Morre Linda Brown, símbolo da luta contra a segregação racial nas escolas
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Fotografia de 1964 da Biblioteca do Congresso americano de Linda Brown (C)
Linda Brown, uma americana negra que, quando criança,
motivou o julgamento que levou em 1954 à proibição da segregação racial
nas escolas do país, faleceu aos 76 anos. "Ela é um exemplo da maneira como estudantes comuns estiveram na linha de frente para transformar este país", escreveu na segunda-feira em um comunicado anunciando a sua morte Sherrilyn Ifill, da National Association for the Advancement of Colored People (NAACP).
"Não foi fácil para ela e nem para a sua família, mas seu sacrifício rompeu barreiras".
Linda Brown tornou-se professora e ensinava piano, além de trabalhar com sua irmã na Brown Foundation, fundada em 1988 para continuar a luta contra a segregação racial.
Sessenta e quatro anos após a decisão histórica da Suprema Corte dos Estados Unidos em 1954 proibindo a segregação escolar - intitulada "Brown v. Board of Education" (Brown contra a secretaria de educação de Topeka) -, o país segue marcado pela discriminação, o racismo e tensões raciais.
Em 1951 Oliver Brown, que vivia na cidade de Topeka, no Kansas, tentou inscrever sua filha de 9 anos em uma escola próxima de casa, reservada aos brancos.
A pequena Linda foi rejeitada por sua cor de pele e obrigada a frequentar uma escola para negros, muito mais distante.
Na época, a maioria dos estados do sul tinham a opção de separar os estudantes negros e brancos.
O pai de Linda Brown levou o caso à Justiça, numa queixa coletiva, contra esta lei do Kansas que autorizava as cidades com mais de 15.000 habitantes de estabelecer escolar separadas.
- Vitória emblemática -
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Fotografia de 1964 fornecida pela Biblioteca do Congresso americano de Linda Brown (C)
Este longo processo foi apoiado e liderado pela NAACP e
concluído com uma de suas vitórias mais emblemáticas, tornando-se
também um marco no movimento dos direitos civis: em 17 de maio de 1954, a
Suprema Corte dos Estados Unidos julgou unanimemente que esta
segregação escolar era contrária à Constituição.Para Sherrilyn Ifill, esta foi a "decisão da Suprema Corte mais importante do século XX".
Em 1957, o presidente Dwight Eisenhower teve que enviar o Exército à escola de ensino médio de Little Rock, no estado do Arkansas, para permitir que estudantes negros entrassem na escola.
Para combater a segregação que perdurava mesmo após a decisão da Justiça, foi estabelecida uma política de transporte de estudantes para escolas em outros bairros ("busing").
O governador de Kansas, Jeff Colyer, considerou no Twitter que "a vida de Linda Brown nos lembra que às vezes são as pessoas mais inesperadas que podem causar um impacto incrível e que, ao servir nossa comunidade, podemos realmente mudar o mundo".
"A decisão Brown fez da América um raio de esperança para o resto do mundo, nos ensinou que através da lei poderíamos acabar com um sistema de castas baseado na raça e opressivo", reagiu por sua vez a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU).
"Hoje prestamos homenagem a Linda Brown e a todas as lutas que temos para vencer", acrescentou a organização.
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