Pence e sua esposa rezam em Manaus por refugiados venezuelanos
AFP / Ricardo OLIVEIRAVice-presidente dos EUA, Mike Pence (C), fala com refugiados venezuelanos no Centro de Acolhida Santa Catarina, em Manaus
O vice-presidente americano, Mike Pence, visitou nesta quarta-feira (27) um centro de acolhida para migrantes venezuelanos em Manaus e rezou por eles ao lado da esposa, Karen.
Na Casa de Acolhida Santa Catarina, Pence elogiou a "força" dos refugiados diante do "impacto devastador da ditadura em seu país".
De dois a quatro milhões de venezuelanos, segundo diferentes estimativas, deixaram seu país em meio à crise política e econômica, com uma hiperinflação de 13.800% (FMI), uma profunda escassez de dinheiro, remédios, alimentos e outros produtos, assim como elevados índices de violência.
O vice-presidente, que conversou com algumas famílias de refugiados, se disse comovido pelo que atravessaram para fugir do "regime de (Nicolás) Maduro" e, "ainda assim, a força que mostram".
"Cada uma destas famílias quer voltar para casa, mas como nos disse um estudante, 'queremos que haja liberdade para voltar'", acrescentou Pence, afirmando que a "liberdade e a democracia prevalecerão" na Venezuela.
O vice-presidente americano, que na terça-feira se reuniu com o presidente Michel Temer em Brasília, reiterou o anúncio de mais 10 milhões de dólares de ajuda para os refugiados.
Ainda assim, elogiou tanto o Brasil quanto a Colômbia e outros países da região que recebem migrantes do país caribenho. Mais de um milhão de venezuelanos migraram para a Colômbia nos últimos 16 meses, e a maioria pretende ficar, segundo um balanço oficial atualizado.
Depois, sua esposa, Karen, fez uma oração. "Deus, te louvamos por esta linda gente" e pediu pela "liberdade" do "povo venezuelano".
Pence não foi recebido pelo prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, incomodado com as exigências de segurança dos americanos, que o obrigavam a comparecer duas horas antes da chegada do visitante e não permitiam a presença de sua esposa.
"Respeite a soberania do meu país e o brio do povo amazonense. Não aceito a intervenção militar, nem por brincadeira. Por favor, volte para sua casa", tuitou o prefeito, dirigente histórico do PSDB.
- Onda migratória -
AFP / Ricardo OLIVEIRAVice-presidente dos EUA, Mike Pence (D), conversa com refugiados venezuelanos no Centro de Acolhida Santa Catarina, Manaus, Brasil
O Centro de Acolhida Santa Catarina, administrado pela Cáritas da Arquidiocese de Manaus, capital do Amazonas, com o apoio do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur), conta com 86 migrantes venezuelanos, em sua maioria famílias com crianças.
Estes refugiados chegaram em maio procedentes de Boa Vista, a capital de Roraima, na fronteira com a Venezuela e principal ponto de entrada, no âmbito de um programa do governo brasileiro de realocação voluntária dos migrantes, informou o Acnur.
Além de refúgio, o centro oferece comida, aulas de português, apoio psicológico, assessoria legal, vacinação, tramitação de documentos e permissões de trabalho, assim como o apoio para que os refugiados consigam trabalho.
Milhares de venezuelanos começaram a chegar desde dezembro de 2016 à capital amazônica, onde a situação é menos precária do que em Roraima, segundo o Acnur.
Desde janeiro de 2017, a Polícia Federal de Manaus registrou 7.080 solicitações de refúgio por parte dos venezuelanos.
As autoridades de Manaus "responderam rapidamente às necessidades dos venezuelanos", elogiou o porta-voz desta agência da ONU no Brasil, Luiz Fernando Godinho.
Segundo cálculos das autoridades fronteiriças brasileiras, diariamente entram 500 migrantes, embora nem todos fiquem. Alguns passam uma temporada e voltam à Venezuela com dinheiro e comida, enquanto outros seguem para outros países.
Mais de 32.000 venezolanos pediram refúgio no Brasil e outros milhares, residência temporária nos últimos três anos, embora os números aumentem à medida que a crise se intensifica no país vizinho.
Em Boa Vista, estima-se que haja entre 20.000 e 30.000 venezuelanos, enquanto em Pacaraima, cidade limítrofe com a Venezuela, fala-se de 4.000, muitos deles dormindo nas ruas.
- Cooperação bilateral -
Além da Venezuela, Pence conversou na terça com Temer sobre a situação das cerca de 50 crianças brasileiras separadas de suas famílias no âmbito da crise migratória na fronteira sul dos Estados Unidos, onde mais de 2.000 menores, em sua maioria centro-americanos, foram separados de seus pais.
Na quinta-feira, após uma escala oficial em Quito, o vice-presidente americano se reunirá na Guatemala com os presidentes deste país e de Honduras, assim como com seu contraparte salvadorenho, para tratar a crise.
AFP / Sergio LIMAO presidente Michel Temer (E) e o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, reunidos no Palácio do Planalto na terça-feira em Brasília
Temer e Pence abordaram vários temas, particularmente no âmbito espacial, no qual já contam com um acordo bilateral de cooperação.
Ambos os países retomaram as negociações sobre as salvaguardas de propriedade intelectual americana e de soberania brasileira para o uso, por parte dos Estados Unidos, do centro de lançamento de Alcântara, no Maranhão.
A base fica muito próxima à linha do Equador, o que permite economizar até 30% de combustível nos lançamentos.
Os dois também ratificaram acordos bilaterais de céus abertos e previsão social, que já foram promulgados.
Antes de partir com destino a Quito, Pence e sua comitiva sobrevoaram a zona franca de Manaus e a Floresta Amazônica.
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