Delta ainda receberá mais de R$ 700 mi da União
Pilhada no centro do escândalo
envolvendo Cachoeira, empreiteira abandonou importantes obras federais.
Mas resta o saldo de contratos anteriores
esde que foi pilhada no epicentro do escândalo envolvendo o contraventor Carlinhos Cachoeira, a construtora Delta caiu em desgraça: já abandonou as obras do Maracanã e da Transcarioca e abandonou o consórcio para a construção de um trecho da Ferrovia Oeste-Leste, o principal contrato que mantinha no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A empreiteira de Fernando Cavendish, porém, ainda receberá muito dinheiro do governo federal neste ano: 724 milhões de reais, de acordo com levantamento da ONG Contas Abertas.
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O montante é composto por restos a pagar (despesas compromissadas e não pagas em exercícios anteriores), acrescidos dos valores empenhados e não liquidados em 2012. Do total, 429,2 milhões de reais, equivalente a 59,3%, serão pagos pelo Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit).
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Até a última sexta-feira, os restos a pagar em favor da Delta somavam 504,5 milhões de reais, sendo 502,4 milhões de reais não processados, ou seja, sem o reconhecimento do governo quanto à conclusão dos serviços prestados. Além disso, neste ano, já tinham sido empenhados 229,5 milhões de reais, dos quais apenas 8 milhões de reais foram liquidados. Desta forma, computando-se os 504,5 milhões de reais de exercícios anteriores e a diferença entre os valores empenhados e liquidados em 2012 (221,6 milhões de reais), chega-se aos 724 milhões de reais passíveis de recebimento pela empreiteira.
A empreiteira assumiu o posto de líder entre as fornecedoras da União depois de contratar como consultor o deputado cassado José Dirceu, petista que responde a processo no Supremo Tribunal Federal (STF) no papel de "chefe da organização criminosa" do mensalão. Além disso, consolidou-se como a principal parceira do Ministério dos Transportes na esteira de uma amizade entre seu controlador, Fernando Cavendish, e o deputado Valdemar Costa Neto, réu no mesmo processo do mensalão e mandachuva do PR, partido que comandou um esquema de cobrança de propina que floresceu na gestão Lula e só foi desmantelado no ano passado pela presidente Dilma Rousseff. A empreiteira de Cavendish é dona da maior fatia das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e tem contratos avaliados em cerca de 4 bilhões de reais com 23 dos 27 governos estaduais.
Deflagradas pela Polícia Federal, as operações Vegas e Monte Carlo revelaram o envolvimento do contraventor Carlos Cachoeira com políticos como o senador Demóstenes Torres (ex-DEM) e Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta na Região Centro-Oeste. Entre outras atividades, o trio agia para abrir os cofres dos governos estaduais e federal à empresa. Para tanto, ofereceria propina em troca de contratos. A PF colheu indícios desse tipo de oferta criminosa, por exemplo, em Goiás e no Distrito Federal. Uma operação comandada pelo ex-presidente Lula, contudo, quer impedir a CPI do Cachoeira de investigar a atuação da empreiteira além da Região Centro-Oeste
Além dos ministérios da Integração e dos Transportes, a Saúde também vai desembolsar recursos para a Delta: 15,4 milhões de reais. O dinheiro diz respeito aos restos a pagar para a implantação da nova sede do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia, no Rio de Janeiro. As obras em andamento englobam todas as regiões do país e demonstram a rede de negócios da maior empreiteira do PAC, que já recebeu 212,4 milhões de reais em 2012. Os contratos assinados com o Dnit referem-se em geral à manutenção e conservação preventiva de trechos rodoviários. Neste ano, obras dessa natureza no estado de Alagoas, por exemplo, renderam à construtora 27,5 milhões de reais.
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