Atualizado:
25/05/2012 07:03
Homem de confiança de Cachoeira complica Perillo
Em depoimento lido à CPI do Cachoeira, o ex-vereador de Goiânia
Wladimir Garcez complicou nesta quinta o governador de Goiás, Marconi Perillo
(PSDB), ao apresentar versão diferente da do tucano para a venda de uma casa no
condomínio Alphaville, em Goiânia. Preso na Operação Monte Carlo, da PF, Garcez
disse que ele mesmo comprou a casa de Perillo, providenciando e entregando três
cheques a Lúcio Fiúza, assessor do governador.
Em declarações anteriores, o tucano disse ter negociado a casa
com o empresário Walter Paulo, dono da Faculdade Padrão, e que Garcez teria sido
apenas intermediário. Em 20 minutos, Garcez, que se negou a responder às
perguntas dos parlamentares, contou que Perillo lhe disse estar vendendo a
mansão e aceitou receber R$ 1,4 milhão. 'Comprei a casa e pedi um prazo', disse.
'O pagamento ocorreu depois.'
Cheques
Interessado, mas sem dinheiro, Garcez chegou a oferecê-la a
Walter Paulo, que disse que só poderia arcar com o negócio meses depois. Com
isso, Garcez recorreu a Cachoeira e ao ex-diretor-geral da Delta Construções no
Centro-Oeste Cláudio Abreu, que forneceu os três cheques para ele quitar a
mansão. 'Pedi ao Cláudio, meu patrão, e ao Carlinhos que me emprestassem o
valor, para eu repassar ao governador. O Cláudio me deu 3 cheques, um de R$ 500
mil, outro de R$ 500 mil e outro de R$ 400 mil, para março, abril e maio', disse
Garcez. Conforme o delegado da PF Matheus Mella Rodrigues, os cheques eram de
Leonardo Almeida Ramos, sobrinho de Cachoeira, que seria o real comprador.
Roupas infantis
Após o depoimento, no entanto, o advogado de Garcez, Ney Moura
Teles, os cheques eram da Babioli, empresa de roupas infantis em Anápolis (GO).
A confecção é de José Vieira Gomide Júnior e Rosane Aparecida Puglise da Costa.
Ambos são citados no relatório 04/2011 da PF. Perillo diz que não se ateve, à
época, a quem emitiu os cheques. Em 29 de fevereiro deste ano, Cachoeira foi
preso na casa, onde vivia com a mulher, Andressa Mendonça.
O ex-vereador explicou que seu objetivo era ficar com o imóvel
ou passá-lo adiante. Como não conseguiu vendê-lo com lucro ou comprá-lo, começou
a ser pressionado por Abreu para devolver o empréstimo. 'Com medo de perder o
emprego, resolvi procurar o professor Walter. Eu a vendi pelo mesmo valor de
R$1,4 milhão. Recebi em dinheiro e repassei ao Cláudio, quitando, assim, a
dívida dos três cheques.' O ex-vereador disse ter recebido de Walter Paulo R$
100 mil de comissão pela venda e negou que o empresário tenha participado da
transação apenas para ocultar a compra por Cachoeira.
'Dizem por aí que o professor Walter seria ?laranja? do
Carlinhos. Muitos políticos goianos, pessoas em Goiânia, sabem que o professor é
dono de uma universidade e de vários imóveis, e uma das pessoas mais ricas de
Goiás. Daria para comprar dez, 15, 20 vezes Carlinhos e a própria Delta.'
Garcez relatou que pediu ao empresário que emprestasse a mansão
a Andressa, recém-separada, até que uma casa no mesmo condomínio fosse
reformada. Depois disso, Andressa passou a viver com Cachoeira, que mudou para a
mansão de Perillo. O governador negou, por meio de sua assessoria, contradição
entre sua versão e a de Garcez. Segundo ele, a venda foi feita, de fato, a
Walter Paulo. 'Garcez queria comprar a casa e não conseguiu reunir o dinheiro. O
imóvel, então, foi vendido a Walter Paulo.'
Procurado pela reportagem, Walter Paulo não foi localizado,
mas a assessoria de Perillo divulgou documento, entregue ontem pelo empresário à
CPI, no qual explica que foi procurado por Garcez em fevereiro de 2011 e
manifestou interesse em comprar a mansão, pagando em julho. Ele disse que nunca
esteve em contato com Perillo, tendo todo o acerto sido feito por Garcez. No
início deste mês, o Estado revelou que a mansão foi posta em nome da Mestra
Administração e Participações, que não tinha Paulo como sócio, mas supostos
laranjas, ligados à Faculdade Padrão.
No documento entregue ontem à CPI, o empresário informou ser
conselheiro administrativo da empresa e que o negócio foi proposto por ele aos
donos, a título de investimento, com a perspectiva de transferência futura a uma
de suas filhas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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