Maior comboio de evacuados deixa a zona rebelde síria de Ghuta Oriental
AFP / LOUAI BESHARA
Civis e combatentes evacuados em ônibus em Ghuta Oriental, em 25 de março de 2018
O maior comboio de combatentes armados e de civis
deixou nesta terça-feira o enclave de Ghuta Oriental, perto de Damasco,
selando a derrota militar dos rebeldes sírios para as tropas do regime e
seu aliado russo.As tropas do regime lançaram uma ofensiva em 18 de fevereiro apoiadas pela Rússia e milícias leais e recuperara o controle de mais de 90% do enclave.
Dois grupos rebeldes aceitaram os acordos de evacuação patrocinados por Moscou, mas ainda há dúvidas sobre um terceiro grupo e a última zona rebelde, que circunda Duma, a cidade mais importante da região controlada por Jaish al-Islam.
Na segunda-feira à noite, um comboio de 100 ônibus transportando 6.749 pessoas, um quarto de rebeldes, deixou Ghuta Oriental, segundo a agência síria SANA.
O comboio, o mais importante desde que as operações de evacuação começaram, saiu de um setor controlado pelo grupo rebelde Faylaq al-Rahman, segundo a SANA.
No total, mais de 17.000 pessoas - combatentes com suas famílias, mas também outros civis - deixaram Ghuta para os territórios rebeldes no noroeste do país.
As operações de segunda à noite continuarão nesta terça-feira. O grupo Faylaq al-Rahman indicou que no total cerca de 30 mil pessoas devem ser evacuadas.
- Detenções em zonas tomada pelo regime -
AFP / STRINGER
Soldado sírio caminha em rua de Hasrata, em Ghuta Oriental, em 26 de março de 2018
A tática usada pelo presidente Bashar al-Assad permitiu
ao regime recuperar grande parte do território sírio. Consiste em
cercar militarmente um setor, bombardeá-lo e lançar uma operação
terrestre para incitar os rebeldes a selar um acordo de evacuação.Damasco está ao alcance dos morteiros disparados a partir de Ghuta.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), mais de 1.600 civis morreram nesta ofensiva.
O OSDH indicou que documentou a detenção de mais de 40 homens e jovens pelas tropas sírias nos últimos dias nas áreas capturadas.
Os bombardeios devastadores e tiros de artilharia deixaram uma grande parte de Ghuta em ruínas. Cerca de 110 mil pessoas fugiram para áreas controladas pelo regime, a maioria a pé através dos corredores humanitários estabelecidos por Damasco e seu aliado russo.
A ONU indicou que cerca de 55 mil pessoas estão abrigadas de maneira muito precária em abrigos improvisados pelo governo sírio.
Agora a dúvida é sobre o que acontecerá em Duma, onde de acordo com estatísticas locais existem cerca de 200.000 civis.
As negociações entre Jaish al-Islam e a Rússia continuam, mas os dois lados deram a si mesmos vários dias de reflexão sobre os termos de um acordo "preliminar" que aparentemente teria sido alcançado.
Em troca do desarmamento dos rebeldes e do destacamento da polícia militar russa, as instituições do Estado sírio voltariam a operar na área e os serviços básicos (água e eletricidade) seriam restabelecidos. Mas as tropas sírias não entrariam, de acordo com o OSDH.
A guerra na Síria iniciada após a repressão de manifestações pacíficas em 2011, deixou mais de 350.000 mortos e ao longo do tempo tornou-se mais complexa com vários atores no campo.
As províncias de Idlib (noroeste) e Deraa (sul), onde estão presentes rebeldes e jihadistas, ainda fogem ao controle de Bashar al-Assad, bem como uma região do nordeste controlada pelos curdos.
copiado https://www.afp.com/pt
Nenhum comentário:
Postar um comentário