da Fundação Perseu Abramo
Reforma da Previdência e SUS subfinanciado: menos qualidade de vida
por Ana Luíza Matos de Oliveira
A proposta de reforma da Previdência (PEC 6/2019) ocorre no momento em que a sociedade brasileira está mais fragilizada: com o mercado de trabalho ainda em crise e com o crescimento econômico muito baixo, a mudança das regras previdenciárias em conjunto com a piora dos serviços públicos como um todo – como a saúde, muito importante para a população idosa – tem o potencial de abalar muito a qualidade de vida dos brasileiros como um todo.
O professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e editor da Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia Renato Veras lembra em entrevista que, para os trabalhadores, as regras previdenciárias estão sendo mudadas “com o jogo sendo jogado”, ou seja, as pessoas entraram no mercado de trabalho aceitando certas condições que não valerão mais no futuro próximo, pós-reforma.
Além disso, Veras relaciona a reforma com um momento crítico enfrentado pelo SUS, em que muitas pessoas, com a crise no mercado de trabalho, perderam o acesso a planos de saúde, e também com os cortes que a saúde tem sofrido com a Emenda Constitucional 95. Segundo ele, a reforma está sendo proposta em um momento grave da sociedade brasileira, com a continuidade de uma crise que já dura por volta de cinco anos, em que as pessoas têm menos recursos e o SUS também. “É o pior dos mundos. O mercado de trabalho sendo absolutamente desregulado, as pessoas perdendo direitos sociais, tendo que trabalhar sem garantias, sem carteira de trabalho, etc., em um cenário com mais doenças crônicas. E com o SUS absolutamente subfinanciado”, afirma.
Assim, com a Emenda Constitucional 95, a reforma trabalhista, a proposta de reforma da Previdência e muitos outros direitos perdidos nos últimos anos, o Brasil vai desfazendo os mecanismos para combater a pobreza, a desigualdade e arrisca cada vez mais a qualidade de vida dos cidadãos brasileiros, em especial durante a velhice. Como diz Veras, “o Brasil está entre as quinze maiores economias do mundo, e é uma violência muito grande o Estado brasileiro não permitir que os seus idosos envelheçam em paz.”
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