Aliados de Maia querem gabinete com membros do governo e parlamentares para articular reformas
Guarda compartilhada Deputados que pretendem pressionar Michel Temer a ceder espaço ao Congresso e ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), pregam a criação de um gabinete composto por membros do governo e do Parlamento logo após a votação da denúncia. A estrutura serviria para acelerar a discussão de ações para a economia. A proposta –praticamente de adoção de um parlamentarismo branco– prevê que Maia articule nova reforma da Previdência tão logo a queixa seja derrubada.
Ambas as partes A tese vem sendo empacotada como a única opção que garantiria governabilidade e evitaria a paralisação do país até o fim de 2018. A articulação extrapolou o grupo mais próximo de Maia e ganhou espaço entre deputados que são alinhados ao peemedebista.
Senta lá Integrantes do Planalto, por sua vez, não demonstram grande entusiasmo com a ideia. Dizem que Temer só precisa segurar as pontas até o fim deste ano.
Tempo ao tempo Até o início de abril todos os ministros que quiserem concorrer à eleição precisarão sair dos cargos. Melhor janela para uma reformulação na Esplanada não há, argumentam.
Menos, gente Maia também tem pedido menos entusiasmo com o assunto. Para o presidente da Câmara só será possível medir a força do governo após coletar os votos pró-Temer na denúncia.
Remédio amargo A aprovação de alguma reforma da Previdência é vista como imprescindível para fixar a versão de que Temer deixou um legado ao país. Na Fazenda, porém, o medo é que a proposta aceita pelos parlamentares seja tão enxuta que não surta efeito.
Pop Alheio à movimentação do Congresso, o ministro da Educação, Mendonça Filho, aproveitou passagem por São Paulo para assistir, na pista, ao show da banda U2. Saiu satisfeito. “Passei no teste da rua. Hoje em dia, é muito lucro político não tomar tapa na orelha”, disse aos risos.
Com emoção Lúcio Funaro está preparado para um embate com o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) nos depoimentos que ambos prestarão à Justiça Federal, em Brasília, na quinta (26) e na sexta (27). Falarão sobre casos investigados na operação Sépsis.
Olhos nos olhos O peemedebista pretende usar a ocasião para questionar elementos da delação de Funaro, seu ex-operador financeiro. O teor do acordo foi publicizado na semana passada.
Divergentes Procuradores ligados a Rodrigo Janot usaram o artigo publicado pelo ex-colega Marcello Miller, neste domingo (22), na Folha, para criticar outro membro da categoria, Ângelo Goulart Villela. Ambos são investigados por supostos favorecimentos à J&F.
Siga o mestre Os aliados de Janot dizem que a situação jurídica de Miller é complicada, mas afirmam que, ao contrário de Villela, o advogado optou por um mea-culpa público em vez de atacar os colegas.
Guerra de versões O comando da CPI da JBS fará uma acareação entre o diretor jurídico da empresa, Francisco de Assis e Silva, e Villela.
Lotação esgotada Em reunião na Casa Civil sobre refugiados da Venezuela, na sexta (20), a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (PMDB), relatou a técnicos palacianos que cerca de 20 mil venezuelanos já vivem no município de 350 mil habitantes. Estima que, em poucos meses, o número chegará a 85 mil.
Na mesa Uma das principais demandas de Surita é que o governo federal invista no que ela chama de “ordenamento da fronteira”, para identificar os imigrantes e suas necessidades, e na construção de abrigos. Hoje, só existe um, com capacidade para 800 pessoas.
TIROTEIO
Rodrigo Maia tem credibilidade. É bom para o país que ele assuma um protagonismo crescente na agenda econômica.
DO DEPUTADO RICARDO TRIPOLI (SP), líder do PSDB, sobre o esforço para fazer do presidente da Câmara um ‘elemento estabilizador’ em meio à crise política.
CONTRAPONTO
Pacote completo
Em sessão da Câmara, na quarta (18), o deputado Caetano (PT-BA) fez discurso exaltado sobre a votação do Senado que devolveu o mandato a Aécio Neves (PSDB-MG). Disse que os tucanos estão divididos e envergonhados.
— Não construíram ponte nem viaduto para o futuro, como eles queriam, junto com o PMDB. Estão agarrados em Michel Temer e não soltam de jeito nenhum! É uma vergonha para o Brasil. Fora, PSDB!
Carlos Manato (SD-ES), que é aliado do presidente e comandava a sessão, provocou:
— E não vai haver “Fora, Temer”?
— Também! — respondeu Caetano.
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