28/12/2016 - 13:34
Os japoneses celebraram nesta quarta-feira a visita de seu primeiro-ministro, Shinzo Abe, a Pearl Harbor, encarada como um gesto histórico, mas também como uma mensagem política ao futuro presidente americano, Donald Trump.
A televisão pública japonesa NHK divulgou o discurso pronunciado por Abe após a visita ao memorial "USS Arizona", construído sobre os restos do encouraçado afundado pela aviação japonesa no dia 7 de dezembro de 1941.
Shizuhiko Haraguchi, de 95 anos, um ex-marinheiro japonês cuja unidade participou do ataque a Pearl Harbor há 75 anos, declarou ao canal TV Asahi que a mensagem de reconciliação de Abe o "cobriu de emoções profundas".
Kuniyoshi Takimoto, da mesma idade, um ex-mecânico de
aeronaves da marinha que se uniu à frota japonesa para o ataque,
considerou que foi "uma mensagem bonita que refletiu bem os sentimentos
de americanos e japoneses".
Lamentou, no entanto, que estas palavras de Abe se choquem "com o que está fazendo, como permitir que soldados japoneses se dirijam a uma zona de conflito no exterior, e isso pela primeira vez" desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Abe impulsionou uma reforma da legislação sobre segurança nacional para reinterpretar uma parte da Constituição pacifista e ampliar as prerrogativas exteriores das forças de autodefesa, como são chamadas as forças armadas japonesas.
Takimoto se perguntou sobre o que ocorrerá após a partida de Barack Obama, um presidente em fim de mandato que selou a reconciliação com Abe em Pearl Harbor.
- Gratidão aos Estados Unidos -
"Não sei como serão as relações nipo-americanas quando Trump estiver no poder", disse o nonagenário.
A homenagem de Abe às vítimas do ataque japonês de dezembro de 1941 e o fato de ter elogiado a relação de aliados dos dois países foram encarados pelos cientistas políticos como um sinal dirigido ao sucessor de Obama.
"Trump citou em várias ocasiões a aliança nipo-americana durante sua campanha e Abe quis notificá-lo que era inquebrável", comentou um jornalista da Nippon Television.
O magnata imobiliário questionou publicamente os termos desta relação bilateral, forjada depois da guerra e de sete anos de ocupação do Japão por parte dos americanos.
O presidente eleito republicano deu a entender que o Japão deve contribuir mais no financiamento de sua defesa para conservar a proteção americana.
Em seu discurso, Abe não se esqueceu de agradecer aos Estados Unidos por sua ajuda na reconstrução de um Japão que saiu fragilizado do conflito.
Para Takashi Ryuzaki, professor da Universidade Ryutsu Keizai, é uma forma de ganhar os americanos que elegeram Trump, paladino do orgulho patriótico: "Em vez de pedir desculpas, Abe optou por uma mensagem de gratidão em relação aos Estados Unidos".
O primeiro-ministro japonês terá que se entender com o novo inquilino da Casa Branca e já deu um primeiro passo quando se converteu no primeiro dirigente que se reuniu com Trump pouco depois de sua vitória eleitoral de novembro.
O porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, mostrou-se tranquilizador: "Pensamos que a relação nipo-americana não vai mudar, inclusive com a entrada em funções da administração Trump", insistiu na manhã desta quarta-feira.
Segundo a imprensa japonesa, há negociações em andamento para um novo encontro entre Abe e Trump uma semana depois da posse do novo presidente americano.
Os japoneses celebraram nesta quarta-feira a visita de seu primeiro-ministro, Shinzo Abe, a Pearl Harbor, encarada como um gesto histórico, mas também como uma mensagem política ao futuro presidente americano, Donald Trump.
AFP / Nicholas Kamm
(27 abr) Obama observa um discurso de Abe no Memorial USS Arizona, em Pearl Harbor
Os japoneses celebraram nesta quarta-feira a visita de
seu primeiro-ministro, Shinzo Abe, a Pearl Harbor, encarada como um
gesto histórico, mas também como uma mensagem política ao futuro
presidente americano, Donald Trump.A televisão pública japonesa NHK divulgou o discurso pronunciado por Abe após a visita ao memorial "USS Arizona", construído sobre os restos do encouraçado afundado pela aviação japonesa no dia 7 de dezembro de 1941.
Shizuhiko Haraguchi, de 95 anos, um ex-marinheiro japonês cuja unidade participou do ataque a Pearl Harbor há 75 anos, declarou ao canal TV Asahi que a mensagem de reconciliação de Abe o "cobriu de emoções profundas".
Lamentou, no entanto, que estas palavras de Abe se choquem "com o que está fazendo, como permitir que soldados japoneses se dirijam a uma zona de conflito no exterior, e isso pela primeira vez" desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Abe impulsionou uma reforma da legislação sobre segurança nacional para reinterpretar uma parte da Constituição pacifista e ampliar as prerrogativas exteriores das forças de autodefesa, como são chamadas as forças armadas japonesas.
Takimoto se perguntou sobre o que ocorrerá após a partida de Barack Obama, um presidente em fim de mandato que selou a reconciliação com Abe em Pearl Harbor.
- Gratidão aos Estados Unidos -
"Não sei como serão as relações nipo-americanas quando Trump estiver no poder", disse o nonagenário.
A homenagem de Abe às vítimas do ataque japonês de dezembro de 1941 e o fato de ter elogiado a relação de aliados dos dois países foram encarados pelos cientistas políticos como um sinal dirigido ao sucessor de Obama.
"Trump citou em várias ocasiões a aliança nipo-americana durante sua campanha e Abe quis notificá-lo que era inquebrável", comentou um jornalista da Nippon Television.
O magnata imobiliário questionou publicamente os termos desta relação bilateral, forjada depois da guerra e de sete anos de ocupação do Japão por parte dos americanos.
O presidente eleito republicano deu a entender que o Japão deve contribuir mais no financiamento de sua defesa para conservar a proteção americana.
Em seu discurso, Abe não se esqueceu de agradecer aos Estados Unidos por sua ajuda na reconstrução de um Japão que saiu fragilizado do conflito.
Para Takashi Ryuzaki, professor da Universidade Ryutsu Keizai, é uma forma de ganhar os americanos que elegeram Trump, paladino do orgulho patriótico: "Em vez de pedir desculpas, Abe optou por uma mensagem de gratidão em relação aos Estados Unidos".
O primeiro-ministro japonês terá que se entender com o novo inquilino da Casa Branca e já deu um primeiro passo quando se converteu no primeiro dirigente que se reuniu com Trump pouco depois de sua vitória eleitoral de novembro.
O porta-voz do governo japonês, Yoshihide Suga, mostrou-se tranquilizador: "Pensamos que a relação nipo-americana não vai mudar, inclusive com a entrada em funções da administração Trump", insistiu na manhã desta quarta-feira.
Segundo a imprensa japonesa, há negociações em andamento para um novo encontro entre Abe e Trump uma semana depois da posse do novo presidente americano.
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