.....Vai-se o ano, segue a crise Vai-se o ano, segue a crise Roberto Stuckert Filho "No Brasil, gostem ou não os críticos da narrativa do golpe, 2016 ficará na História como o ano em que o povo brasileiro sofreu uma grande derrota. A vontade popular que se expressou nas urnas de 2014 reelegendo a ex-presidente Dilma Rousseff, foi violentada num simulacro de impeachment sem crime de responsabilidade", diz a colunista Tereza Cruvinel; "nesta espiral do caos, vão sendo erodidas as bases do Estado nacional, lançadas por sucessivas gerações. Vão-se a Petrobras e o pre-sal, o sistema elétrico, a rede de proteção social, que tem como guarda-chuva principal a Previdência. Vai-se a CLT e a antiga cordialidade, dando lugar à intolerância alimentada pela polarização política"

Vai-se o ano, segue a crise

Roberto Stuckert Filho "No Brasil, gostem ou não os críticos da narrativa do golpe, 2016 ficará na História como o ano em que o povo brasileiro  sofreu uma grande derrota. A vontade popular que se expressou nas urnas de 2014 reelegendo a ex-presidente Dilma Rousseff,  foi violentada num simulacro de impeachment sem crime de responsabilidade", diz a colunista Tereza Cruvinel;

Vai-se o ano, segue a crise

"No Brasil, gostem ou não os críticos da narrativa do golpe, 2016 ficará na História como o ano em que o povo brasileiro  sofreu uma grande derrota. A vontade popular que se expressou nas urnas de 2014 reelegendo a ex-presidente Dilma Rousseff,  foi violentada num simulacro de impeachment sem crime de responsabilidade", diz a colunista Tereza Cruvinel; "nesta espiral do caos, vão sendo erodidas as bases do Estado nacional, lançadas por sucessivas gerações. Vão-se a Petrobras e o pre-sal, o sistema elétrico, a rede de proteção social, que tem como guarda-chuva principal a Previdência. Vai-se a CLT e a antiga cordialidade, dando lugar à intolerância alimentada pela polarização política"


Roberto Stuckert Filho
Vai-se embora finalmente o ano da grande devastação. Vai-se 2016, mas deixando feridas abertas e um vasto inventário de cicatrizes na vida nacional. Leio em algum lugar que o ano tão nefasto para o Brasil e para o mundo em geral terá até um segundo a mais de duração, por força do descompasso entre o giro da Terra e os relógios humanos. Um segundo a mais revelador de que 2016 está disposto a invadir o Ano Novo com suas mazelas.  Não nos iludamos com os fogos, não percamos a lucidez com os brindes. No Brasil, por ora segue a crise, com aumento do desemprego, da instabilidade política, da  anemia democrática, da desconstrução da cidadania e seus direitos, do espanto com a corrupção dos governantes e com o poder dos grupos corruptores.
Foi um ano ruim para a democracia no mundo.  Ano em que os eleitores de vários países votaram com o gosto do ressentimento na boca, elegendo Trump, aprovando o Brexit, fortalecendo a direita e enaltecendo  a xenofobia, o racismo, o machismo. Aqui, gostem ou não os críticos da narrativa do golpe, 2016 ficará na História como o ano em que o povo brasileiro  sofreu uma grande derrota. A vontade popular que se expressou nas urnas de 2014 reelegendo a ex-presidente Dilma Rousseff,  foi violentada num simulacro de impeachment sem crime de responsabilidade. Foi golpe,  mas  urdido de forma que seus defensores possam invocar o sistema de freios e  contrapesos dos regimes democráticos para dizer que não foi.  Nem por isso a História deixará de registrar que ele foi feito para encerrar um ciclo  de poder popular e entronizar um governo sem voto para cumprir agenda  oposta. Agenda que tem produzido recessão e desemprego e desmanchado os avanços civilizatórios mais recentes.  O presidente posto na cadeira presidencial, diante do dilúvio de resultados negativos, chega a mentir sobre seu tempo de governo, como se desde a posse como interino, em maio,  não tivesse se comportado como presidente definitivo, praticando sem o menor constrangimento o revanchismo e a perseguição.
Nesta espiral do caos, vão sendo erodidas  as bases do Estado nacional, lançadas por sucessivas gerações. Vão-se a Petrobras e o pre-sal, o sistema elétrico, a rede de proteção social, que tem como guarda-chuva principal a Previdência. Vai-se a CLT e a antiga cordialidade, dando lugar à intolerância alimentada pela polarização política.
Mais cedo ou mais tarde, a economia sairá do atoleiro. Mais cedo ou mais tarde a democracia há de recobrar sua plenitude e a crença na representação será resgatada.  A corrupção não será exterminada pela Lava Jato, pois  é pecado da natureza humana, mas deve ser contida, domada.   Que neste futuro os recursos públicos não sejam sangrados com tanta desfaçatez, nem a corrupção seja usada como pretexto para intoxicar  as mentes e fomentar indignações com segundas intenções.  Tudo isso podemos conseguir mas não agora, com este Ano Novo, que por algum tempo ainda arrastará as correntes da crise e seus castigos.
2017 é um grande ponto de interrogação. Não sabemos sequer até quando Temer nos governará.  Pode ser cassado pelo TSE, pode ser alvejado pela Lava-Jato, pode ficar no cargo ate o Ano Novo de 2019.  Seja como for, teremos aprendido  que governos ilegítimos jamais serão redenção para qualquer situação.  Seja como for,  é preciso ser atento e forte, como disse o poeta, para não permitir que tudo isso se repita. Desejando a todos que ano seja o melhor  possível, encerro esta mensagem com um poema de Sophia Mello Breyner Andressen sobre o tempo, este implacável regente de nossas vidas, que nos ensina a reverenciá-lo.
Não creias Lídia,
que nenhum estio
 Por nós perdido possa regressar
 Oferecendo a flor
 Que adiamos colher.
Cada dia te é dado uma só vez
E no redondo círculo da noite
 Não existe piedade
 Para aquele que hesita.
 Mais tarde será tarde e já é tarde.
 O tempo apaga tudo,  menos esse
 Longo indelével rastro
 Que o não vivido deixa.
 Não creias na demora em que te medes.
 Jamais se detém Kronos cujo passo
 Vai sempre mais a frente
 Do que o teu próprio passo.
copiado  http://www.brasil247.com/pt/blog/

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