São Paulo — O fundo Versa, da gestora GTI, é o multimercado mais rentável do ano, até maio, segundo um levantamento feito, a pedido de EXAME, pela empresa de informações financeiras Morningstar (o estudo considerou os fundos abertos, com patrimônio superior a 5 milhões de reais e pelo menos 50 cotistas).
No acumulado de 2018, o retorno do fundo foi de 27%, enquanto a média dos multimercados ficou em 2,6%. Em 12 meses, a rentabilidade do Versa foi de 164%. O bom desempenho se deveu, principalmente, aos investimentos feitos em ações.
Recentemente, a queda da Bolsa piorou o resultado do fundo. Ainda assim, Luiz Alves, gestor do Versa, que tem um patrimônio de cerca de 140 milhões de reais, diz que continua apostando na Bolsa. A EXAME, ele contou em que está aplicando agora.
EXAME – A maior parte do ganho acumulado pelo fundo Versa em 2018 aconteceu no início deste ano. Que investimentos renderam mais?
LUIZ ALVES – Um dos nossos melhores investimentos foi nas ações da Locamerica, uma das maiores locadoras de veículos do país. A empresa fez um bom trabalho de gestão nos últimos anos e, com isso, conseguiu melhorar os resultados. Depois, anunciou uma fusão com a Unidas, que foi muito bem recebida pelo mercado. Entre janeiro e meados de março, a ação da empresa subiu mais de 70%. Tínhamos uma posição relevante nessa época, que agora diminuímos.
Qual foi a saída do fundo para enfrentar a recente queda da bolsa?
Nosso fundo é bastante alavancado [fundos alavancados usam derivativos e outros instrumentos para ampliar as chances de ganho e também o nível de risco]. Quando ganhamos, ganhamos muito. O mesmo acontece quando perdemos. Nessas situações, reduzimos nossos investimentos, fazendo uma espécie de higienização. Vendemos ações em que acreditamos menos e nos concentramos naquelas em que temos maior convicção. É o que estamos fazendo diante da queda da bolsa nas últimas semanas.
A carteira do Versa vai mudar?
Não pretendemos alterar significativamente a carteira. Estamos comprando ações, mais do que vendendo. Estamos com uma perda em junho, mas o fundo é volátil por natureza. Procuramos dar conforto aos investidores disponibilizando cada vez mais informação sobre nossas decisões. Temos a cabeça voltada para o médio e longo prazo.
Mas a bolsa continua caindo.
O movimento que estamos vendo mostra que houve um descolamento dos mercados em relação aos fundamentos da economia. Mesmo com a recuperação mais lenta do que o projetado no início do ano, as empresas continuam crescendo. O mercado está muito arisco, o mar não está para peixe. Mas continuamos comprando ações. O desemprego está em queda e os juros estão baixos, e isso é bom para a economia e para as empresas.
Que ações o fundo está comprando?
Compramos ações da BR Properties. A empresa, especializada em gestão de imóveis, fez um investimento grande em novos escritórios recentemente. Por enquanto, os resultados são prejudicados pelo número de salas que ainda estão vazias, mas a nossa expectativa é de que a empresa consiga alugá-las, por valores reajustados. Outra aposta nossa é na companhia têxtil Hering. A ação está muito barata porque a empresa sofreu com vendas mais fracas nos últimos anos. Mas depois de uma reestruturação, os negócios começaram a reagir.
O que explica a volatilidade do mercado?
A volatilidade reflete um clima de aversão a risco. Há muita saída de investidores estrangeiros da bolsa de valores, por conta da elevação dos juros americanos, o que atrai dinheiro para os Estados Unidos. Além disso, o cenário eleitoral no Brasil ainda está muito aberto, o que causa desconfiança. São elementos sobre os quais não temos o menor controle. Por isso, o que resta é nos atermos aos fundamentos e esperar esse momento ruim passar.
copiado https://exame.abril.com.br
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