Bolsonaro admite pressão, mas nega “toma lá, dá cá” com liberação de emendas para votar reforma da Previdência.

Bolsonaro admite pressão, mas nega “toma lá, dá cá” com liberação de emendas para votar reforma da Previdência

O presidente Jair Bolsonaro negou nesta terça-feira (12) que haja relação entre a liberação de R$ 1 bilhão em emendas parlamentares e a votação da proposta de reforma da Previdência. Em publicação no Twitter, Bolsonaro disse que a pressão é grande, mas que não faz uso de expedientes da "velha política". Segundo ele, a liberação de recursos em troca de votos é um "caminho errado", que não será seguido pelo atual governo.
Levantamento feito pelo Palácio do Planalto constatou que cerca de R$ 3 bilhões em emendas impositivas ainda não foram pagos. Desse total, o equivalente a R$ 1 bilhão atendiam a todos os requisitos. Do total liberado, R$ 300 milhões se referem a sugestões de bancadas, e R$ 700 milhões, a emendas individuais.
Os líderes partidários decidiram ontem segurar a tramitação da reforma da Previdência até que o governo envie à Câmara projeto com novas regras para a aposentadoria dos militares. A proposta deve ser entregue até 20 de março. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), primeira parada da reforma, deve ser instalada entre quarta e quinta-feira.

O governo Bolsonaro deve começar a chamar aliados no Congresso, nos próximos dias, para negociar a nomeação de indicados pelos parlamentares a cargos a partir do segundo escalão nos estados. Essa é uma das cartadas do Executivo para fortalecer a base no Legislativo e facilitar a aprovação de temas como a reforma da Previdência.
O secretário da Casa Civil para a Câmara, Carlos Manato, disse ao Congresso em Foco que nomes não alinhados ao governo serão barrados. "Se tiver alguém que a gente souber que é vermelho de carteirinha, vai ser demitido ou nem vai entrar", diz o secretário.
Em outro episódio, no final de fevereiro, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, revogou a nomeação da pesquisadora Ilona Szabó para uma cadeira de suplente no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP). Eleitores de Bolsonaro repudiaram a nomeação no Twitter e Moro anulou o ato no dia seguinte, reconhecendo ter cedido à pressão de "alguns segmentos".
Manato disse ao Congresso em Foco confiar que os parlamentares não levarão à Casa Civil nomes que desagradem à base bolsonarista. "Eles [coordenadores das bancadas estaduais] já não vão trazer essas pessoas para nós. Risco tem de tudo, até de um ladrão entrar. Até de um assassino entrar. Mas toda vez que a gente descobre pessoas que o tempo todo trabalharam contra a gente, que eram da turma do "ele não", você botar essa pessoa na administração, não dá", afirma o secretário.
Indicações técnicas
Manato negou, ainda, que haja o chamado "toma-lá-da-cá" nas negociações. "O deputado [que tiver um pedido de nomeação atendido] não tem compromisso de estar votando com a gente. Não significa que vai ter que votar na reforma da Previdência, por exemplo, O que nós queremos é um diálogo", garante.
Segundo Manato, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, deve começar a conversar com os coordenadores das bancadas estaduais a partir da próxima quinta-feira (14), após voltar de viagem à Antártida. Deputados avaliam que ainda falta clareza sobre como as indicações serão feitas. "No passado tinha um critério, era fácil de você trabalhar. Hoje, ainda está meio sem direção. O governo não disse como vai ser. Vamos aguardar", afirma o deputado Toninho Wandscheer (PROS-PR), líder da bancada paranaense.

copiado https://congressoemfoco.uol.com.br/

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