Autoridades europeias e britânicas exigem explicações de Zuckerberg
AFP/Arquivos / Jim WATSON
(Arquivo) O empresário americano Mark Zuckerberg
A Comissão Europeia e uma comissão parlamentar
britânica exigiram nesta terça-feira (26) que Mark Zuckerberg, dono do
Facebook, dê explicações sobre o uso de dados da rede social, mas o
empresário americano resiste a ir a Londres. Zuckerberg propôs enviar em seu lugar um de seus diretores adjuntos, segundo uma carta revelada nesta terça-feira, em meio ao escândalo pelo suposto roubo dos dados de até 50 milhões de usuários do Facebook.
O Facebook está meio de um escândalo desde as revelações sobre as práticas da empresa Cambridge Analytica (CA), acusada de ter recuperado, sem autorização, dados de 50 milhões de usuários da plataforma social e de tê-los utilizado para apoiar a campanha presidencial de Donald Trump em 2016.
Em carta a Collins, a diretora de políticas públicas do Facebook na Grã-Bretanha, Rebecca Stminson, afirmou que "Zuckerberg pediu pessoalmente a um de seus adjuntos que se colocasse à disposição para dar um depoimento em pessoa ante à Comissão".
Ela indica que o diretor técnico Mike Schroepfer, ou o de produtos, Chris Cox, poderiam estar presentes "diretamente", após o fim o fim do recesso de Páscoa, ou 16 de abril.
"Gostaríamos de convidar Cox para dar um depoimento", declarou Collins no começo de uma sessão da Comissão cujo convidado é Chris Wylie, ex-diretor de investigação da CA que denunciou o caso.
"Mas gostaríamos sobretudo de escutar Zuckerberg", acrescentou, apontando que podia fazê-lo pessoalmente, ou por videoconferência.
O Facebook denunciou um "abuso de confiança", alegando ignorar o uso com fins políticos dos dados coletados pela CA através de um aplicativo de questionários psicológicos elaborado por um pesquisador universitário.
A Comissão escutou nesta terça-feira o delator do escândalo, Christopher Wylie, ex-diretor de pesquisa da CA, acusada de ter subtraído os dados do Facebook.
Wylie explicou que a empresa, assim como a AggregateIQ, ambas filiais da SCL, trabalharam para grupos pró-Brexit durante a campanha do referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, em 2016.
"Pode-se dizer razoavelmente que o resultado do referendo teria sido diferente se não tivesse produzido o que, a meu ver, são armadilhas", garantiu o especialista informático.
O organismo britânico que controla a privacidade de dados, o Information Commissionner's Office (ICO), abriu uma investigação sobre a CA e na sexta-feira passada registrou sua sede.
- Prazo de duas semanas -
Já a comissária europeia de Justiça, Vera Jourova, deu duas semanas de prazo para os diretores do Facebook responderem a uma série de questões, em particular sobre a forma como que a rede social aplica as regras europeias de proteção de dados.
Em 20 de março, o presidente do Parlamento europeu Antonio Tajani já tinha convidado Zuckerberg a dar explicações diante dos eurodeputados.
Jourova também quer saber se há cidadãos europeus entre os usuários afetados.
A diretora britânica Rebecca Stimson respondeu parcialmente a essa questão, inedicando que cerca de "1% dos downloads" do aplicativo que permitiu o vazamento de dados do Facebook para a Cambridge Analytica foram realizados "por usuários da União Europeia, alguns deles no Reino Unido".
Zuckerberg pediu desculpas novamente no domingo. "Temos uma responsabilidade: proteger seus dados. Se não conseguimos, não os merecemos", escreveu o CEO da rede social.
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