Alemanha bate de frente com França e enfatiza contrariedade aos eurobônus

publicado em 24/05/2012 às 13h07:     
AFPAFP

A Alemanha rejeitou tacitamente nesta quinta-feira a criação dos eurobônus como instrumento de reativação do crescimento, uma medida estimulada pela França e que tem ganhado adeptos na Europa - região em busca de soluções para uma desgastante crise, cujos holofotes estão sobre Grécia e Espanha.
"A crise não será resolvida com um remédio milagroso, mas sim com o resultado de um trabalho duro, baseado no rigor orçamentário e em reformas estruturais", disse a chanceler alemã, Angela Merkel, nesta quinta-feira em Berlim, um dia depois da reunião de dirigentes da União Europeia (UE), na qual o presidente francês, François Hollande, apresentou os eurobônus como uma de suas principais armas de combate à crise.
Para a Alemanha, os eurobônus, uma emissão conjunta de dívida dos países da Eurozona, "recompensaria os países menos disciplinados e castigaria os bons alunos", que atualmente obtêm financiamentos mínimos nos mercados.
"Não faz sentido o uso de instrumentos aparentemente solidários, mas que na verdade apenas agravam a crise", disse a chanceler alemã.
O novo presidente francês, no entanto, pediu a seus sócios que a "perspectiva" dos eurobônus fique gravada na agenda da próxima reunião de dirigentes de 28 e 29 de junho.
Segundo uma fonte europeia, França e Alemanha estabeleceram na quarta-feira as bases de sua relação, que consistirá em um jogo de interesses. "Caso Hollande coopere com os esforços de Merkel para obter uma ratificação rápida na União Europeia (UE) ao pacto de disciplina orçamentária, a líder alemã acabará cedendo".
O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, afirmou que a proposta voltará a ser debatida em junho. "Os eurobônus formam parte de um plano de longo prazo que se iniciará na próxima reunião para fortalecer a união monetária".
Além de discutir sobre os eurobônus, os líderes da União Europeia reunidos em Bruxelas afirmaram na quarta-feira que desejam que a Grécia, foco da crise juntamente da Espanha, continue na zona do euro, mas advertiram que Atenas deve cumprir seus compromissos com o bloco.
"Queremos a Grécia na zona do euro, mas (o país) deve respeitar seus compromissos", disse Van Rompuy, ao fim da cúpula de líderes das 27 nações. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, destacou que "apoia a Grécia, mas Atenas tem que cumprir" com suas obrigações.
As declarações ocorrem após os países da zona do euro decidirem em Bruxelas preparar "um plano de contingência" para o caso da saída da Grécia do grupo.


Draghi pede "um salto valente" para superar a crise
-------------------------------------------------------

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), o italiano Mario Draghi, reconheceu nesta quinta-feira em Roma que a União Europeia vive "um momento crucial" de sua história e que se faz "necessário" um pacto para o crescimento que respeite também a disciplina orçamentária.
Para que o processo de integração da Europa sobreviva, é preciso dar um salto valente", disse ele em uma coletiva realizada na Universidade de Roma, La Sapienza.
Draghi reconheceu que a crise da dívida mostrou os pontos fracos do sistema e reiterou que é preciso um pacto para o crescimento econômico.
Esse pacto se basearia em "reformas estruturais" do mercado de trabalho e também em uma "reativação dos investimentos públicas" graças a maiores investimentos do BCE e a uma revisão da programação dos fundos estruturais europeus.
Draghi foi convidado a realizar uma coletiva sobre o desaparecimento, ocorrido há 25 anos, do prestigiado economista italiano Federico Caffé, que apoiava um modelo que garantisse o emprego e a proteção e inclusão social.
Na chegada de Draghi à sede da Universidade Romana, um grupo de estudantes protestou contra a política de austeridade que está sendo imposta pela União Europeia e distribuiu falsas notas de 50 euros com os dizeres "Não à austeridade, não ao BCE".
"As medidas extraordinárias adotadas pelo BCE nos permitiram ganhar tempo, defendendo a funcionalidade da política monetária e impedindo um colapso dos mercados bancários", disse Draghi, o que geraria, segundo ele, "consequências muito duras" para o trabalho e para a produtividade no velho continente.

ml/js/wm

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Ao Planalto, deputados criticam proposta de Guedes e veem drible no teto com mudança no Fundeb Governo quer que parte do aumento na participação da União no Fundeb seja destinada à transferência direta de renda para famílias pobres

Para ajudar a educação, Políticos e quem recebe salários altos irão doar 30% do soldo que recebem mensalmente, até o Governo Federal ter f...