Londres celebra 'ponto de inflexão' após expulsão de diplomatas russos
PRU/AFP / HO
(Arquivo) O chanceler britânico, Boris Johnson
O Reino Unido celebrou nesta terça-feira as expulsões
de supostos espiões russos ao redor do mundo como um "ponto de inflexão"
na atitude do Ocidente em relação a uma Rússia temerária.Vinte países, incluindo Estados Unidos e 16 membros da União Europeia, decidiram na segunda-feira expulsar pelo menos 116 supostos agentes russos que trabalhavam sob cobertura diplomática, em uma retaliação coordenada sem precedentes, inclusive no período da Guerra Fria.
A Irlanda anunciou a expulsão de um diplomata russo, já a Aliança do Atlântico Norte (Otan) decidiu expulsar sete diplomatas russos e negar credencial a outros três, segundo informou o secretário-geral Jens Stoltenberg.
"Isso manda uma mensagem clara à Rússia de que há custos e consequências para sua forma de atuar, inaceitável e perigosa", acrescentou o secretário-geral da Aliança do Atlântico Norte.
AFP/Arquivos / EMMANUEL DUNAND
(Arquivo) O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg
"Nunca antes tantos países haviam se unindo para
expulsar diplomatas russos", escreveu o ministro britânico das Relações
Exteriores, Boris Johnson, em um artigo publicado no jornal The Times,
no qual afirma que este "é um golpe do qual a inteligência russa levará
muitos anos para se recuperar"."Acredito que os acontecimentos de ontem podem virar um ponto de inflexão. A aliança ocidental tomou ações decisivas e os sócios do Reino Unido se uniram contra a ambição temerária do Kremlin", completou.
Skripal, um oficial de inteligência militar russo detido por Moscou por repassar informações sobre agentes russos a vários países europeus, chegou ao Reino Unido em 2010 graças a uma troca de espiões.
- Nova Guerra Fria -
O Reino Unido já havia ordenado a expulsão de 23 diplomatas russos após acusar a Rússia pelo ataque. Moscou negou a acusação e apontou para o serviços de inteligência britânico.
Na segunda-feira, os aliados da Grã-Bretanha seguiram o exemplo, liderados pelos Estados Unidos, que ordenaram a expulsão de 60 russos de seu território, em um novo golpe para as relações entre Washington e Moscou menos de uma semana depois do presidente americano Donald Trump ter felicitado o colega russo Vladimir Putin por sua reeleição.
Outros países se uniram imediatamente à retaliação e anunciaram expulsões em menor escala, um movimento que o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, atribuiu à pressão dos Estados Unidos.
"É o resultado de pressões colossais, uma chantagem colossal que constitui, infelizmente, a principal arma de Washington no cenário internacional", afirmou Lavrov durante uma visita ao Uzbequistão.
A Rússia já advertiu que está preparando uma resposta de represália para os países que "se submetem" sem, afirma Moscou, entender totalmente o que está acontecendo.
Em um artigo para o jornal russo Vedomosti, o analista Fiodor Lukianov afirma que as expulsões, "particularmente destrutivas para as relações entre Rússia e Estados Unidos, levam as relações entre Moscou e o Ocidente a um novo período de Guerra Fria".
"Não é o fim da escalada, está claro que vai se agravar, prevemos medidas ainda mais severas, sanções econômicas contra a Rússia", advertiu, enquanto o jornal Izvestia denunciou uma ação de "russofobia".
Ao anunciar as respectivas expulsões, no entanto, as autoridades ocidentais deixaram claro que compartilham a afirmação britânica de que apenas o Kremlin poderia estar por trás do envenenamento de Skripal.
- "Ninguém se deixa enganar" -
Em seu artigo no jornal The Times, Johnson considera que "o uso de um agente neurotóxico proibido em território britânico é parte da tendência mais amplia de um comportamento temerário de Vladimir Putin".
Ele cita a anexação da Crimeia, o apoio russo ao regime sírio de Bashar al-Assad e as supostas interferências em eleições em outros países.
"O fio condutor é a vontade de Putin de desafiar as regras essenciais das quais dependem a segurança de cada país", escreveu.
E, ao criticar as várias teses de Moscou para explicar o envenenamento, o chefe da diplomacia britânica respondeu: "Houve um tempo em que a tática de espalhar a dúvida poderia ser eficaz, mas agora ninguém se deixa enganar".
copiado https://www.afp.com/pt
Nenhum comentário:
Postar um comentário