Leila de Lima
A mulher que ousa desafiar Duterte nas Filipinas
A
senadora Leila de Lima, ex-ministra da Justiça e antiga presidente da
Comissão dos Direitos Humanos, é uma das poucas vozes filipinas contra a
"guerra às drogas" do popular presidente. E por isso tornou-se a sua
inimiga número um
A revista Foreign
Policy considerou-a uma das Pensadoras Globais de 2016 por "enfrentar
um líder extremista" mas esse é só mais um argumento que explica por que
é que a senadora filipina Leila de Lima é a inimiga a abater para
Rodrigo Duterte. O presidente das Filipinas acusa-a de ser uma "baronesa
da droga", de ser uma "mulher imoral" por ter tido um caso com o
motorista (com quem teria gravado um vídeo sexual que o fez "perder o
apetite") e chegou a sugerir, num comício em agosto, que ela se
enforque. A senadora não lhe fica atrás e apelidou Duterte de "velho
narcisista".
A ex-ministra da Justiça e
antiga presidente da Comissão dos Direitos Humanos é uma das poucas
vozes contra a guerra às drogas, uma campanha extrajudicial apoiada pelo
presidente para expurgar as Filipinas dos traficantes e consumidores de
estupefacientes. Esta guerra já fez seis mil mortos desde maio, quando
Duterte tomou posse. De Lima já tinha investigado os esquadrões da morte
em Davao, cidade da qual Duterte foi presidente da câmara durante 22
anos, sem contudo encontrar provas contra ele.
Leila
Norma Eulalia Josefa Magistrado de Lima nasceu a 27 de agosto de 1959,
em Iriaga, na ilha de Luzon (a maior e mais populosa das Filipinas). O
pai era advogado e, nos anos 1990, foi presidente da Comissão Eleitoral.
Filha mais velha, estudou também Direito, licenciando-se com a oitava
melhor nota do país em 1985. Trabalhou como advogada, antes de ser
nomeada, em 2008, presidente da Comissão dos Direitos Humanos pela então
presidente Gloria Arroyo. Em 2011, quando já era ministra da Justiça,
mandaria prender a ex-presidente por suspeita de corrupção, quando ela
se preparava para viajar para o estrangeiro para receber tratamento
médico.
Eleita para o Senado em maio
deste ano, Leila de Lima presidia à comissão que investigava as mortes
extrajudiciais quando foi afastada do cargo pelos aliados de Duterte -
que tem uma supermaioria no Congresso, tendo conseguido o apoio dos
antigos adversários. Mais tarde, a comissão exonerou-o totalmente das
acusações. A senadora já apresentou queixa em tribunal contra o
presidente.
A própria Leila de Lima já
tem pelo menos cinco queixas criminais contra si, mas ainda não foi
acusada oficialmente de nada. No Congresso, está a ser investigada por
alegadamente ter um papel essencial no tráfico de droga do país. "É
triste e assustador que até figuras públicas tenham engolido a fantasia
que a administração Duterte tem tecido: a de que uma pessoa sozinha é a
única responsável pela proliferação de drogas no nosso país", respondeu
num comunicado. Na última sondagem, a popularidade do presidente
ascendia a 76%.
Os ataques de Duterte
contra a senadora têm sido também a nível pessoal - Leila de Lima, cujo
casamento acabou em 2001, tem dois filhos e reconheceu ter tido uma
relação durante sete anos com o motorista. Este testemunhou no Congresso
ter recebido dinheiro da droga para financiar a campanha da senadora, o
que ela nega.
copiado http://www.dn.pt/p
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