um antigo colega de Seeuws, citado pelo jornal Guardian. Ao longo
da sua carreira, o diplomata foi também porta-voz do governo belga e do
ex-primeiro-ministro belga Guy Verhofstadt.
Este,
por seu lado, foi nomeado líder das negociações do brexit em nome do
Parlamento Europeu. Eurodeputado desde 2009, líder do grupo dos
liberais, Verhofstadt, de 63 anos, é um federalista, autor de Estados
Unidos da Europa. Embora o Parlamento Europeu não esteja envolvido tão
diretamente nas negociações do brexit como a Comissão Europeia, por
exemplo, os eurodeputados serão chamados a votar o acordo final que for
obtido entre a UE e o Reino Unido. Entretanto, Verhofstadt e o
Parlamento, que tem 751 eurodeputados, poderão servir de barómetros em
relação à opinião dos cidadãos europeus sobre o brexit. Para já, tudo
está num impasse e as notícias que surgem são, por vezes, da ordem dos
fait divers. Para que não haja dúvidas no futuro, durante o último
Conselho Europeu, a primeira-ministra Theresa May disse aos jornalistas
que as negociações do brexit não serão, de certeza, conduzidas em língua
francesa... dadas as nacionalidades de Barnier, Seeuws e Verhofstadt.
copiado http://www.dn.pt/
Nenhum comentário:
Postar um comentário